Para situar a antipatia da esquerda com o uso do verde e amarelo quando das manifestações públicas de preferências políticas, e mesmo nas campanhas eleitorais, é preciso afastar o olhar do passado bolsonarista recente e voltarmos à década de 70, quando o regime militar usava o símbolo nacional e suas cores para si e seus propósitos autoritários, sugerindo aos incomodados a deixarem o país com sua pregação de “Ame-o ou deixe-o!”. Sim, eram nestes termos que a questão do amor à pátria e seus símbolos estava colocada.
Então não é difícil entender que aqueles incomodados rejeitassem tanto os ditadores quanto seus sinais de falso patriotismo, e o verde e amarelo foi, aos poucos, abandonado.
Não por acaso o bolsonarismo lança mão dos mesmos maniqueísmos da ditadura, até porque, na relação de trocas estabelecidas com os militares – uns querendo impor à força seus ideais fascistas e os outros saudosistas de poder e influência, buscando uma nova aventura para redimir fracassos anteriores –, na simbiose que foi esse desgoverno Bolsonaro que acabou derrotado, apesar de tudo, e tentou (e ainda tenta) retornar, custe o que custar.
O recente ataque dos EUA contra as nossas instituições e decisões soberanas comezinhas do funcionamento de um país livre e autônomo provocou, na esquerda, nos jovens e nas pessoas de bom senso, uma maneira de reagir e mostrar de que lado estão nessa disputa: a de recuperar os símbolos e as cores nacionais.
Até nisso a direita se perdeu. E vem de longe, sendo então um movimento de décadas.
Eles perderam a alma (vazia, mas era o que eles tinham).
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Hoje vou arriscar um novo aspecto da crise das tarifas. Por falas recentes, estamos imaginando um cenário menos adverso no próximo dia 1º. O secretário responsável por conduzir as negociações entre os EUA e todos os demais países andou falando em tarifas zero para café e mangas — usadas como exemplo de produtos não produzidos internamente — e sugerindo que outros primários com o mesmo status não sofram incidência das novas tarifas. Trump também afirmou continuar em negociação até a data limite, e disse que, no máximo, serão cobrados de 20% a 25%, bem abaixo dos 50% previstos para o Brasil.
A avaliação que começa a se afirmar é que os produtos primários que o Brasil exporta são commodities, na base da cadeia produtiva, e insubstituíveis. A aplicação de tarifas sobre eles provocará inflação de alimentos nos EUA — uma consequência fatal para a popularidade de qualquer administração. Os produtos manufaturados que são enviados, além dos aviões, não gozam da mesma exclusividade e podem ser atingidos, mas não afetam a nossa economia como um todo.
Importante observar que a retórica agressiva de Trump e essa bomba de 50% atirada sobre a nossa economia tinham — e têm — o objetivo de nos enquadrar no quintal de onde não se deve sair. Mas a reação equilibrada, serena e incluindo setores atingidos para diálogo interno e negociação de saídas em comum acabam por fortalecer a posição do nosso governo na negociação e na geopolítica mundial — efeitos indesejados, e que interessam aos EUA concluir o impasse e diminuir o prejuízo da aposta quase perdida e a caminho da derrota.
Lula, ao não aceitar o jogo da submissão — onde caíram Japão, UE e outros até aqui — escapou da cilada e vai para a mesa negociar em condições muito melhores do que esses 50% amalucados e injustos.
Quanto à família Bolsonaro, será jogada ao mar — tanto lá fora quanto aqui — e a direita vem em frangalhos para 2026.
É o que vejo agora.
Observar com atenção o comportamento da bolsa e do câmbio hoje: como a equipe de Trump está usando informação interna para especular e lucrar, e ontem tanto câmbio, bolsa e juros futuros andaram a favor do Brasil, pode ser uma evidência poderosa de que algum tipo de acordo está, sim, acontecendo.
Pois é, até uma manipulação desse nível nos serve de referência quando estamos lidando com gângsters e piratas.
