Uma outra votação ocorrida ontem sinaliza importantes tendências que podem ser avaliadas.
Primeiro registrar que o apocalipse não veio, alias mais um, tal qual o bíblico e sua má tradução do grego que significa revelação e não trata de fim do mundo, mas daquele mundo, também as revelações e previsões da grande imprensa não passaram de uma má tradução.
Aqui também existe semelhança de métodos e objetivos, porque ambos, imprensa PIG e grupos religiosos preferem tocar o terror para vender a salvação.
Mas porque tratar disso aqui?
Percebam que uma outra votação ocorrida ontem terminou mais apertada, se para aprovar seu arranjo administrativo o governo conseguiu 337×125, para manter as políticas LGBT na pasta de Direitos Humanos o resultado foi mais apertado em 260×186.
61 Deputados passaram de uma opção para a outra, chutando o balde de todos os acordos e conveniências.
Quem seriam?
Vai ser preciso estudar essa votação e saber, não é difícil, mas meu palpite é que são os aqueles referidos quanto ao equivoco da tradução de apocalipse.
E que somados aos opositores de carteirinha chegaram ao número de 186, que pode ser o limite da bancada oposicionista somada aos radicais moralistas, número insuficiente para barrar as pautas progressistas, o que até ontem parecia improvável.
Só para não deixar passar, porque li muitas críticas competentes quanto a forma e o conteúdo da maneira agressiva como a mídia trata o presidente Maduro.
E a cretinice da s criticas dos presidentes do Uruguai e Chile, esse último em adiantado estado de putrefaçao apesar de jovem, ao próprio Lula por receber Maduro no Brasil.
Isso sem comparar Chile e Uruguai, dois anões, a gigante Venezuela.
A nossa imprensa procura agredir o esplendoroso rumo de nossa política externa, voltada para resultados comerciais e vantagens econômicas de ação conjunta como um grande bloco, resultados que rapidamente se farão sentir no bolso em forma de trabalho, emprego e renda.
Depois de todo esse trabalho do presidente, inúmeras viagens , acordos comerciais e escolhas, escolhas corajosas, quando os primeiros resultados positivos sairem, logo atribuem a sorte ou algum evento externo.
Isso já sabemos .
E também sabemos que essa mesma gente que grita desesperada nos umbrais são os mesmos, os mesmos, que apoiaram a ditadura militar no Brasil e , lembrem-se, em toda a América Latina.
Talvez tenham saudades, talvez queiram continuar emprestando carros e ideias e apoios aos ditadores de plantão.
E , nem seis meses completos, estávamos às contas com um alucinado que junto a alguns militares igualmente loucos, fizeram de tudo para ameaçar a nossa democracia e implantar um regime autoritário aqui no Brasil novamente.
Os tempos são outros, felizmente.
Mas eles não desistem, não promovem equilíbrio nas suas análises, não ouvem o contraditório, promovem achaques e grosserias e sequem a vida sonegando a boa informação .
E os dias estão contados para eles, sabem disso, mas a boca de tão torta não aceita mais consertos.
Na hipótese provável das MPs dos ministérios passarem ainda com tempo suficiente para o Senado carimbar, sim, porque só vai sobrar tempo para os senadores carimbarem as Mps.
Isso em função das jogadas pesadas do Lira e sua turma de deputados, que gostam de negociar com a faca no pescoço da vítima mas, e aí um big mas, negligenciam sua relação com o senado.
E isso vai ter troco .
Lira e Pacheco já não andavam muito bem após a disputa exatamente por encaminhamentos de apreciação de medidas provisórias, e Pacheco levou a melhor porque as regras internas o favoreçam.
E mesmo assim Lira tentou emplacar o regime de excessão vigente na época da Pandemia e Congresso funcionando on line.
Não colou e pode ter sido hoje também uma provocação dupla da Câmara, tanto ao governo quanto ao senado.
Que seja, essa briga entre Lira e Pacheco pode favorecer o governo e emperrar as pautas esdrúxulas da Câmara, inclusive o marco temporal que acabaram de aprovar.
É esperar para ver, e nem precisa esperar muito, se hoje as Mps de fato chegarem no Senado e a votação por lá ocorrer, na correria para não ultrapassar o prazo que vence daqui a algumas horas, basta ouvir os discursos para saber a quantas andam essa já tumultuada relação.
Essas foram as exatas palavras proferidas por Lula no seu discurso quando comentou a sua relação com a Câmara, sobre as votações que estão ocorrendo nesse exato momento.
