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Blog do Franco

  • Próximos passos.

    novembro 5th, 2025

    Poucas semanas atrás, o PP e o União Brasil anunciaram a criação de sua federação, visando à disputa eleitoral em 2026. De início, exigiram a entrega de todos os cargos federais indicados por seus integrantes, inclusive ministérios.

    O primeiro sinal de que a coisa não se resolveria na cúpula veio dos próprios ministros de ambos os partidos, negando a intenção de entregar seus respectivos ministérios, o que obrigou a nova federação a uma posição mais contundente, ameaçando todos de expulsão.

    Não só ninguém foi expulso até agora, como a própria existência da recém-formada federação está ameaçada por divisões internas provocadas por interesses divergentes de senadores e deputados empenhados em reeleição.

    Como tenho apontado aqui, de Minas Gerais para cima fazer oposição ao governo Lula vai exigir desempenho excepcional para conquistar alguma coisa.

    Mais: a crescente popularidade do presidente e de seu governo começa a transbordar para o Sudeste e o Sul, obrigando a todos fazerem e refazerem contas para o pleito vizinho.

    A Federação União-PP escancara uma estratégia do centro para se livrar da sombra bolsonarista, sem abrir mão das pautas do futuro presidiário — condenado ele já é. A meu ver, uma tentativa válida, mas esqueceram de prever a resistência dos extremistas quanto à manobra.

    Reação que veio com a chacina no Rio — a princípio uma loucura com múltiplas intenções, mas sobretudo eleitoral por parte do governador Castro, candidato até então fraco para uma das duas vagas em disputa para o Senado.

    Há quem diga que ele continua fraco, apesar de tudo.

    Fraco ou não, a verdade é que a chacina uniu o discurso bolsonarista e ameaça a direita e o centro mais uma vez, porque lhes nega os espaços que tentavam conquistar.

    Perceba: não se trata exatamente do Bolsonaro, mas do bolsonarismo sem Bolsonaro em disputa, porque percebem ainda restar fôlego no eleitor do ex-mito.

    Fôlego mais curto, bem entendido, porque na semana tivemos alguns exemplos de como as coisas andam mudando na expectativa de poder no Congresso. A eleição de Contarato, do PT, para presidir a CPI da Segurança Pública e o adiamento da votação na Câmara do projeto que pretende enquadrar traficantes como terroristas — coisa da direita trumpista internacional, dirigida à América do Sul — mostram a força crescente do governo.

    Lembrando que, recentemente, a ministra Gleisi promoveu um ajuste de indicados a cargos federais, mais na base da conversa do que fazendo demissões e admissões. Pode estar aí também um acerto de bastidores que precisaremos confirmar nas próximas votações na Câmara e no Senado. Pode ser que alguma coisa tenha sido melhor acertada e as próximas votações irão mostrar até onde a recomposição da base no Congresso foi efetiva.

    Cometi o pecado de colocar Arthur Lira ilustrando o post, mas é mais um exemplo de como um deputado todo-poderoso não tem nada para exibir quando postula uma nova eleição além de um projeto do governo, como realização máxima pessoal — a quem ameaçou tantas e tantas vezes.

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  • O STF e a Chacina.

    novembro 4th, 2025

    A história começa com a apresentação, pelo governo do estado do Rio de Janeiro, de um “plano de redução de letalidade policial”, que foi proposto ao STF e parcialmente homologado.

    Abaixo, vou deixar o link com a última decisão do ministro Moraes — substituindo Barroso, aposentado, provisoriamente até que se indique o novo ministro —, onde os questionamentos sobre a operação são encaminhados às autoridades envolvidas na ação que culminou na morte de dezenas de pessoas, inclusive policiais.

    Quanto aos desdobramentos da presença do STF nesse crime, é importante observar a impossibilidade, por parte do tribunal, de aceitar um desfecho de tamanhas consequências em vidas humanas a partir da negligência de uma “arguição de descumprimento de preceito fundamental”, ou ADPF, como é chamada, do governo do estado do Rio e suas forças de segurança.

    Tratamos das possibilidades e dos interesses envolvidos na operação em posts anteriores. Surgiu agora mais um vídeo mostrando o atual governador do estado em uma reunião com representantes dos EUA, onde ele apresenta pedido de enquadramento dos grupos criminosos, tipo PCC e CV, na nova política de Trump de considerá-los grupos terroristas.