A ver.
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‘”O STF interrogou ontem os integrantes do núcleo 3 da trama golpista. O grupo é formado por militares da ativa e da reserva do Exército, os “kids pretos”, além de um agente da Polícia Federal. Segundo a PF, o grupo elaborou plano que previa o assassinato do presidente Lula da Silva.
Em interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito do processo da trama golpista, o coronel do Exército Bernardo Romão Correa Netto afirmou que uma reunião entre os militares do Batalhão de Forças Especiais, conhecidos como “kids pretos”, em 22 de novembro de 2022, foi apenas um “encontro de amigos”.
Com os trabalhos de ontem, o STF concluiu a etapa de ouvir os acusados e aguarda a decisão da PGR quanto ao enquadramento nos respectivos crimes cometidos e às penas correspondentes.
O núcleo 4 havia sido ouvido anteriormente, invertendo a ordem numérica, e todos os acusados do crime de tentativa de golpe de Estado, entre outros graves delitos, estão com seus dias de liberdade contados.
É bom deixarmos registrado esse momento, que se aparenta normalidade para alguns — saibam que de normal não tem nada. Um império se levanta contra essa investigação, e se antes os ares históricos estavam restritos a eventos nacionais, agora incluem os internacionais, situando as futuras decisões em ordem de grandeza inédita, por conta dos interesses envolvidos.
Claro que o interesse dos EUA e suas ameaças pouco têm a ver com o destino dessa trupe. E vale ressaltar o nível baixíssimo dos personagens: a citação de uma das defesas de um coronel, que inclui no início do texto — e que não foi exceção, mas a regra das defesas de todos eles — mostra o fundo do poço onde estão situados os nossos defensores da pátria profissionais, impondo como tarefa futura e inadiável uma discussão sobre o que essa gente anda aprendendo e ensinando nas escolas militares.
O núcleo número um, que inclui o ex-presidente e seus generais mais próximos, tem previsão de conclusão do julgamento para setembro, no mais tardar em outubro.
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Brasil não está mais no Mapa da Fome. O anúncio foi feito pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO/ONU) nesta segunda-feira (28.07) em Adis Abeba, Etiópia. O resultado reflete a média trienal 2022/2023/2024, que colocou o país abaixo do patamar de 2,5% da população em risco de subnutrição ou de falta de acesso à alimentação suficiente. A conquista foi alcançada em apenas dois anos, tendo em vista que 2022 foi um período considerado crítico para a fome no Brasil.
“Sair do Mapa da Fome era o objetivo primeiro do presidente Lula ao iniciar o seu mandato em janeiro de 2023. A meta era fazer isso até o fim de 2026”, lembrou o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias. “Mostramos que, com o Plano Brasil Sem Fome, muito trabalho duro e políticas públicas robustas, foi possível alcançar esse objetivo em apenas dois anos. Não há soberania sem justiça alimentar. E não há justiça social sem democracia”, completou.
Não há soberania sem justiça alimentar. E não há justiça social sem democracia”
ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias
A saída do Brasil do Mapa da Fome é resultado de decisões políticas do governo brasileiro que priorizaram a redução da pobreza, o estímulo à geração de emprego e renda, o apoio à agricultura familiar, o fortalecimento da alimentação escolar e o acesso à alimentação saudável.
Esta é a segunda vez que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva retira o país dessa condição: a primeira foi em 2014, após 11 anos de políticas consistentes. No entanto, a partir de 2018, o desmonte de programas sociais fez o Brasil retroceder e retornar ao Mapa da Fome no triênio 2018/2019/2020.
Em dois anos de governo, o Brasil teve reduções históricas da insegurança alimentar grave e da pobreza. Os números nacionais da fome, captados por meio da aplicação da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) nas pesquisas do IBGE, mostraram que, até o final de 2023, o país retirou cerca de 24 milhões de pessoas da insegurança alimentar grave.