O marco temporal que já foi e as Mps do arranjo administrativo em vigor que precisa ser referendado.
Existe um ímpeto contrário aos interesses do governo nesses trâmites, não são votações singelas e nem pretendem somente criar constrangimentos, há um método ali e um objetivo.
O método consiste em não criar obstáculos instransponíveis, o governo ainda comemora a vitória da votação da nova âncora fiscal recém aprovada, e consiste em usar pautas derrotadas na eleição presidencial mas que são maioria no interior do Congresso.
Assim cumprem dois papéis, e aqui os objetivos, um de manter a tropa conservadora unida e outro como ameaça e pressão sobre principalmente os articuladores políticos do governo, o ministro Padilha sobretudo.
Não que ele seja ruim, merece todos os elogios, dizem, mas esta comandando a liberação das emendas ambicionadas e num ritmo que não agrada e tentam forçar uma mudança nisso, substituindo Padilha de preferência.
E, se for o caso, outros e fazer já uma reforma nos ministérios.
Pode ser, pode ser que não, num certo sentido vejo como possível conviver com essa tentativa de manietar o governo por um certo tempo, o governo também tem seus alvos principais e se esta seguro de atingi-los, mesmo eventualmente perdendo aqui e ali, pode tentar essa travessia nesses termos.
Talvez seja esse o jogo que Lula se dispõem a jogar.
Achei que o governo na semana passada e espremido pelos prazos de vencimento da Mps, vencem amanhã, aceitou as mudanças impostas pelo relator das medidas provisórias, claramente uma provocação, com alvo certo no meio ambiente onde arregimenta os trogloditas facilmente.
Com a reação da Marina e dos ministérios indígenas o governo passou a recusar as mudanças e jogou no colo da Câmara o ataque ao meio ambiente, a resposta foi incluir o marco temporal no jogo e dobrar a aposta.
Que segue hoje, com necessidade de ainda passar no Senado, que aparentemente tem regras distintas e mais propensas a acordos com o governo.
Vamos esperar, o mais provável é que tudo seja aprovado e as posições assumidas pelas partes permaneçam na que se encontram, com as apostas esperando resposta do adversário.
Tensionar a política é o jogo do fascismo, porque precisa manter a raiva para sobreviver.
Distensionar e progredir em paz é o jogo da democracia.
Qual seria o grande apelo para os países abandonarem o dólar como moeda de troca final no comércio mundial?
Seriam muitos, sobretudo o fato evidente de que para usar a moeda impressa nos EUA e nos EUA exclusivamente, é preciso vender para poder comprar, mais do que isso, é preciso que nessa troca comercial entre os países, o resultado nesse comércio seja superavitário, ou seja, vende mais do que compra.
O que me levou a pensar no objetivo desse déficit constante do comércio exterior do próprio EUA, que se mantém assim desde que me lembro e dessa forma mantém o sistema operante.
Entendeu por que?
Porque é impossível que nessa troca entre todos, ou ao menos entre os principais países do mundo, é impossível que todos ganhem, como na bolsa, alguém precisa perder para você ganhar .
Os EUA mantinham-se nessa posição negativa para que essa conta seguisse.
Mas não bastava, por mais que gastasse e consumisse, não é o suficiente para suprir a carência da moeda para todos, evidente, e nem todos conseguem ganhar ou acumular dólares suficientes para girar seu comércio exterior.
O que gerou problemas homéricos ao longo das últimas décadas, inclusive aqui no Brasil, que saiu desse ciclo negativo somente após os governos Lula e Dilma, e finalmente conseguimos reservas cambiais suficientes para nossos acordos internacionais.
Pela primeira e única vez na nossa história e que perdura até hoje .
Essa a história, sem os dólares ninguém faz comercio internacional , ou melhor, não fazia.
De uns anos para cá vários blocos estão discutindo a possibilidade de abandonar a intermediação do dólar, utilizando suas moedas próprias ou uma terceira.
Processo ainda no seu início mas que me parece inexorável, vai aos poucos acontecer .
E agora um ingrediente importante está sendo adicionado ao processo, e que tem potencial para imprimir grande velocidade a proposta, que é utilizar esse objetivo como cimento de união entre grupos distintos.
Explico.
No caso dos Brics, o apelo de abandono do dólar é mais evidente ideologicamente até, Rússia e China são adversários políticos e econômicos dos EUA, e mesmo assim faltava nesse grupo alguma coisa que os unisse ainda mais, faltava um objetivo e uma base comum mais forte.