    Então estamos diante de mais um indício do tipo de planejamento a que o governador se refere quando diz que foi realizado.

    Agora tentam votar na Câmara o enquadramento dos grupos criminosos como terroristas, nessa nova ofensiva da direita mundial — embora duvide de efeitos práticos, senão retóricos e eleitoreiros.

    Mas cheguei até aqui porque Moraes iniciou a participação do STF na apuração dos crimes de maneira cautelosa, para dizer o mínimo. Chamar reunião com os prováveis acusados para apresentarem justificativas antes das investigações não me pareceu a melhor abordagem. Talvez para mostrar pressa ou presença do STF no trauma — o que, em todos os sentidos, não deveria ser o papel do tribunal.

    Importa afirmar a expectativa de uma apuração importante, porque, se não foi bem encaminhada de início, com reuniões, no despacho o ministro Moraes deixa claro as omissões graves da operação — e isso ainda sem entrar nos crimes que estão por serem apurados.

    Em hipótese nenhuma a Justiça pode chancelar mais um crime hediondo cometido por autoridades, sejam quais forem os motivos. A defesa e a segurança das pessoas não podem passar por assassinatos — e, mais uma vez, o Brasil tem a oportunidade de deixar isso bem claro.

    E as pesquisas de opinião indicam que a maioria está disposta e entende assim: repressão com inteligência, sufoco financeiro nos grupos criminosos e operações sem mortes desnecessárias.

    É o caminho.

    Perceba que o papel do governo federal é de apoio a iniciativas na legislação — exatamente o que tentam fazer há tempos, com enorme resistência da bancada de direita. A apuração de crimes não compete ao governo, nem a repressão. Quando cobramos soluções e culpamos envolvidos, é importante ter claro a responsabilidade de cada poder, suas obrigações e limitações.

    Link STF : https://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=15381819819&ext=.pdf

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  • Bolsonarismo sem Bolsonaro se apresenta.

    novembro 3rd, 2025

    Temos insistido que a chacina no Rio de Janeiro foi uma iniciativa do governador Cláudio Castro para promoção própria, talvez apropriada pela milícia interessada no território dominado pelo tráfico e usando métodos bolsonaristas de violência, intimidação e terror para impor sua pauta. A repercussão causada pelas mortes obrigou mudar o rumo e nacionalizar a crise que eles mesmos provocaram, reintroduzindo o bolsonarismo extremado como opção de escolha eleitoral.

    Porque ele andava por aí com seus líderes desmotivados e cabisbaixos, esperando a hora de tomar a coroa do rei a caminho da cadeia.

    A iniciativa dos governadores deve ser lida nesse objetivo: assumir a herança bolsonarista sem a presença do sobrenome, que perceberam a manobra e chiaram.

    Fatos se precipitam quando o fim de um ciclo se define.

    Estamos vivendo um certo silêncio no aguardo dos desdobramentos da violência, porque, se foi uma manobra eleitoral bolsonarista e que repercute em reacender certas escolhas adormecidas, por outro lado, por sua violência, pode precipitar decisões na Justiça e sepultar candidaturas envolvidas nesse crime hediondo.

    A reação institucional está presente. Aos poucos, os fatos criminosos vão se revelando e uma investigação vai esclarecer as motivações e os objetivos da operação. E se o governo federal move-se cautelosamente, é porque, em conjunto com a PF e o STF, vai conduzindo a resposta institucional sem entrar no clima de guerra que interessaria ao extremismo, para fazer valer a lógica de que estamos enfrentando terroristas ou coisas semelhantes. E não pode deixar a impressão de que não prioriza o combate ao crime, porque aí está o núcleo do discurso da direita e como fazem uso dessas chacinas para a política.

    A semana deve trazer muitas respostas a tudo o que ocorreu, porque a verdade não vai ficar escondida diante de uma ação bárbara e criminosa dessa monta.

    O Brasil não merece essa gente, e vamos, aos poucos, nos livrando deles. A esse custo, sim, altíssimo. Mas sem permitir retorno, sabendo que, além desse crime, muitos outros estão sendo preparados e devem ser enfrentados com coragem e princípios.

    Nunca foi fácil.

    Mas vai valer a pena.

    O bolsonarismo sem Bolsonaro se mostra tão perigoso quanto o anterior.

