No último ano do primeiro mandato do FHC, já comprada a emenda que permitiu sua reeleição e no auge do sucesso do plano Real, a revista Carta Capital fez na capa de uma edição previsões catastróficas quanto ao futuro da economia na hipótese de governo insistir em manter conceitos e práticas que criaram o
Plano, permitiram seu sucesso e garantiriam a vitória eleitoral.
Na época ainda se ouviam coisas com antipatriota, e foi mais ou menos o que disseram da capa.
As previsões focavam câmbio e inflação.
E, pra quem não sabe ou não lembra, no início do plano real fixou-se o câmbio em 1-1, cada dólar valendo um real.É bom lembrar que quando fixaram o câmbio realizaram uma desvalorização importante da moeda da época, anterior ao real e cujo nome nem lembro.
Apesar dessa desvalorização inicial, o plano após os três anos já esgotara as reservas de moeda estrangeira no esforço de manter essa paridade artificial, e exigia cada vez mais sacrifícios para manter as aparências e chegar nas eleições em condições de abafar as críticas e ficar mais quatro anos no poder.
Conseguiram, como sabemos.
Mas as previsões da revista foram exatas, com o câmbio arruinando as finanças externas e sobrevivemos por conta de empréstimo do governo americano interessado em ajudar a reeleição de FHC.
Logo após a vitória o governo reeleito precisou fazer a desvalorização cambial que negara, a inflação voltou a patamares altos comparados aos primeiros anos do plano real e a verdade é que o segundo mandato de FHC foi um desastre.
Incomparável, entretanto, com o que estamos assistindo com essa trupe golpista tresloucada. Tal qual os Robinsons, perdidos no espaço.
A balança externa segue fazendo água, desemprego e renda estagnados em níveis terríveis, aumento dramático da pobreza e do endividamento público.
O noticiário ignora o rombo do deficit que cresce 1% ao mês e deve chegar a 60% do PIB líquido até o fim do ano.
Não fossem as reservas acumuladas e já estaríamos endividados com mais de 80% do pib e uma crise de pagamentos em vista.
Por enquanto, seguimos.
O custo de fecharmos as contas esse ano com mais um rombo de 150 bilhões ainda depende da venda desesperada de empresas públicas e de outras partes do pre sal.
Finalmente, tudo isso aí em cima é verdade, mas devemos colocar em perspectiva a uma outra informação que saiu hoje: que a Eletrobrás contratou por dois milhões assessoria de imagem, sem licitação, com a missão de denegrir a empresa no sentido de facilitar a sua venda, diminuindo a grande resistência que acontece.
Então, é de imaginar o esforço no descontrole das contas públicas, diminuição da arrecadação, diminuição do recolhimentos da previdência por conta do desemprego, coisas todas no sentido contrário do requerido de um governo minimamente interessado no desenvolvimento e progresso.
A meu ver, a decomposição economica, desemprego e déficits criam o ambiente necessário para o desmonte do estado.
Como lembrança, constatação de que a indigência histórica das elites brasileiras ao longo dos séculos com a educação de seu povo nunca foi por incompetência, foi cuidadosamente planejado.
A nossa falência, alerto, também está sendo cuidadosamente planejada.
Até quando?