O abandono do dólar e uma moeda comum interna pode ser esse elemento que faltava.
Lula parece que entendeu assim e repetiu a fórmula agorinha na reunião da UNASUL ressuscitada, propôs ao grupo uma moeda comum para suas trocas comerciais, elevando o status da união e acenando para um objetivo comum poderoso.
Pode dar certo e pode ser o que faltava por aqui também.
Quem viaja pela Europa passa de um pais para outro sem perceber, pode ser de ônibus ou carro, os países estão totalmente interligados.
E isso apesar de obstáculos geográficos importantes, cordilheiras, rios, vales, nada impede a integração.
Nem o histórico de animosidades e guerras.
Nós aqui na América Latina somos desligados uns dos outros, quanto ao Brasil e suas fronteiras com praticamente todos os demais países do continente, as ligações ou são precárias e poucas, ou nem existem.
Temos os mesmo desafios geográficos, enormes distâncias, pantanal, florestas, rios e cordilheira, não tivemos tantas guerras entre nós, nenhuma recente, mesmo assim permanecemos desconectados.
A UNASUL surgiu nesse contexto, num certo momento da história quando uma certa afinidade ideológica prevaleceu e alinhou expectativas de maior unidade, o modelo de união europeia parecia um ideal a seguir.
Nada disso prosseguiu, a vida da Unasul foi atribulada, a desunião prevaleceu e os abismos ideológicos entre os governos nas renovações eleitorais em seus países praticamente dizimou a ideia.
Lula esta tentando recriar o grupo, diversos países retornam e a afinidade ideológica anterior não existe mais, os 11 presidentes que estarão reunidos não são mais convergentes nesse aspecto.
O que torna essa iniciativa em novidade e que pode, exatamente porque procura agir pragmaticamente e somando interesses, prosperar.
A frente ampla Lulista no campo internacional pode trazer uma boa novidade.
O ativismo do atual presidente do Banco Central, Campo Neto, herança do ex presidente derrotado e herança da autonomia da autarquia imposta pelo mercado, ativismo que nos obriga a ouvir e ver praticamente todos os dias a presença desse senhor distribuindo conselhos e fazendo a defesa de sua nefasta política dos maiores juros do mundo.
Mas não foi sempre assim.
E, tirando suas opiniões nos grupos de whatsapp e que vazaram, com animadas manifestações de apoio a reeleição do derrotado, além de análises furadas de pesquisas de opinião – também pra isso ele não serve – e otimismo quanto a vitória eleitoral de seu grupo político – que foi derrotado – a verdade é que essa disposição de expor seu pensamento não foi comum no passado recente.
Pior, a atuação do Banco Central sob o seu comando também não agiu para cumprir uma tarefa básica da rotina de fiscalização dos bancos, deixando que a Caixa Econômica Federal servisse de instrumento privilegiado para a descarada compra de votos.
E depois da mudança de governo e toda essa presença midiática forçada para segurar sua política nefasta dos maiores juros do mundo, Campos Neto e seu Banco Central continuou omisso quanto ao derrame de dinheiro que promoveram na CEF e que deixou um rombo ainda por ser melhor revelado, mas que superam R$ 10 bilhões.
A CEF no desespero bolsonarista da reeleição, decidiu emprestar dinheiro sem lastro e sem critérios, a torto e a direita, literalmente, e agora os números da inadimplência beiram 80% e esse dinheiro esta perdido.
O Banco Central e Campos Neto além de participarem do esforço da reeleição, ignorou a fiscalização dos Bancos públicos e privados que seria a principal obrigação funcional e nem depois desses meses todos revelou esse desastre na CEF, quem fez a denúncia foi o Jornal Folha de São Paulo.
Quanto a essa questão dos juros, porque parece inexplicável que um ativista engajado da reeleição deixasse esses números chegarem a níveis tão altos, e fica a dúvida porque Campos Neto seguiu nessa loucura e aumentou tanto os juros.
E lembro dos discursos de Guedes, que no segundo ano do desgoverno anterior dizia que havia chegado a hora dos juros baixos e do dólar alto, pretendia com isso um programa de ingresso de investimentos externos no Brasil, que nunca conseguiu.
Mas o BC fez seu jogo e os juros foram abaixados a pouco mais de 2%, números inéditos.
Com o fracasso da iniciativa e com a inflação das commodities e do combustível atrelados ao preço do dólar ameaçando a reeleição, a política do desgoverno mudou e o aumento dos juros passou a ser prioridade, para a baile da única e verdadeira Valsa Brasileira, sobem os juros e abaixam o dólar e vice versa.