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  • A direita reposiciona a campanha eleitoral de 2026 com a chacina.

    novembro 2nd, 2025

    Uma breve retrospectiva :

    “Nos anos 1990, José Guilherme Godinho, o Sivuca, foi eleito deputado estadual pelo Rio de Janeiro sob o lema “bandido bom é bandido morto”. Três décadas antes, ele havia sido um dos integrantes da Scuderie Le Cocq, grupo de extermínio que deu origem às milícias.

    Em 2018, Wilson Witzel, então no PSC, venceu o pleito para o Governo do Rio tendo a segurança pública como prioridade. Ele resumiu seu projeto de enfrentamento ao crime dizendo que as polícias deveriam “mirar na cabecinha e… fogo”. No mesmo ano, Bolsonaro fez sua campanha à Presidência calcada no discurso militarista e passou a utilizar o bordão “CPF cancelado”.

    A postura, portanto, não agrada somente ao eleitor fluminense. Em São Paulo, Coronel Ubiratan, que conduziu o Massacre do Carandiru em 1992, tornou-se deputado estadual, tendo como número nas urnas o número de mortos na chacina: 111.”

    Antes de ocorrer a chacina no Rio de Janeiro, alguns nomes da direita haviam manifestado seus objetivos e pautas para a disputa eleitoral de 2026: a segurança e o déficit fiscal.

    Sobre o déficit fiscal, procurariam atingir o sucesso da política econômica do governo — salários, empregos e inflação — com ataques ao crescente (embora administrável e no radar das decisões orçamentárias corretas) aumento da dívida pública, inteiramente provocada pelos juros, que por sua vez estão altos para segurar o câmbio e a inflação. Uma operação clássica da política econômica: juros altos para combater a inflação. Mas, com o governo Lula — e só com ele —, a recessão não atinge o Brasil por conta de outras iniciativas, como investimentos públicos e privados, obras do PAC, valorização do SUS, da Educação etc., todos os programas sociais que mantêm o emprego e a atividade econômica. Sem deixar de pressionar a inflação, mas mantendo-a sob roteiro previsível e em queda, na direção do topo da meta ainda em 2025, como estamos vendo.

    Tudo isso impede a direita de avançar nessa seara, até para evitar comparações com o período anterior, de absoluto descontrole e falta de rumos, com a economia nas mãos de Guedes e Campos Neto — sem falar no ministério bolsonarista, que parecia uma festa de Halloween.

    A crescente aprovação do presidente Lula estava deixando a direita sem candidato, com Tarcísio, que a princípio esperava a unção do ex-chefe para disparar sua campanha, me parecendo sem disposição atualmente para seguir arriscando sua suposta liderança e se reeleger em SP. Mesmo na hipótese de receber apoio, não garante mais posição favorável para vencer uma disputa com Lula no próximo ano.

    Tudo isso sabemos. E, ao aproveitar a comoção provocada pela chacina e seu escândalo, a direita percebe a polarização crescer no país. O governador Castro, autor do crime, tem sua aprovação crescer ao mesmo tempo que sua desaprovação — ou seja, na direção da polarização —, o que obriga os grupos e partidos de centro a buscarem proximidade. Esvaziam-se as tentativas desse centro e a base do antipetismo reagrupado na extrema direita.

    Resumindo: o centro político mais uma vez tende a se esvaziar, e a esquerda vai enfrentar a extrema direita em 2026.

    O que se diz é exatamente isso: que a direita já está reposicionando suas campanhas para enfatizar segurança pública e atrair votos nessa direção, buscando minimizar os ganhos sociais e econômicos onde o governo obtém sucesso.

    Quando me lembro de candidatos desconhecidos invadindo hospitais durante a epidemia de Covid para falsas denúncias e escândalos somente para atrair atenção — e muitos deles foram eleitos assim —, e que estavam se afastando desse estilo para seguirem suas carreiras políticas, imagino essa turma se alinhando novamente ao recente desastre humano promovido pela chacina e vendo aí mais uma oportunidade de fazer a demagogia vencer.