Redução da pobreza
Foto: Roberta Aline / MDSAlém disso, em 2023, o país reduziu a pobreza extrema a 4,4%, um mínimo histórico, refletindo a retirada de quase 10 milhões de pessoas dessa condição em relação a 2021. Em 2024, a taxa de desemprego chegou a 6,6%, a menor desde 2012, o rendimento mensal domiciliar per capita bateu recorde, chegando a R$ 2.020, e o índice de Gini, que mede a desigualdade, recuou para 0,506 — menor resultado da série histórica.
A queda da desigualdade reflete a dinâmica do mercado de trabalho, com a recuperação gradual do emprego e o aumento da formalização. Em 2024, a renda do trabalho dos 10% mais pobres do Brasil cresceu 10,7%. E o ritmo desse crescimento foi 50% maior do que o verificado entre os 10% mais ricos. A renda do trabalho subiu, em média, 7,1% no ano.
Além disso, de acordo com informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), das 1,7 milhão de vagas com carteira assinada criadas no Brasil em 2024, 98,8% foram ocupadas por pessoas cadastradas no Cadastro Único do Governo Federal. Entre os contratados, 1,27 milhão (75,5%) eram beneficiários do Bolsa Família.
Com aumento de renda ao conquistar um emprego estável ou uma melhor condição financeira como empreendedores, cerca de um milhão de famílias superaram a pobreza e deixaram de receber o benefício do Bolsa Família em julho de 2025.
Sair novamente do Mapa da Fome da ONU – no tempo recorde de dois anos -, com a população tendo mais acesso a alimentos saudáveis, reflete o efeito das políticas sociais do Governo Federal, que tem transformado a realidade de milhões de brasileiros com acesso à renda, ao emprego e à dignidade.
“Essa vitória é fruto de políticas públicas eficazes, como o Plano Brasil Sem Fome que engloba o Bolsa Família, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Programa Cozinha Solidária, a valorização do salário mínimo, crédito para a produção de alimentos pela agricultura familiar (PRONAF), incentivo à qualificação profissional, ao emprego e ao empreendedorismo, além do incremento da alimentação escolar. Todas as políticas sociais trabalhando juntas para ter um Brasil sem fome e soberano”, afirmou Wellington Dias.
Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza
Foto: Ricardo Stuckert/ PRProposta pelo Governo do Brasil durante a presidência do G20, em 2024, a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza tem o objetivo de unir esforços de países, organizações internacionais e instituições financeiras para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), com foco na erradicação da fome e da pobreza até 2030. Atualmente, a Aliança conta com mais de 100 países membros, além de diversas fundações, instituições e organizações.
A ideia é fortalecer a cooperação internacional e atrair recursos e conhecimentos para implementação de políticas públicas e tecnologias sociais eficazes na redução da fome e pobreza por todo o mundo.
“O exemplo brasileiro pode ser adaptado em muitos países ao redor do globo. No Brasil, sair do Mapa da Fome é só o começo. Queremos justiça alimentar, soberania e bem-estar para todos”, destacou o ministro.
O titular do MDS afirmou ainda que, por meio das políticas públicas internas e de iniciativas como a Aliança Global, o Governo do Brasil tem reafirmado seu compromisso com a erradicação da fome e com a construção de um mundo mais justo e igualitário, garantindo que seja possível atingir os ODS da Agenda 2030.
Acordo com os EUA é ‘dia sombrio’ para a União Europeia, diz primeiro-ministro da França. De acordo com François Bayrou, a UE se resignou à submissão em acerto anunciado neste domingo em encontro entre Donald Trump e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen (AFP).
Every Trump trade “deal” is a defeat for the US. They all cost US consumers money unnecessarily. None will bring real benefits to the US. All will slow our economic growth and undercut our competitiveness. All weaken the global trading system. Many include impossible promises. Economic malpractice.
