
Fico tentado a escrever sobre a Reforma Tributária em discussão no Congresso, aparentemente mais empenhado na tarefa do que o governo.
No entanto, isso não é verdade, pois a iniciativa do Ministério da Fazenda precisa enfrentar o emaranhado de interesses dos Governadores, Prefeitos e lobbies para avançar nas discussões. A presença dos Deputados e, posteriormente, dos Senadores é indispensável.
Essa tentação esbarra exatamente nas experiências anteriores. Na medida em que consigo me lembrar, praticamente toda nova administração anuncia uma Reforma Tributária, mas ela acaba não se concretizando.
Não vejo diferença na situação atual, pois todos dizem estar interessados, mas, posteriormente, a reforma acaba morrendo, abandonada antes de ser concluída.
Dizem que desta vez vai ser diferente, que os astros parecem estar ineditamente alinhados. Pode ser, e até acredito que sim, mas mais por conta da severa deficiência da atual legislação. Com tantas emendas que foram feitas ao longo das décadas, parece que ninguém mais consegue entender o que realmente estamos aplicando.
As propostas também não são novas, pois copiam o modelo europeu de cobrança no consumo, com duas siglas em nosso caso: uma federal e estadual, e outra para os municípios. Tudo seria cobrado de uma única vez, o que traria grandes vantagens, para depois ser distribuído. É aí que surge a grande confusão que precisa ser resolvida.
Essa distribuição é tão disputada que há um prazo de 8 anos para que os entes federativos ajustem as alíquotas entre si.
A própria Reforma prevê décadas para ser totalmente implementada, o que mostra a complexidade do sistema que se propõe substituir.
O modelo proposto é, de fato, simples. Cobrança no consumo, dois tipos de Imposto sobre Valor Agregado (IVA), e a arrecadação é posteriormente distribuída entre os níveis federal, estadual e municipal. São previstas três alíquotas: integral, com redução de 50% e isentos. Haverá devolução de imposto na compra de produtos da cesta básica. Tudo será compensado na cadeia de produção, eliminando a cobrança em cascata.
O aumento da cobrança de impostos sobre serviços também está gerando resistência. No entanto, devemos considerar que o setor de serviços é o maior em economias modernas, substituindo a indústria. Portanto, é natural que a cobrança de impostos seja direcionada a esse setor.
Neste momento, é importante preservar a indústria permanentemente em crise e garantir que o setor exportador continue competitivo.
Em todas essas questões, os interesses são desafiados e reagem, o que torna extremamente difícil que uma reforma seja bem-sucedida.
Será que desta vez vai dar certo?