    Não vi ainda pesquisas de opinião sobre os efeitos na aprovação do governo federal no episódio; me parece efeito mínimo, se algum houve. É verdade que, de início, uma onda de críticas começou a ocorrer, seguindo a fala mentirosa do governador do Rio, Castro, quando afirmou ter sido abandonado pelo governo federal, a quem teria pedido ajuda. No que foi prontamente desmentido, as manifestações de apoio ou críticas voltaram a espelhar a atual divisão polarizada — com a diferença de que o bolsonarismo, ou o pós-bolsonarismo, encontrou uma bandeira.

    Enquanto os mortos são rapidamente esquecidos, a política assume a direção — e vamos ver o que vem por aí.

    Aprovação de novas leis, consórcios oportunistas, CPIs para atrair eleitores.

    O combo completo para tudo permanecer no mesmo.

    Para a disputa presidencial, não vejo mudanças. Aqui e ali alguns nomes estão sendo reforçados; a opinião pública, ao mesmo tempo que apoia a repressão, mostra que entende não ser a melhor solução, sem antecipar nessa ambiguidade posições definidas.

    Exatamente para isso servem as campanhas e o momento do voto: definir posições.

    Então, vamos aguardar para saber — sem sustos, sem temores exagerados, lúcidos e acreditando no melhor projeto: inclusivo, humano e de combate à pobreza com distribuição de renda.

    Sem esquecer de defender a população dos criminosos e bandidos — inclusive aqueles que mais lucram com a violência e o tráfico: milicianos e chefões que não moram nas favelas.

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  • Desisti do golpe!

    novembro 1st, 2025

    De forma resumida, foi exatamente esse o inteiro teor da defesa de Bolsonaro – que ele desistiu de dar o golpe -ao entrar com recurso contra as condenações no processo dos golpistas.

    É importante ressaltar que defesas técnicas, sobretudo em processos criminais, não seguem a lógica e a intenção do acusado. As defesas se desdobram em iniciativas para evitar a prisão e, quando sem saídas, apelam para teses desesperadas.

    Assim deve ser lido esse “assumir de culpa”. Para Bolsonaro, isso não é, nem de longe, seu pensamento — muito menos o de seus eleitores. Mas, se por um lado mostra a falta de saídas para suas defesas, por outro escancara o desespero diante da prisão iminente.

    Moraes deu como cumprida a pena de Cid, e ele já está em liberdade. O ajudante de ordens, que caminhava para o generalato e o comando do mais importante batalhão nacional, é agora um pária, traidor, e jogou sua carreira militar na lama.

    A família Bolsonaro deve seguir, nas próximas semanas, o destino do patriarca. Eduardo em breve será condenado; Renan está no mesmo rumo; e Flávio só anda livre porque, em algum momento do governo do pai, conseguiu segurar condenação certa.

    Generais e demais seguidores do golpismo, todos condenados, e a direita, sem candidato e sem rumo, tenta — ainda dividida — sair das cordas promovendo e apoiando chacinas.

    Acho improvável que consigam sair do nicho onde sobrevivem.

    A recente tentativa dos governadores de direita de sair da defensiva, usando o apoio à chacina no Rio como base, mostra a dificuldade do grupo por novas e velhas razões. A novidade é tentar fazer uma frente excluindo o bolsonarismo, mas reafirmando bandeiras do ex-chefe, como a aniquilação física de indesejados. A reação do filho Carlos repete o padrão da familícia no trato de seus interesses: não aceitam ver suas pautas nas mãos de terceiros e, no fim das contas, as iniciativas da oposição de direita de firmar frentes contra o governo Lula acabam por dividir ainda mais o próprio grupo.

    Que sigam assim, divididos e sem saída.

    Porque essa chacina vai sair cara para o governador Castro, do Rio. Aguardem: são muitos os crimes cometidos, e alguém vai ser responsabilizado.

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  • As primeiras vítimas da batalha eleitoral.

    outubro 31st, 2025

    Correu enormes riscos o governo Lula nesses dias, com a tentativa da direita de jogar para a esquerda o fracasso do enfrentamento ao crime, tentando encobrir seu ato criminoso de chacinas como uma atitude radical diante da omissão do Estado nacional.

    Processo ainda em curso e indefinido, mas até agora com as culpas divididas e com o governador Castro corretamente entendido como maior responsável, pela maioria da opinião pública.

    Muita gente na esquerda assustou-se e ainda anda assustada com essa reação extremista, que conta com devido apoio da imprensa oligopolista, ao não somente acolher a chacina como necessária, mas também como uma atitude natural diante dos desafios na segurança pública.

