Pela ótica da produção brasileira, os maiores estímulos para o crescimento da atividade econômica vieram dos serviços e da indústria.
Dentro dos dois setores, três atividades se destacaram: o comércio (com alta de 3,8%), a indústria de transformação (também de 3,8%) e as outras atividades de serviço (5,3%). Juntas, essas três atividades econômicas foram responsáveis por cerca de metade do crescimento do PIB em 2024, segundo Rebeca Palis.
Houve desaceleração no último trimestre de 2004, que indica início de 2025 modesto em crescimento. Haddad anda falando em priorizar o combate à inflação e menor PIB, mas temos um segundo semestre inteiro por cumprir; de fato o primeiro semestre deve ser mais parado. A fala do ministro também deve ser entendida pelo momento, quando o BC ainda tem mais uma tarefa árdua por cumprir e aumentar a Selic, talvez pela última vez, dependendo da confusão de Trump não criar entraves internacionais graves no câmbio.
Nosso roteiro esta traçado, inflação foi o que derrotou Biden nos EUA, apesar de indicadores de emprego e PIB positivos, e deve nos servir de exemplo.
Observando a perplexidade dos comentaristas, todos pegos de surpresa com a mini reforma ministerial, que até agora parece mais uma reforma do PT dentro do governo.
É possível imaginar que mais mudanças ocorram, mas a surpresa parece ter atingido tanto aliados quanto adversários, todos agora fazendo suas contas.
Aquilo que foi anunciado como uma reforma para acomodar aliados e fortalecer relacionamentos políticos – sobretudo com a base parlamentar, frequentemente vista como frágil e ameaçadora, apesar de ter aprovado tudo o que o governo quis – nem de longe se concretizou.
Ao contrário, o que vemos são nomeações de nomes fortes para posições relevantes e decisivas, indicando não uma acomodação ou conchavos, mas sim uma postura de força. É como se Lula traçasse uma linha e desafiasse todos a escolherem de que lado ficar.
A oposição, que a menos de dois anos da eleição ainda não tem candidato, se encontra em posição frágil. Lula e o PT já passaram por essa situação e sabem onde isso leva. Por isso, assumem uma posição clara e agora cada um que responda aos seus objetivos e aguarde os resultados.
2025 não aponta para um ano de grande crescimento econômico, mas sim para ajustes inflacionários e fiscais, acumulando forças para um 2026 mais dinâmico, com foco na eleição.
A queda da popularidade é natural e acontece com todos ao final do segundo ano de governo. Já atingiu aliados do PT, e agora cada um vai, aos poucos, olhar para a frente e optar pela realidade diante de si.
Se começamos este período sob ameaça de um semipresidencialismo e com o Congresso rosnando, entramos na segunda metade do mandato com a bancada evangélica elegendo líderes que pregam pacificação e diálogo.
Quem ainda vê o Congresso como inimigo do governo não está entendendo nada. Afinal, eles também precisam sobreviver, fortalecer suas bancadas, e a aposta no extremismo se torna cada vez mais arriscada.
Os resultados econômicos só produzem efeitos claros quando acumulam alguns anos. Avançar 3% ao ano durante 4 ou 5 anos e, então, todos perceberão a diferença. Nem todos atribuem os méritos ao governo, nem todos colhem os mesmos benefícios, mas o progresso funciona para a maioria e está acontecendo novamente.
Daqui a alguns meses, seremos todos chamados a renovar a escolha do nosso governo, de nossos representantes nos legislativos e governadores. E a turma que trabalha em Brasília não faz, nem pensa, em outra coisa a partir de agora. O presidente mostrou seu lado e aguarda a escolha.
Façamos a nossa.
Outro ponto marcante dessa mini reforma é seu apelo eleitoral, indo além do próprio Lula e fortalecendo nomes para a disputa de 2026.
O adjetivo é provocação, e a inspiração para o acintoso ataque veio do indefectível Eduardo Bolsonaro e o trumpismo barra pesada. A lei sugere ataques a liberdade de expressão em plataformas sociais sediadas nos eua na tentativas de calar indivíduos .
Imagino que o indivíduo seja aquele foragido danjustica, Alan dos Santos, e a liberdade de mentir e falsificar versões e fatos o que pretendem assegurar.
Lei ainda não é e imagino que nunca será, assim como no Brasil passa nessas comissões de araque , depois plenário, senado até a sanção do presidente. Mas servem para isso aí, e serviu para a embaixada dos eua emitir nota onde o nome do Brasil é citado como exemplo do que eles não querem .