O que estamos vendo — até aqui unânime — é rechaço ao acordo por parte de líderes europeus, e os EUA de Trump comemorando. Se imaginarmos a coerência retórica e mesmo nos acordos, quando a persona Trump está envolvida, é razoável supor que o acordo não terá vida longa. Mesmo com o Japão — supostamente acordado com as imposições dos EUA e recém-anunciado — não caminha nada bem. E, enquanto afirmava firmar com a UE, Trump colocava em dúvida os 10% que acabara de formar com a Inglaterra. E o prazo de 90 dias que deu para a Rússia terminar a guerra com a Ucrânia diminuiu 50.
Os fatos mostram que nenhuma garantia de nada pode ser retirada dos tais anúncios de acordos, até porque ninguém assinou nada e, sabemos, é aí que mora o diabo.
Quanto a nós, nenhuma sinalização — e todos concordam que as imposições são impossíveis de aceitar — nos deixando na obrigação de olhar adiante e buscar novas parcerias. O que, aliás, temos feito e com sucesso.
É até provável que os EUA endureçam ainda mais a retaliação contra nós, com dificuldades imensas até para acessos a sistemas mundiais de pagamentos. E temos fundadas preocupações de que até as nossas reservas em títulos dos EUA possam estar ameaçadas.
Nada que Rússia e China não estejam enfrentando. E se é verdade que a China é grande e poderosa, a Rússia e nós temos economias equivalentes — e eles sobrevivem, e bem.
Com uma diferença: lá não tem PL e bolsonaristas, e a mídia não pode enfrentar as decisões soberanas ou ameaças à segurança interna. Por aqui, estamos com cerca de 1/3 de traidores, e a imprensa oligopolista é golpista, é contra os interesses nacionais — e não é de hoje, sempre foi. O que fragiliza nossa posição de defesa intransigente dos nossos interesses e o enfrentamento, do jeito que for preciso, dessa ameaça e afronta.
Vida que segue, firmes na luta e sem medo. Vamos precisar — até porque, como destacado no título, atualmente “só os fracos seguem as regras”.
Complicado, até triste — mas se assim é, assim será.
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Na véspera do início da cobrança das tarifas que, na prática, irão bloquear os produtos brasileiros para os consumidores norte-americanos, não temos visto, em números, as consequências econômicas para nós.
Os mais recentes estudos disponíveis falam em queda do PIB, sem apontar, entretanto, um número. Apenas o governador de São Paulo sapecou, nesta semana, um exagerado 2,7% de queda do PIB no seu estado, sem explicar de onde saiu a estimativa.
Quanto ao desemprego, o mesmo cenário: novamente apenas Tarcísio chutou em 120 mil a perda de postos de trabalho no estado que governa.
Poucos estados brasileiros têm nos EUA seu principal cliente. E, sem dúvidas, SP, por exportar produtos manufaturados, além de frutas, seria o mais prejudicado. No Nordeste, seriam frutas e pescados; e no ES, as atividades portuárias ligadas à extração mineral, aos siderúrgicos e às pedras naturais.
Mas se estamos falando de queda no PIB e desemprego, a consequência interna pode ser de queda da inflação, sem dúvida. E um ponto relevante é que estamos com os maiores juros do mundo, com perspectiva de queda — exatamente porque nosso Banco Central iniciou o ano com números inflacionários crescentes, e a alta no preço dos alimentos caminhava para níveis insuportáveis.
É curioso como todas as críticas e análises sobre os efeitos negativos na nossa economia — sem dúvida prováveis e esperados — ignoram o efeito desinflacionário do ataque à nossa soberania. Curiosamente, a desgraça, em termos de menor atividade econômica, pode significar queda da inflação.
Um ponto-chave seria o comportamento do câmbio — num primeiro momento tendendo a subir, o que já acontece — e, sendo uma variável decisiva na influência dos preços, é preciso evitar que ele seja contaminado pela crise das tarifas. E aqui entra a política interna de Trump, pressionando o banco central de seu país para derrubar os juros (ele falou em 1% ao ano). Isso pode ser o elemento decisivo para conter a escalada do dólar e decidir a parada contra a inflação no Brasil — a nosso favor.
