Parece que esquecemos que o governo Dilma já completara um excelente primeiro mandato e cumpria o segundo, quando a derrubou o golpe jurídico-legislativo-midiático.
Os primeiros quatro anos foram muito bem, e o conflito distributivo instalado a partir da crise global em 2008 e agravado com a queda terrível do preço das commodities, continuava administrável.
As dezoneraçōes, acidamente criticadas hoje, foram tentativas válidas nesse início do agravamento da crise, tentando realinhar expectativas quanto ao retorno dos investimentos.
A demora de recuperação do quadro e a continuidade de queda do comercio global à época, nos dias de hoje em situação muito melhor, tentavam que essa melhora provável, embora imprevisível, chegasse a tempo para reequilibrar a nossa economia.
O grupo golpista já vinha babando ódio da disputa apertada das eleições vencidas novamente por Dilma, não quis esperar mais disputar democraticamente o poder, ainda mais diante da possibilidade de enfrentar Lula em 2018 e depois, Lula novamente em 2020.
O futuro para eles era insuportável.
O que todos eles sabiam era que a saída da crise exigiria avanços na disputa distributiva, como a sinalização de retorno da cobrança da CPMF mostrara por quais caminhos o governo precisaria seguir.
A aposta na derrubada do governo pretendia evitar a ação sobre temas distributivos, tabus da direita econômica, como alíquotas de IR, taxação das grandes fortunas, heranças, e IR sobre remuneração de sócios e proprietários de empresas.
Todas essas idéias estavam na agenda e teriam que passar por escrutínio.
O golpe quis eliminar do conflito instalado essa agenda, impondo essa que aí assistimos, de solução de crescimento da rentabilidade
dos negócios à custa dos salários e custos do trabalho.
O que o golpe fez foi entregar o custo da economia para só os trabalhadores pagarem.
De maneira geral fracassam, mesmo com o crescimento da concentração de renda, e os ganhos financeiros indecentes, a queda geral atingiu duramente todos os negócios, agora piorados com aumento expressivo do dólar.
A verdade é que encontram-se sem saída, sem programa e sem candidato.
Também por isso o custo de alternativas tem sido tão alto e incerto, temem a revanche dos derrotados pelo golpe,a raiva das vítimas da crise.
Erram insistindo na prisão do nosso estadista, cegos na arrogância e preconceito.
Continuaram errando se as eleições acontecerem nesses termos, nos obrigando a continuar nessa farsa que só fará agravar a crise e acumular problemas sem solução.
Como uma mola comprimida funciona essa atitude, e qualquer um pode fazer o teste em casa: comprima uma mola até onde conseguir, sugere-se, entretanto, que não o faça na direção dos olhos.