
Depois de alguns meses de queda na popularidade — que, aliás, não tirou de Lula a liderança na corrida presidencial de 2026 —, a recuperação começou a aparecer. A queda havia sido provocada, principalmente, pela alta mundial no preço dos alimentos e por uma campanha fake sobre a “taxação do PIX”, iniciada em dezembro.
Algumas pesquisas mais recentes já vinham mostrando estabilidade na aprovação. A divulgada hoje pelo Datafolha mostra crescimento nos números. Lula recupera justamente onde mais havia perdido: no Nordeste, entre as mulheres e a população de meia idade. Mas o maior crescimento, segundo o Datafolha, veio entre os mais escolarizados e melhor informados— o que sugere o peso da campanha de desinformação sobre os grupos com menos acesso à informação e, como observou Marcos Coimbra, menos interessados por política fora dos períodos eleitorais.
A avaliação parece bastante correta, especialmente vinda de um mestre em pesquisas. E, sendo assim, é de se esperar uma recuperação mais ampla da popularidade do governo e de Lula, à medida que a informação começa a se espalhar do centro mais atento para a base mais ampla da população.
Não se trata de criar expectativas irreais: os números tendem a refletir, de novo, a divisão do país, marcada por uma polarização persistente. A diferença é que agora a extrema direita está sem candidato, batendo cabeça para tentar segurar o patrimônio eleitoral que herdou de Bolsonaro.
Na minha opinião, esse patrimônio vai encolher. O novo candidato — ainda desconhecido — não vai sustentar o estilo bolsonarista, porque sabe que isso faz perder votos. Mas, ao mesmo tempo, não conseguirá atrair o centro. Resultado: pode acabar perdendo também uma parte do eleitorado mais extremista.
Mas isso é para logo ali. Nem está tão distante assim. Ontem, por exemplo, o deputado aloprado de Minas, que foi um dos grandes propagadores da fake news do PIX, tentou ressuscitar o assunto. Não teve um milímetro do sucesso anterior. Mas o movimento mostra que eles perceberam a retomada de popularidade do governo e já se preparam para recomeçar a campanha de mentiras para tentar conter a nova tendência.
Vida que segue.
Ah — e sobre a avalanche de pesquisas divulgadas nas últimas semanas: ela chegou ao fim. Afinal, mostrar a recuperação gradual da popularidade de Lula não é — e nunca foi — o objetivo dessa sequência inusitada. Perdeu a serventia. E, por isso, vai parar.
Uma resposta para “Fim da avalanche de pesquisas?”
Excelente análise! Está acontecendo exatamente o quê você havia previsto antes. Parabéns pelo excelente nível de j girmação e pela análise!
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