É uma lógica torta o que estou fazendo, sei muito bem. Buscar aspectos positivos em queda de exportação e consequências sobre níveis de emprego e PIB é um exercício para lá de indesejável.
Sim, é.
Mas o ponto é que esse é exatamente o tipo de análise que vemos todos os dias, quando tratamos de inflação e da atuação do Banco Central perseguindo a meta inflacionária estabelecida pelo Conselho Monetário. Quando os números crescentes do Caged são divulgados, quando os números ascendentes do PIB saem, a atividade — sobretudo de serviços — “pressionando”, o crescimento da massa salarial… todos os aspectos positivos da economia são, para certa gente, sinais de preocupação com indícios de inflação que precisa ser contida — e tome juros na lua.
Minto?
Se as tarifas de Trump vão fazer o serviço que a Selic não conseguiu fazer até agora — de enquadrar a inflação na meta — quem sabe a crise com os EUA consegue?
Não é isso que os elogios e loas à condução da economia na Argentina destacam? Que no país a inflação está caindo, apesar de o povo todo estar se lascando?
Por aqui, alguns nacos de crescimento serão tirados, o desemprego vai aumentar, a atividade econômica — sobretudo ligada aos setores que exportam aos EUA — vai se lascar. E a inflação?
Vai cair. Talvez não agora, com o dólar pressionado, mas na sequência — com a acomodação e o aumento da oferta de produtos internos, alimentos sobretudo — os efeitos desinflacionários não podem ser negligenciados.
E não faço ironia, nem imagino cenário melhor com queda no comércio e perda do maior mercado do mundo. Longe disso.
Mas não deixa de ser surpreendente perceber a ironia da coisa, quando Trump, com seu desarranjo, pode ser eficaz em alguns aspectos: concluir o serviço do nosso Banco Central no combate à inflação e ainda ajudar no reequilíbrio do câmbio ao jogar nas mínimas as taxas de juros nos EUA.
Ilusão?
Talvez. Porque tem custo político, dependendo do desenrolar da crise. Mas, sobre a inflação, se a expectativa é de queda do PIB e aumento da oferta interna de alimentos, a chance de queda está dada.
Finalmente: a tarifação e o bloqueio do comércio com os EUA — que nos é deficitário —, se efetivamente provocarem queda na inflação como consequência de menor atividade e mais desemprego, é pior do que pagarmos R$ 1 trilhão anual no serviço da dívida interna? Quantos bilhões seriam poupados se nossa taxa interna de juros cair por conta dessa crise? Se é esse o tipo de pensamento que domina o cenário da nossa economia, por que não incluir entre as hipóteses para discussão?
Até porque, enquanto Trump anuncia acordos por aí, alguns importantes como o de ontem com a União Europeia, o que negociam, apesar de abusos e imposições imperiais, está dentro das possibilidades dos envolvidos e no restrito interesse comercial. O que não é o nosso caso, o que nos exige é impossível de aceitar, tornando nosso acordo inviável e as tarifas inevitáveis. Então, o que fazer, senão enfrentar e extrair o possível ?
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Lula: ‘Se abaixar a cabeça, eles colocam uma cangalha e a gente não levanta mais’
Surgiram versões por parte do secretário de Comércio dos EUA sobre interesse em minas de terras raras, que estão no centro das negociações entre China e EUA e são vistas como estratégicas para o futuro, como o petróleo sempre foi.
Alckmin, por sua vez, também tem afirmado manter conversas mais sigilosas e, a partir de segunda-feira, dia 28, o comitê montado pelo governo e presidido pelo vice vai promover rodadas diárias de coletivas com a imprensa para atualizar o status das conversas e informar, até o prazo fatal de 1º de agosto, todos os esforços empregados na direção de negociar as tarifas impostas.