    Estamos ainda longe de uma clareza por parte da opinião pública, que, a se valer das interações das redes sociais, não compra a acusação de omissão do governo federal, nem atribui a responsabilidade do combate inteiramente ao governo Lula. As pessoas sabem que quem combate o crime é a polícia militar e civil de seus estados, assim como também sabem das limitações de todos nessa tarefa, inclusive as do PT e de Lula sobre a questão.

    Enquanto vamos decantando os terríveis fatos e a classe política reage com propostas de mais leis e endurecimento das penas atuais, os governadores da oposição fazem reuniões com intuito eleitoral e criação de consórcio entre estados, sem a presença do governo federal e buscando surfar na onda de indignação, enquanto se imaginam contrastando com posições de defesa dos direitos humanos, bandeira histórica da esquerda.

    As vítimas estão sendo jogadas para debaixo do tapete, o lugar sempre a elas reservado nessas discussões quando a comoção das tragédias exige respostas e, para evitá-las, se busca levar o debate para todos os lados, menos aquele onde as vidas importam.

    O governo federal busca preservar sua posição de relativa limitação institucional, ao mesmo tempo que enxerga na justiça e na apuração dos crimes uma resposta possível a ser preservada, porque a afronta dos criminosos, nesse segundo momento, se dirige a impedir que a justiça se imponha.

    A pauta da disputa de 2026 se desloca, nesse momento, da economia, da saúde e da educação para debates acalorados e demagógicos sobre segurança pública, como a direita precisava para sair do impasse da ausência de candidato e do crescimento da popularidade do governo Lula.

    Os efeitos sobre quem tem razão não saberemos no curto prazo. Uma nova frente de batalha está aberta, e as primeiras vítimas serão esquecidas o mais rápido possível, porque interessa aproveitar para interesses políticos e não resolver os reais problemas.

    Essa discussão se encaminha para 2026 e, na eleição, o eleitor vai escolher para onde renovamos nossos objetivos: seguir combatendo a miséria, a fonte de todas as violências, ou criminalizar a pobreza, como temos feito sempre, sem esperança de solução.

    A batalha de 2026 fez suas primeiras vítimas. Que nossas escolhas futuras não as deixem morrer em vão. Mesmo sendo bandidos ou não — provavelmente a maioria era —, mortes não resolvem nada e agravam a busca racional de saídas. A morte de policiais, um com apenas 40 dias após sua incorporação à PM, mostra como as vítimas estão espalhadas em todos os lados, sobretudo entre milhares de moradores de comunidades nos morros, na direção das balas assassinas.

    Não existe uma solução, mas existem princípios a serem preservados: a vida, as instituições e o combate racional ao crime.

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  • O Horror.

    outubro 29th, 2025

    Rio de Janeiro é palco das maiores atrocidades contra o pobre, porque, além dos abusos cotidianos, ocorrem operações criminosas das autoridades empenhadas não em combater o crime, mas em usar o crime como vitrine eleitoral.

    Todos nós conhecemos os nomes dos políticos envolvidos com a prática, que ocorre há décadas e se reproduz por sua eficácia a favor dos interessados.

    Começa pela cobertura midiática completamente incapaz de informar: não dizem nada sobre a operação, além de parvos detalhes triviais, tentando legitimar uma ação desastrosa como planejada. Não sabemos quantos dos supostos 100 mandados de prisão foram cumpridos, nem quem são as dezenas de presos.

    E os mortos? Eram os procurados? Tinham passagem no crime? Por que morreram?

    Imagine uma operação policial para prender 100 pessoas perigosas de uma só vez no meio de uma pequena cidade. Se isso faz algum sentido. Por que não usar a inteligência, como dizem ter sido organizada a operação, para prender aos poucos os bandidos? Qual a lógica de declarar guerra no meio de uma comunidade desarmada?

    O saldo até aqui foi pífio: 200 quilos de maconha e um número de fuzis inferior ao encontrado na mansão vizinha ao Bolsonaro, no condomínio Vivendas da Barra.

    O que se pretende é dragar o governo federal para uma disputa em um formato onde todos perdem, inaugurando a campanha eleitoral no Rio de Janeiro.

    O discurso da defesa dos bandidos e dos direitos humanos está armado de forma dramática e aponta para a mais desleal e violenta eleição de todos os tempos.