E o BC entrou novamente no jogo e elevou os juros para a lua.
Por isso chegamos nesses números absurdos, porque o Banco Central do Campos atuou o tempo todo em sintonia com as decisões do desgoverno derrotado e diminuiu e aumentou os juros, em números extremados e em curtíssimo prazo, mostrando seu empenho na tarefa.
Tudo o que não faz hoje, ao contrário, procura reafirmar políticas derrotadas na eleição, alega isenção e decisão técnica, que é uma mentira , e no fundo procura mesmo é boicotar o atual governo.
E nem para fiscalizar os bancos e atuação criminosa e contrária as práticas honestas e equilibradas, servia.
Não servia para nada e agora serve para atrapalhar.
O presidente Venezuelano está no Brasil, segundo acabou de dizer fazem cinco anos que os dois países não conversam.
Durante décadas o bicho papão latino americano era Cuba e seus comunistas revolucionários, esse papel foi cedido nos últimos anos a Venezuela de Hugo Chaves.
Ditaduras, não tem eleição, etc, tem esses argumentos, mas não dá pra julgar processos históricos de outros países adotando fórmulas de outros, cada um deve ter sua história e seus processos internos respeitados .
Não tem um melhor do que o outro, um mais avançado do que o outro, são comparações entre processos distintos, incomparáveis portanto.
Mas conto uma história, muito particular, penso .
Os EUA após a tomada do poder na Venezuela por Hugo Chaves passou a fazer o país de fantasma primordial nas Américas, como sugeri, e tome sanções, cercos, boicotes e tentativas de golpes e assassinatos.
Na mesma base que fizeram com Cuba e com os mesmos resultados nulos.
Assim foi com a Venezuela, mas o petróleo venezuelano os EUA continuaram a consumir até….que o Brasil descobriu o presal, o nosso presal provocou uma mudança e radicalizou o cerco econômico dos EUA na Venezuela, exatamente porque nosso petróleo poderia suprir a eventual falta do petróleo venezuelano .
Esse cerco provocou graves carências na vida do povo venezuelano, nesse país tão pouco industrializado e sem divisas após os embargos, que chegaram a confiscar ouro e dinheiro depositado em bancos em países ocidentais .
A sorte da Venezuela seguia assim até….que a guerra Ucrânia e Rússia começou, e ai a necessidade prioritária de boicote passou a ser o petróleo russo e onde buscar suprir essa nova carência mundial?
Exatamente, na Venezuela que agora está negociando termos de trocas comerciais mais brandas com os EUA e demais países desenvolvidos.
O que mudou na Venezuela para essa mudança acontecer?
Nada, mudou a oferta de petróleo no mundo, reduzido com a guerra.
E democracia, eleições, liberdade etc?
Fica para depois, parece, quando a oferta de petróleo normalizar, talvez.
Então é isso, nosso Lula não entra nessas narrativas mirabolantes e hipócritas dos países desenvolvidos, respeita a história de cada país e sua autonomia, enquanto trabalha pela promoção de paz e do progresso comum.
Algumas palavras sobre esse tremor da semana passada, nessa relação Parlamento e Executivo, porque ficamos na dúvida sobre a natureza dos ataques e seus desdobramentos futuros.
Não dá pra simplificar estarmos lidando com uma disputa de orçamento, é isso mas é mais que isso.
E embora pareça agudizar nos tempos atuais, essa tensão tem sido frequente na relação entre os poderes legislativo e executivo no pós 1988 com a promulgação da Constituição.
Antes não tínhamos, era uma ditadura militar.
Não vamos nos ocupar do passado, só o presente já nos oferece material suficiente de reflexão.
E onde estamos?
Disputando o poder, respondo.
Nossa eleição foi muito disputada, o ambiente da disputa está espelhado nos tribunais e CPMI , a influência das novas mídias e como elas favorecem um discurso de ódio e preconceitos, fascista, esta por ser melhor compreendido, mas já é fenômeno mundial.
Na Espanha a direita, ainda não a extrema direita, mas a direita ganhou a eleição municipal.
E por aqui podemos dizer o mesmo, que a direita ganhou a eleição das Câmaras federais e estaduais, de onde deriva todo esse problema na relação institucional.
O projeto do executivo derrotado, a essa altura, passaria por aprofundar o regime autoritário, impondo limites aos demais poderes e aprovando regras de liberalização total, atropelando todas as iniciativas civilizadas conquistadas até aqui.