Enquanto isso, a embaixada dos EUA aqui no Brasil ataca diariamente o STF, e particularmente o ministro Moraes, e uma vez ultrapassada a data limite, sem nenhuma dúvida, alguma coisa muito séria deverá ser feita com relação às seguidas loucuras promovidas pela embaixada estrangeira.
Lula ontem afirmou aguardar o jogo do presidente e se diz disposto a gritar “seis”, em referência ao jogo (truco) que jogam.
Governadores e empresários estão muito preocupados e algumas consequências começam a aparecer, com safra de laranja a perder, ferro-gusa que não embarca, queda na venda de carnes etc… e, aqui no ES, o setor de pedras ornamentais vive praticamente de exportar para os EUA sua produção das exóticas.
Sem dúvida, a curto prazo as notícias não são nada boas, e uma vez confirmadas as tarifas, muitos danos à economia serão feitos, com consequências na nossa balança comercial e nos empregos que as várias atividades atingidas representam.
Mas é preciso um olhar para o futuro sobre essa crise e aí também não restam dúvidas de que, uma vez contabilizados, os danos são relativamente pequenos e perfeitamente superáveis em todos os seus aspectos. Tanto podemos, gradativamente, recolocar os nossos produtos em outros mercados, como podemos passar a buscar os produtos dos EUA — que a reciprocidade nas tarifas vai tornar impeditivos — com outros fornecedores no mundo.
Há muito os EUA não são mais nosso principal parceiro comercial. Nossas economias não são complementares — e por isso nosso comércio com a China cresce e cresceu tanto — e são economias, em muitos aspectos, concorrentes, sobretudo entre produtos do agronegócio.
Finalmente, o notável economista Paul Krugman confirma a nossa pouca dependência econômica com os EUA e aconselha agir com firmeza diante de negociadores que só reconhecem e respeitam a força.
A popularidade de Trump está em franca decadência, a apenas 6 meses do mandato. Sua figura agressiva e desrespeitosa não é privilégio conosco e, a partir do dia 1º de agosto, se ele não recuar, como tem feito seguidamente, o início das tarifas será mundial, e o custo inflacionário interno nos EUA será imenso — talvez insuportável.
E aí, veremos.
Por aqui, Lula caminha para disputar 2026 sem um adversário definido. A extrema-direita, perdida e sem a bandeira do patriotismo para exibir — muito menos a da soberania —, vê os grupos de apoio do agro e da indústria se sentirem traídos e perplexos com a loucura bolsonarista. E agora ainda insinuam avançar sobre nossas riquezas minerais em troca de ameaças, o que nos permite reafirmar a defesa de nossos interesses e abrir mais uma frente de confronto com entreguistas e traidores entre nós.
Cada vez mais, a posição nacionalista e equilibrada de Lula e seu governo se torna a única certeza diante desses ataques imperialistas e agressivos, tornando a vitória em 2026 um caminho natural para a defesa de nossos interesses
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Sextas-feiras são geralmente as preferidas para as prisões espetaculares, então tudo que disser aqui fica suspenso até amanhã.
O silêncio obsequioso do ex-presidente após a decisão dura de Moraes contra o circo em sua volta, turbinado pelo frenesi das tarifas e do filho nos EUA, que chegou a um ponto insuportável partindo de um réu acusado de tentativa de golpe de Estado, abolição do Estado de Direito e assassinato — do próprio juiz, do atual presidente e do vice em exercício. Uma acusação desse montante de crimes bastaria para jogar qualquer um na cadeia antecipadamente, mas os tempos são estranhos, e seguir o rito queimando o bandido e seu bando em fogo baixo tem funcionado.
Não no caso presente, de ataque por potência estrangeira contra nossa economia, com ameaças reiteradas e sem canais de diálogo. Pior, os senadores que viajam em comitiva para os EUA, na tentativa de romper o bloqueio, são boicotados abertamente pelos traidores — o que merece resposta pronta e imediata.