Foi dada a largada na reforma ministerial com a saída de Nísia da Saúde, substituída por Padilha, que deixa a articulação política no Ministério das Relações Institucionais. Esse ministério, por sua vez, deve ser assumido por alguém do MDB ou do Republicanos.
Uma aguardada mudança também ocorre na Secretaria-Geral: sai Macedo e entra Gleisi, com dois propósitos claros: filtrar o acesso ao presidente dentro do governo e limitar o poder do Centrão – que, por ora, deve se contentar com as emendas bilionárias – enquanto aciona as turbinas para 2026.
Aliás, a presença do MDB e do Republicanos não tem outro motivo senão preparar a chapa para a batalha eleitoral de 2026.
A presidência do PT ficará vaga. Gleisi tem mandato até junho, mas a definição deve ocorrer antes, com Edinho Silva e Guimarães disputando a vaga. Edinho parece ser o preferido de Lula, mas Guimarães demonstra mais apetite.
Não sei se a reforma ministerial passará disso. Embora pareça pouco, a articulação política sofrerá mudanças significativas. O tempo dirá se funcionará, mas me parece que sim, pois vem sendo conduzida com cuidado.
Os nomes de Pacheco e Lira, que andaram em alta nas especulações, sumiram da pauta. Pacheco deve disputar o governo de Minas, enquanto Lira caminha para o Senado. No entanto, Pacheco já se posiciona como aliado na reeleição de Lula, enquanto Lira ainda está em cima do muro.
OBS.: Não deixe de comentar e curtir os posts, se for o caso.
Se de fato não adianta reclamar de resultados ruins e da queda na aprovação do governo Lula, também é verdade que ele ficou ausente da arena pública por semanas devido à sua queda. Nesse período, a oposição conseguiu emplacar a fake news do Pix – algo que talvez nem tivesse ganhado força se Lula estivesse disponível para responder.
Sim, o preço dos alimentos está alto. A subida do dólar agravou o problema – que começa a ser minimizado – e tivemos dificuldades por motivos distintos com azeite, suco de laranja, café e derivados do leite. Alguns sem razão convincente, outros por seca, outros por mudanças climáticas, e todos por especulação da turma barra-pesada do comércio.
Agora, uma nova explicação para a queda da aprovação do governo surgiu por parte de Marcos Coimbra. Ele percebe uma insatisfação maior vinda da esquerda politizada, muito mais do que das camadas populares da base, que – segundo ele – nem costumam dar entrevistas nessa época, distante das eleições, e não se interessam tanto pelo debate político em seus detalhes.
De qualquer forma, a expectativa é de recuperação dos índices de aprovação nas próximas semanas. Até onde isso irá, só saberemos com o tempo.
E vale lembrar: o cálculo eleitoral é diferente dos níveis de aprovação. Com pouco mais de 30%, elege-se um presidente em praticamente todos os países do mundo – incluindo o nosso.
OBS.: Não deixe de comentar e curtir os posts, se for o caso.
O IPCA-15 de fevereiro veio acima de 1,3%. Apesar de ficar abaixo dos 1,5% previstos, o acumulado anual chega a 5%, mantendo a pressão inflacionária. O Banco Central, sem imaginação e preso à meta de 3% ao ano, deve subir a taxa Selic em mais 1% em março, conforme o roteiro traçado pelo bolsonarista Campos Neto – que ainda não conseguimos superar.
É um desastre ferroviário completo: torna a dívida pública insustentável, alimenta o discurso de mais cortes nos investimentos e desacelera a economia.
Apesar das consequências tão nefastas quanto previsíveis, o presidente Lula segue afirmando que o crescimento será superior a 3% em 2025, contrariando todas as previsões e cenários.
Mas a opinião do presidente não pode ser negligenciada. Isso sugere que algo está se movendo por baixo da superfície, além do investimento estatal. Talvez a economia tenha conseguido superar sua inércia e esteja começando a crescer sem tanta necessidade de estímulos públicos. Se for o caso, uma contração no investimento estatal pode ajudar a superar entraves fiscais e colaborar para a redução dos juros.
Sempre lembro que, para quem vive no Brasil, a Selic quase não significa nada. Estamos acostumados a trabalhar com taxas acima de 20% nos negócios – dinheiro para investimento nunca foi barato por aqui.
