Extremistas aqui, ali, por todo lado. E dai?

Também na Alemanha — um país emblemático — a extrema direita colheu bons resultados na eleição do último final de semana. Assim como em Portugal, Espanha e França, cresce em presença no parlamento, sem obter a vitória numérica. Depois, acaba isolada na composição do governo, ficando de fora do poder executivo.

Na Alemanha, há um ponto específico: a maioria dos votos dos extremistas vem da região da antiga Alemanha Oriental, revelando que a divisão no país ainda persiste. A campanha da extrema direita segue o mesmo discurso dos vizinhos, com xenofobia e ódio a imigrantes.

A crise do aumento do custo do gás, devido ao boicote às importações da Rússia, afetou toda a Europa, mas teve impacto especial na Alemanha — o maior polo industrial e o mais dependente de energia. O novo chanceler parece disposto a corrigir o rumo, e o retorno do gás russo, impulsionado pela reabilitação de Putin trazida por Trump, pode baratear os custos industriais cruciais.

O inimigo da vez é a China, e romper a atual simbiose entre Rússia e China é o objetivo declarado dos EUA. A Europa pode acabar embarcando nessa, ainda que a contragosto.

A guerra na Ucrânia, que parece avançar para uma solução, mostrará para onde as forças econômicas irão se mover.


Nas Américas, o discurso extremista voltou a crescer, recuperando parte do espaço perdido após o fracasso das ditaduras no Sul e no Centro. Mas a disputa segue acirrada.

Agora em abril, teremos o segundo turno no Equador, e o Correísmo segue com chances de vitória contra o atual presidente, Noboa. Ele, que foi um dos ícones extremistas recentes, vê sua reeleição ameaçada. Ninguém consegue uma vitória folgada em lugar nenhum, com diferenças menores de 3% na maioria dos países. A exceção é a Argentina, onde Milei venceu com folga, mas agora segue com muita retórica, afundando a economia do país enquanto recebe elogios mundiais.

Nos EUA, dizem que Trump está recuando de todas as suas promessas. Alguém comparou os primeiros meses do governo Trump com o mesmo período de Biden e revelou que o número de deportados de Biden foi o dobro.

Quanto à guerra comercial, Trump segue com ameaças para todos os lados. Certamente, colherá inflação. O dólar segue desvalorizando no mundo, e os resultados só serão conhecidos no médio prazo — isso se os norte-americanos engolirem a inflação, o que é improvável.


Aqui no Brasil, o STF posicionou o ex-presidente na mira. A denúncia da PGR enterrou todas as falsas esperanças de anistia.

A cada novo vazamento de áudio, fica mais clara a ação dos militares aliados ao bolsonarismo para destruir a democracia. Ainda faltam os políticos que participaram da intentona golpista.

Enquanto isso, os “herdeiros” do bolsonarismo não conseguem se firmar e dispersam cada vez mais os votos do ex-presidente. Pode chegar ao ponto — e já ouvimos isso — de que um sobrenome Bolsonaro será a única forma de manter parte do eleitorado. Vêm para perder, mas seguem fazendo bancadas federais.

O resultado é imprevisível no momento, mas arrisco pensar em queda e votos cada vez mais dispersos entre os candidatos da direita.

Não tenho dúvidas da candidatura de Lula, e também de sua vitória, apertada, seja contra quem for. A questão central será formar bancadas no Congresso e enfrentar, a partir de 2030, mais uma tentativa de emplacar o semipresidencialismo.


Assunto para depois de 2030, entretanto.

Então é isso. Os extremistas continuam ciscando no terreiro, de onde nunca saíram. Eventualmente vencem, fazem governos ruins e perdem em seguida.

O que queria destacar é que, apesar da retórica cada vez mais furiosa, eles ainda disputam as eleições democraticamente.

Sim, usam mentiras e muita gritaria. Mas ganham e perdem como qualquer outra força política. Entram e saem, aceitando as escolhas do eleitorado.

Se continuarem assim, logo ninguém mais vai chamá-los de extremistas. Vamos nos vacinando contra as fake news, nossos ouvidos se acostumando com a retórica vazia, e seguimos disputando eleições, ganhando e perdendo.

Golpe? É desejo dessa turma autoritária, mas cada vez mais distante e improvável.

Seguir.

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