Mas chegamos às vésperas do início das tarifas em 1º de agosto, previstas para praticamente todos os países do mundo, e esperar alguns dias para prender o ex-presidente não faz mal nenhum. A Justiça contemporiza e faz cálculos o tempo todo, e uns dias a mais não fazem diferença — sobretudo se, na prática, o ex-presidente está cumprindo silêncio e a prisão domiciliar a que foi conduzido.
Após o dia 1º de agosto e Trump cumprindo suas ameaças de tarifas proibitivas, e na sequência normal do processo prevendo a prisão para setembro ou outubro, uma vez cumpridas as determinações da domiciliar, é razoável manter a situação sob controle, apesar dos desaforos dos bolsonaristas desesperados.
Uma vez iniciadas as tarifas de 50%, aumentar para 100% ou 200% não faz diferença. E, se nós perdemos o mercado, o consumidor dos EUA é quem paga o novo imposto — e não devemos negligenciar os efeitos inflacionários da decisão. Mas eles que se virem, porque por aqui recolocar nossos produtos no mundo não é trivial e demanda tempo, que se paga em queda de exportações e empregos.
Fora que outras sanções podem ser anunciadas — imprevisíveis e sempre perigosas — em se tratando de um governo descontrolado e sedento de impor vontades imperiais.
Faltam poucos dias para sabermos, e a questão Bolsonaro é carta marcada nesse jogo, e não tem mais volta para o destino que ele mesmo escolheu para si e seus seguidores próximos.
Quanto a nós, e às soluções para o comércio com os EUA, o tempo vai dizer. O mais certo é imaginar que piora ainda mais, antes de melhorar.
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Não acredito na hipótese de forçar a prisão e provocar maiores reações do Laranjão do Norte. Bolsonaro é um covarde, mas provocador, e vive nos limites da legalidade — onde fez sua carreira política surfar e afundar, como provavelmente veremos de hoje para amanhã.
A decisão do ministro Fux de não seguir a decisão da maioria da Turma, confirmando as restrições, me surpreendeu, por sua total falta de discernimento e espírito de corpo, mas foi coerente com sua visão personalista e interesseira do mundo. Prevaleceu seu sossego e o visto dos EUA para si e familiares. Talvez as netas pensem em Disneylandia nas próximas férias. Sob o ponto de vista prático, não faz diferença e pode até servir para mostrar isenção e liberdade da Corte — a quem possa interessar.
O dia de ontem, quando o ministro Moraes advertiu Bolsonaro em sua estratégia de aumentar exposição com entrevistas e publicações pagas na internet, foi para interromper o ciclo de ataques e afrontas. O filho que o país sustenta nos EUA, com apoio da campanha de arrecadação dos aliados, passou a ser conluio contra os interesses do Brasil — ameaçado sem nenhuma razão econômica por tarifas dos EUA de Trump. Quem imagina ser possível aceitar passivamente um ataque frontal aos interesses nacionais, como estamos assistindo, perdeu a noção de valores e propósitos pessoais e coletivos relacionados à própria sobrevivência material do país onde vive. Em todo o caso, a maioria entende como impossível aceitar a conduta criminosa e reconhece o direito e a necessidade de interromper o fluxo criminoso onde e como for possível.
E, no nosso caso, estamos falando do ex-presidente e seu filho nos EUA servindo de aríetes contra o Brasil, no alvo de Trump por todos os motivos relacionados aos BRICS — e nada aos dessabores do ex-presidente.
Enfim, o caldo entorna e os abusos estão no fim. Eduardo, com salários e bens bloqueados e sem chance de alguém aqui no Brasil inventar cargo em secretaria de Estado para ele. Quem fizer isso substitui o pai no comando da operação de sustentar os ataques ao país. Você imagina algum governador disposto a isso? Os salários do deputado Eduardo da Câmara também estão congelados, assim como suas contas, restando para seu sustento contar com a rede de apoio lá nos EUA. Aqui no Brasil, a vigilância certamente impedirá envio de recursos.