    A direita, sem candidato e sem bandeira, sem a economia em pleno funcionamento para criticar, elegeu a segurança e o controle fiscal como discurso para a disputa. E começaram do único jeito que sabem: matando.

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  • A manobra de Fux.

    outubro 28th, 2025

    Poderíamos especular sobre as razões da mudança repentina de entendimento do Ministro Fux, que, depois de julgar e condenar centenas de invasores da Praça dos Três Poderes no fatídico 08/01, muda completamente de posição, anula tudo o que afirmara semanas antes e passa a relativizar e inocentar. Julga Bolsonaro e demais golpistas como meros especuladores de golpes e inocentes de todas as demais acusações — que incluíam, inclusive, a trama para matar um ministro da Corte que ele diz representar.

    E depois pede para sair da Primeira Turma de ministros do STF, onde participou de quase todos os julgamentos dos golpistas, e vai para a Segunda Turma do STF, para se juntar a Nunes Marques, André Mendonça, Fachin e Gilmar Mendes.

    Pois bem, se não podemos conhecer o foro íntimo do ministro, tampouco suas intenções para essa mudança, vamos analisar as consequências.

    Primeiro, o seu previsível alinhamento com os dois indicados de Bolsonaro, Nunes Marques e André Mendonça, no que diria respeito aos interesses — digamos — excepcionais dos fascistas. Mas, como os processos dos golpistas ficam na turma atual, e os recursos futuros idem, não muda nada.

    Em matéria penal, habeas corpus e garantias do gênero, Fux concede menos do que Marques e Mendonça, sendo o mais rigoroso de todos os ministros nessas questões.

    E confirmou isso: mandou os bagrinhos do 08/01 para as grades. Se solta os mandantes, confirma seu — digamos — alinhamento com uma parte da nossa Justiça que só prende ladrão de galinha e solta fazendeiros. Um ministro que olha a capa do processo antes de julgar, o que, aliás, confirmou recentemente ao dizer que o juiz deve julgar atendendo ao clamor popular. Não se sabe de onde ele tirou essa “lei”, mas foi o que disse.

    Uma preocupação surgiu com relação a um processo que está com Fux, sobre o recurso da inelegibilidade de Bolsonaro. O sorteio caiu em Zanin, que declinou alegando ter participado do julgamento anterior como advogado. E aí existem alguns aspectos a serem decididos: se o processo acompanha Fux como relator ou se fica na turma, já que ela se pronunciou para fazer a troca de Zanin por ele.

    A possibilidade de o processo da inelegibilidade seguir com Fux para a outra turma levantou preocupações — por motivos óbvios. Porque seria inocentado com os votos dos três contra Fachin e Gilmar, os demais da Segunda Turma do STF.

    Sim, se lá chegar, esse será o provável desfecho do recurso e a consequente anulação da inelegibilidade.

    Se não fosse mais um detalhe: os embargos infringentes — recurso para tentar mudar decisões que o STF só acata quando o resultado da turma for 3×2, ou seja, quando há divisão na decisão. Nesse caso, segundo o Regimento Interno, o embargo deve ser analisado pela outra turma.

    Sim, isso mesmo.

    Não vamos nos alongar no texto. O importante a destacar é que, mesmo na hipótese de Fux levar consigo o processo da inelegibilidade, ainda que derrubem na turma a condenação de Bolsonaro, se o placar provável de 3×2 ocorrer, com os dois prováveis votos contrários de Fachin e Gilmar, o processo seria devolvido à outra turma, e a anulação da inelegibilidade seria anulada.

    Verdade que nada disso serve para Bolsonaro, porque sua condenação criminal já o mantém inelegível muito além dos efeitos das decisões da Lei da Ficha Limpa.

    Mas é bom saber que, nessas idas e vindas, as brechas estão fechadas.

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  • La Libertad Avanza.

    outubro 27th, 2025

    O resultado eleitoral favorável ao partido governista La Libertad Avanza (LLA) é surpreendente — as pesquisas lhe davam 35%, mas obteve cerca de 40% dos votos — e deixa o governo Milei mais à vontade para seguir promovendo destruição, embora ainda precise de alianças para formar maiorias.