Uma horda de bárbaros estaria no governo invadindo os demais poderes sem respeitar regras nem limites, esse o cenário imaginado.
Flavio Dino imagina-se em um exílio nessa hipótese.
Não aconteceu, mas o parceiro da empreitada está inteirinho na Câmara meio desorientado ainda e disputando a herança do bolsonarismo soçobrante. E para isso precisam manter aquela fama de mau.
Os terços da divisão interna da Câmara não tem limites definidos, na votação do novo Arcabouço Fiscal o PSOL votou contra e parte do PL votou a favor.
E a convivência promete ser essa daqui para a frente, melhorando ou piorando na mesma proporção do êxito ou fracasso do governo, seguindo a tendência de sua popularidade.
Me lembro quando o PT ganhou suas primeira Prefeituras, Vitória no ES, depois BH em Minas, as primeiras medidas eram para repor perdas salariais do funcionalismo municipal, defasados em 30,40 até 50%, e essas iniciativas heroicas comprometeram as administrações seriamente, no caso de BH ainda teve sobrevida, Vitória amargou um fracasso.
Então, quero dizer, que nem toda disputa política é definitiva , nenhuma decisão é totalmente acertada, ninguém tem o monopólio das soluções.
Na Câmara, em que pese o conservadorismo, tem muita sabedoria acumulada e por lá no meio de 513 deputados a coisa pega pra todo lado, vale a pena então discutir e encontrar caminhos.
O perde e ganha nem sempre é certo, nem sempre é evidente, precisa de um tempo para amadurecer.
E são apostas, algumas mais fundamentadas e corretas, outras armadilhas, outras negociatas, outras obstáculos que deliberadamente inventam.
Por isso a nossa escolha no presidente Lula, ninguém como ele domina a arte da negociação e de abertura de caminhos e sua arte ultrapassa nossas fronteiras.
Essa a minha aposta, acreditar e acompanhar essas negociações esticando um pouco o olhar, de fato o presidencialismo de coalizão não morreu, mas querem mata-lo e isso não é bom.
A semana cheia pode servir de termômetro e medir a temperatura dos embates e decisões aguardadas para os próximos dias.
Tancredo dizia que política é como uma nuvem no céu, cada vez que você olha ela esta numa posição diferente.
E isso fora as chuvas e trovoadas.
Temos as CPMI CPI e votações de convocações, temos a votação do marco legal das terras indígenas no STF e na Câmara, temos as MPs relatadas de forma a contrariar o governo, temos a indicação de novo ministro do STF, e cada um desses fatos confirmados ou não provocam desdobramentos em direções opostas.
Temos importante encontro de presidentes Latinos Americanos, Maduro incluído, que deve ferver a agenda lotada, nesse esforço do presidente Lula de integração externa comercial e política e que exerce influência difícil de medir por enquanto, ou seja, mantem a nuvem em movimento.
Mas um tema que preocupa e que inicialmente deixou o governo desnorteado, foi o relator propor mudanças na MP que organizou a administração do novo governo, alterarando decisões anteriores e em pleno funcionamento.
E propôs mudanças no meio ambiente, Abin e demarcação de terras indígenas , todas essas modificações alterando organograma existente sem nenhum motivo declarado, quase uma provocação de fato.
Inicialmente o governo aparentou aceitar a nova redação, aos poucos e sobretudo por conta da reação de Marina contra as mudanças propostas, a temperatura do inconformismo aumentou.
E segue aumentando, e quem agora permanece em silêncio é a Câmara e os promotores das mudanças pretendidas.
A disposição do governo de enfrentar a situação é outra, deixando a solução para esse impasse em suspense, a judicialização também esta no horizonte sem que me pareça a solução ideal.
Todas as outras demandas da agenda prometem mexer com a temperatura e com a nuvem da política que deverá se mover freneticamente durante a semana.
Por isso manter o horizonte livre e observar, muitas e importantes lições serão aprendidas.
Dessa vez não vou arriscar uma opinião, temos muitas e diferentes camadas sobrepostas e somente depois de descascar algumas será possível saber para onde os ventos e a nuvem caminham.
( Cá entre nós : governo e Câmara entram em acordo, Marina recupera as atribuições e Guajajara perde, mas faz acordo com Dino e mantém a influência na demarcação de terras . Alguns anéis vão, ficam outros e os dedos intactos e lembremos que tudo depois vai para o Senado que está por se provar. )