O cerco se fecha. Bolsonaro, ao afrontar a decisão de Moraes ontem, assumiu, a seu jeito, o risco de prisão — e vai, a contragosto, para a cadeia. O filho Eduardo, assim que botar os pés por aqui, também. E ele se esquece que Trump não será presidente para sempre e nem pode se candidatar novamente, segundo as leis nos EUA — que podem até mudar, mas trariam como adversário o ex-presidente Obama para a disputa! — e sua batata fica a fogo baixo, assando.
Esperar para ver. Mas, quando o dia chega, ele chega. E para Bolsonaro, e sua aventura alucinada e doentia, chegou.
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Uma das maiores críticas dirigidas à administração agressiva de Trump é que não conseguiu finalizar acordos comerciais. Apesar da estratégia alucinada e de seguidos anúncios de sucessos, a verdade é que está ficando com a fama de correr na última hora e não implementar as decisões anunciadas. Ou, se preferir, cumprir as ameaças.
O prazo de 1º de agosto não seria o primeiro. A rigor, praticamente nos últimos meses, todos os meses desde a posse, não tem feito outra coisa senão ameaçar. Tanto seus cidadãos — os que discordam e são em números crescentes — quanto os demais, em todas as partes do mundo.
O Brasil entra na lista onde estão todos e, embora por motivos aparentemente distintos, falsos e equivocados, ofensivos, não vejo diferença no objetivo final: impor interesses à força e prevalecer, talvez reviver, o comércio internacional francamente favorável — custe o que custar. Muitas, senão todas, as guerras são travadas por esse motivo. Não há nenhuma outra denominação para a atual, além de ser mais uma guerra do tipo comercial. E as promessas da OTAN de gastar 5% do PIB de cada um de seus membros em armas é a base material da retomada da indústria norte-americana, conhecida pelo complexo industrial-militar. Se existe semelhança com alguém, me permitam: foi assim que Hitler tornou a destruída Alemanha do final da Primeira Guerra em uma pujante Alemanha industrial, poderosa. E rápido — e com as consequências conhecidas. E não faltam perseguições internas para mobilizar os furiosos, os inimigos externos para manter o fôlego preso, as razões de promessas do MAGA. Não falta nem a saudação do braço direito ao alto, como cada dia um aqui e outro ali se orgulha em exibir.
Para nós, o que importa é atravessar até o dia 1º de agosto esgotando todos os canais de diálogo, até agora absolutamente obstruídos. A pressão por acordos parte de todos os atingidos, dentro e fora dos EUA, e anúncios de acertos ainda não confirmados pululam na imprensa diariamente. Além disso, todos preparam retaliações e reciprocidade de tarifas — o mínimo a se fazer nesses casos. E tudo, lembremos, uma vez efetivado, quem paga é o consumidor norte-americano, que vê inflação e depressão econômica batendo à porta.
Chegando o dia 1º de agosto e confirmadas as sanções, as oportunidades de negociação em bloco deverão surgir, evitando a estratégia de Trump de isolar cada um para negociar separadamente.
Até lá, seguir nas tratativas e buscar alternativas. Nossa economia é diversa e relativamente fechada, dá pra superar a afronta com determinação. A questão política envolvida não se resolve, porque aí não tem negociação e deve seguir escalando até a eleição de 2026. Mas os desafios internos de Trump são crescentes, sua popularidade cai rapidamente e eles também têm eleição de renovação do Congresso em 2026, com a perspectiva de perder a maioria mínima que possuem. Além de escândalos terríveis em que seu nome está envolvido e que podem trazer uma derrocada infame e definida.
São essas as possibilidades, e não sabemos onde vamos, por enquanto.
Nossa sorte, repito, é termos nosso timoneiro afiado e lúcido, nos conduzindo.
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