    Três fatos, a princípio, explicariam o resultado: a maior abstenção de eleitores da história (34%) , o apoio financeiro prometido pelos EUA na véspera e a vitória parcial do governo Milei contra o descontrole inflacionário.

    A abstenção histórica situa o pleito em um ambiente de descrença e desesperança do povo, e explica o fato de a maioria que compareceu ter decidido se agarrar na boia salvadora disponível: as promessas de dólares dos EUA e queda continua da inflação.

    Convém observar no resultado: quando a maioria decide manter certas apostas porque ainda não se deu por vencida e, no caso, o pragmatismo necessário para a sobrevivência.

    Como quem diz: se você nos trouxe até aqui, vamos ver onde isso vai dar — e garanta a promessa de resgate financeiro e o fim do aumento do custo de vida.

    O que se fez foi ganhar tempo, num acordo precário entre 25% (66% de comparecimento para 40% de votos no partido do governo) dos eleitores, longe da maioria, mas decidido entre aqueles dispostos a aprofundar o modelo.

    A lição que fica é que, sem uma opção clara, resta à maioria seguir sobrevivendo das promessas supostamente visíveis.

    O resultado é trágico, não só para a Argentina como para a América Latina.

    Mas foi, no momento, a saída possível para enfrentar a desvalorização da moeda — estimada em 12% nos próximos dias — que traria de volta a inflação e a falta de recursos para cumprir os próximos compromissos externos.

    Se agarraram na boia mais próxima, que lhes sirva ao menos por enquanto.

    Porque o mais provável é que tenham se agarrado na âncora.

    Ps.: descubro agora dois pontos sobre a eleição : primeiro que pesquisas apontavam votação de 37% para o grupo de Milei ( chegaram a 41), não sendo portanto uma vitória inesperada. E segundo, a direita Argentina mantém em

    seguidas eleições patamares de 40% nas preferências,

    Pesquisa na véspera da eleição

    Link sobre os 40% : https://www.pagina12.com.ar/869256-el-40-no-falla-hay-algo-nuevo-en-la-victoria-de-javier-milei?utm_source=P%C3%A1gina12+-+Socios+%28Unite+A+P%C3%A1gina%7C12%29+2024&utm_campaign=5efe3131e9-EMAIL_CAMPAIGN_2025_05_19_01_38_COPY_01&utm_medium=email&utm_term=0_-aba1dc191d-452919008

    O que reforçam o quanto a abstenção derrota as candidaturas progressistas. Voltaremos a esse assunto .

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  • Corralitos de volta.

    outubro 24th, 2025

    “A feira no bairro de Villa Fiorito, onde Diego Maradona nasceu em Buenos Aires, não para de crescer, como reflexo da crise econômica argentina. Moradores vendem pertences pessoais e mercadorias em mantas estendidas no chão para sobreviver, formando uma cena de mais de 20 quarteirões de comércio informal às vésperas das eleições legislativas.”

    É uma imagem que retorna na tragédia argentina, porque nos recorda os corralitos de 2001 e o ocaso econômico do país, que desde então viveu de espasmos sem jamais superar essa chaga.

    O que equivale às nossas filas de osso do desgoverno anterior. Porque destruir é tarefa ligeira, empobrecer é imediato; progredir e desenvolver, construir e distribuir, debelar a fome, são tarefas árduas e demoradas.

    E no próximo fim de semana teremos as eleições de meio de mandato no país vizinho, e todas as previsões apontam para derrota acachapante do atual governo, que precisou abandonar promessas e partir para a chantagem com apoio dos EUA e o dinheiro salvador.

    Essas, que estão perdidas, ainda dependem de confirmar o tamanho da derrota. Como o partido mesmo de Milei tem pouca representação, somente uma votação abaixo de 35% será considerada uma derrota. Não sei de onde tiram isso, provavelmente para minimizar a vergonha.

    Para parte de alguns ministros, nem foi preciso esperar resultados e votação: pediram o boné e pularam fora do barco — dizem que batendo portas —, e a reforma ministerial anunciada pelo próprio presidente, para depois das eleições, foi antecipada, porque o governo se desmancha na véspera, e os remendos da pós-eleição não apontam para soluções.

    Como sempre sempre a palavra está com o eleitor, e aguardamos sua decisão.

    Até semana que vem saberemos se os corralitos permanecem ou se o vento da mudança começou a soprar, mais uma vez, para os hermanos.

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