Existe uma corrente especulativa que se alimenta desses juros altos, mas o movimento de queda do dólar pode ajudar a amenizar a inflação. Esse parece ser o objetivo do governo e do Banco Central para 2025.
Nesse cenário, a aposta se desloca para o setor privado, que Lula parece acreditar estar disposto a sustentar o crescimento em 2025. Sim, com ajuda da Petrobras, dos Correios e até da Vale, que já começa a ser cobrada a contribuir mais para o desenvolvimento do país.
Até aqui, tudo certo. Agora, resta esperar para ver se a aposta está correta.
O apostador em questão não costuma perder.
OBS.: Não deixe de comentar e curtir os posts, se for o caso.
Não queria, mas acabei entrando nesse assunto para dizer que não devemos entrar nessa.
Que diferença faz a estratégia da defesa a essa altura do campeonato?
A única coisa interessante será quando começarem a jogar a culpa uns nos outros – e isso já está acontecendo.
Quanto a pedir mais prazos, desqualificar os ministros indicados por Lula, dar declarações que parecem confissões, chamar o Trump etc., tanto faz. O caminho já está traçado, e agora é só aguardar o desfecho, que não tarda.
Quanto mais áudios, confissões e delações premiadas, melhor.
Se chegar a hora de responsabilizar os políticos envolvidos no golpe, ótimo.
Quem financiou e apostou no golpe precisa ser identificado e punido.
Agora, o que a defesa faz ou deixa de fazer, convenhamos, não é assunto para acompanhar – porque isso é entrar no jogo do inimigo.
Foram apanhados com o butim na mão. Que aguentem as consequências.
OBS.: Não deixe de comentar e curtir os posts, se for o caso.
Também na Alemanha — um país emblemático — a extrema direita colheu bons resultados na eleição do último final de semana. Assim como em Portugal, Espanha e França, cresce em presença no parlamento, sem obter a vitória numérica. Depois, acaba isolada na composição do governo, ficando de fora do poder executivo.
Na Alemanha, há um ponto específico: a maioria dos votos dos extremistas vem da região da antiga Alemanha Oriental, revelando que a divisão no país ainda persiste. A campanha da extrema direita segue o mesmo discurso dos vizinhos, com xenofobia e ódio a imigrantes.
A crise do aumento do custo do gás, devido ao boicote às importações da Rússia, afetou toda a Europa, mas teve impacto especial na Alemanha — o maior polo industrial e o mais dependente de energia. O novo chanceler parece disposto a corrigir o rumo, e o retorno do gás russo, impulsionado pela reabilitação de Putin trazida por Trump, pode baratear os custos industriais cruciais.
O inimigo da vez é a China, e romper a atual simbiose entre Rússia e China é o objetivo declarado dos EUA. A Europa pode acabar embarcando nessa, ainda que a contragosto.
A guerra na Ucrânia, que parece avançar para uma solução, mostrará para onde as forças econômicas irão se mover.
Nas Américas, o discurso extremista voltou a crescer, recuperando parte do espaço perdido após o fracasso das ditaduras no Sul e no Centro. Mas a disputa segue acirrada.
Agora em abril, teremos o segundo turno no Equador, e o Correísmo segue com chances de vitória contra o atual presidente, Noboa. Ele, que foi um dos ícones extremistas recentes, vê sua reeleição ameaçada. Ninguém consegue uma vitória folgada em lugar nenhum, com diferenças menores de 3% na maioria dos países. A exceção é a Argentina, onde Milei venceu com folga, mas agora segue com muita retórica, afundando a economia do país enquanto recebe elogios mundiais.
Nos EUA, dizem que Trump está recuando de todas as suas promessas. Alguém comparou os primeiros meses do governo Trump com o mesmo período de Biden e revelou que o número de deportados de Biden foi o dobro.
Quanto à guerra comercial, Trump segue com ameaças para todos os lados. Certamente, colherá inflação. O dólar segue desvalorizando no mundo, e os resultados só serão conhecidos no médio prazo — isso se os norte-americanos engolirem a inflação, o que é improvável.
Aqui no Brasil, o STF posicionou o ex-presidente na mira. A denúncia da PGR enterrou todas as falsas esperanças de anistia.
A cada novo vazamento de áudio, fica mais clara a ação dos militares aliados ao bolsonarismo para destruir a democracia. Ainda faltam os políticos que participaram da intentona golpista.
