
Poucas semanas atrás, o PP e o União Brasil anunciaram a criação de sua federação, visando à disputa eleitoral em 2026. De início, exigiram a entrega de todos os cargos federais indicados por seus integrantes, inclusive ministérios.
O primeiro sinal de que a coisa não se resolveria na cúpula veio dos próprios ministros de ambos os partidos, negando a intenção de entregar seus respectivos ministérios, o que obrigou a nova federação a uma posição mais contundente, ameaçando todos de expulsão.
Não só ninguém foi expulso até agora, como a própria existência da recém-formada federação está ameaçada por divisões internas provocadas por interesses divergentes de senadores e deputados empenhados em reeleição.
Como tenho apontado aqui, de Minas Gerais para cima fazer oposição ao governo Lula vai exigir desempenho excepcional para conquistar alguma coisa.
Mais: a crescente popularidade do presidente e de seu governo começa a transbordar para o Sudeste e o Sul, obrigando a todos fazerem e refazerem contas para o pleito vizinho.
A Federação União-PP escancara uma estratégia do centro para se livrar da sombra bolsonarista, sem abrir mão das pautas do futuro presidiário — condenado ele já é. A meu ver, uma tentativa válida, mas esqueceram de prever a resistência dos extremistas quanto à manobra.
Reação que veio com a chacina no Rio — a princípio uma loucura com múltiplas intenções, mas sobretudo eleitoral por parte do governador Castro, candidato até então fraco para uma das duas vagas em disputa para o Senado.
Há quem diga que ele continua fraco, apesar de tudo.
Fraco ou não, a verdade é que a chacina uniu o discurso bolsonarista e ameaça a direita e o centro mais uma vez, porque lhes nega os espaços que tentavam conquistar.
Perceba: não se trata exatamente do Bolsonaro, mas do bolsonarismo sem Bolsonaro em disputa, porque percebem ainda restar fôlego no eleitor do ex-mito.
Fôlego mais curto, bem entendido, porque na semana tivemos alguns exemplos de como as coisas andam mudando na expectativa de poder no Congresso. A eleição de Contarato, do PT, para presidir a CPI da Segurança Pública e o adiamento da votação na Câmara do projeto que pretende enquadrar traficantes como terroristas — coisa da direita trumpista internacional, dirigida à América do Sul — mostram a força crescente do governo.
Lembrando que, recentemente, a ministra Gleisi promoveu um ajuste de indicados a cargos federais, mais na base da conversa do que fazendo demissões e admissões. Pode estar aí também um acerto de bastidores que precisaremos confirmar nas próximas votações na Câmara e no Senado. Pode ser que alguma coisa tenha sido melhor acertada e as próximas votações irão mostrar até onde a recomposição da base no Congresso foi efetiva.
Cometi o pecado de colocar Arthur Lira ilustrando o post, mas é mais um exemplo de como um deputado todo-poderoso não tem nada para exibir quando postula uma nova eleição além de um projeto do governo, como realização máxima pessoal — a quem ameaçou tantas e tantas vezes.
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