Enquanto isso, os “herdeiros” do bolsonarismo não conseguem se firmar e dispersam cada vez mais os votos do ex-presidente. Pode chegar ao ponto — e já ouvimos isso — de que um sobrenome Bolsonaro será a única forma de manter parte do eleitorado. Vêm para perder, mas seguem fazendo bancadas federais.
O resultado é imprevisível no momento, mas arrisco pensar em queda e votos cada vez mais dispersos entre os candidatos da direita.
Não tenho dúvidas da candidatura de Lula, e também de sua vitória, apertada, seja contra quem for. A questão central será formar bancadas no Congresso e enfrentar, a partir de 2030, mais uma tentativa de emplacar o semipresidencialismo.
Assunto para depois de 2030, entretanto.
Então é isso. Os extremistas continuam ciscando no terreiro, de onde nunca saíram. Eventualmente vencem, fazem governos ruins e perdem em seguida.
O que queria destacar é que, apesar da retórica cada vez mais furiosa, eles ainda disputam as eleições democraticamente.
Sim, usam mentiras e muita gritaria. Mas ganham e perdem como qualquer outra força política. Entram e saem, aceitando as escolhas do eleitorado.
Se continuarem assim, logo ninguém mais vai chamá-los de extremistas. Vamos nos vacinando contra as fake news, nossos ouvidos se acostumando com a retórica vazia, e seguimos disputando eleições, ganhando e perdendo.
Golpe? É desejo dessa turma autoritária, mas cada vez mais distante e improvável.
Seguir.
OBS.: Não deixe de comentar e curtir os posts, se for o caso.
Foram 1.200 aparelhos eletrônicos confiscados, milhões de mensagens e áudios analisados.
Pelos primeiros vazamentos, fica claro que o braço militar foi o que mais acreditou na fanfarronice bolsonarista. Em certo momento, perceberam até que deveriam seguir sem o falso messias.
Não seguiram porque estavam desacompanhados, desarticulados, acovardados — e alucinados.
O falso chefe fazia que ia, mas sempre suspeitamos que não. Cercou-se de militares que acreditavam na ideia mais do que nele, mas que compartilhavam da mesma covardia. Apesar de armas e homens, recuaram.
Ninguém duvida que, dentro das Forças Armadas, a maioria seguiria satisfeita um levante para assumir o poder. O que fazer com ele depois, como a história nos mostra, seria outro problema — e por isso a cúpula militar hesitou. O peso do fracasso de 1964 e dos crimes cometidos ainda assombrava alguns, que, na hora de decidir, não tiveram coragem.
Os civis eram ainda piores. Chamados e tratados como malucos e abobalhados, ocupavam a frente dos quartéis para criar uma ilusão de apoio ao golpe. A própria PGR, em sua denúncia, classificou tudo isso como “manifestações falsas”.
Se não enganaram ninguém antes e continuam não enganando, devemos seguir na denúncia e exigir que todos os envolvidos sejam responsabilizados. Precisamos dos nomes dos financiadores e dos políticos golpistas.
Há muita gente ainda para aparecer e receber o devido tratamento.
Não por revanche. Não por vingança.
Os chefes do golpe tinham plena consciência da impunidade de 1964 e de como escaparam depois de tantos crimes cometidos. Para eles, o risco era enorme justamente por causa da história e dos que resistiram.
Agora, devem pagar, para que possamos, enfim, virar essa página.
Na falta de assunto – ou preguiça de procurar – estamos sendo inundados com
declarações de acusados, advogados, seguidores, puxa sacos e mais infinidade de outros, salientando aspectos, opiniões, palpites e estratégias dos acusados.
Verdade que cabe a eles tentarem de tudo, sem abusar da nossa paciência. E, no caso em questão: tentativa de golpe seguida de assassinatos, Ninguém precisa especular as decisões do STF que estão indo para o forno : cadeia, muitos e muitos anos.
Até porque, entre os principais alvos, constavam juízes da corte, que ou cumprem bem sua obrigação e resolvem a parada de vez ou num segundo momento, e a depender da vontade dos acusados – pessoas perigosíssimas – qualquer brecha, falha ou negligência pode gerar oportunidade de retorno e os piores temores podem se confirmar.
Então, cadeia e jogar a chave fora. Tudo nos conformes, seguindo e cumprindo os trâmites, mas sem bobear.
E, por favor , nos poupando dos esperneios e detalhes toscos de defesas impossíveis.