
Acima, ilustrando o post, observe atentamente a chamada do Estadão para leitura da coluna do rapaz aí.
Segundo afirma, nenhum dinheiro é gasto pelo governo para cobrir os quase R$ 800 bilhões em juros só em 2024, por conta da louca escalada patrocinada pelo bolsonarista em vias de extinção que controla nosso desafortunado Banco Central.
O que acontece, nos ensina, é que os juros são cobertos com emissão de mais títulos, numa espiral infinita, onde penso entender o argumento do genial economista, crescente de mais dívidas e juros, que nunca serão resgatados, mas rolados eternamente. Se entendi.
Sensacional: a dívida pública, mesmo ultrapassando o PIB muitas vezes, pode seguir crescendo indefinidamente porque o governo nunca vai precisar pagar.
Não é uma descoberta desconcertante?
Penso ser essa a maior besteira em matéria econômica que li na minha vida.
Cartas para a redação.
Atualização : Um querido leitor me chamou a atenção para a natureza da dívida pública : “ não se paga, refinancia”. E que a isso o autor tenha tentado explicar. Entendo, concordo, mas meu ponto é que em última instância a dívida é supostamente paga. Se num primeiro momento a avaliação recai sobre a capacidade de rolagem, essa capacidade não é ilimitada. E quem paga, se pagar, quando pagar, são os nossos impostos.
2 respostas para “Jênio da economia.”
Bom dia, Marcelo. Como vão as coisas por aí?
Sabe que desde a época da faculdade eu ouço — até da turma mais heterodoxa mesmo — que “dívida não se paga, dívida se rola”.
Eu não li a matéria do rapaz no Estadão, mas no exercício da imaginação do que ele pode ter argumentado, acredito que ele esteja se referindo a este processo.
De um modo geral, o tamanho da dívida em termos absolutos importa pouco. Os agentes econômicos (o tal “mercado) ocupam-se de desenhar cenários e antecipar consequências da condução da política econômica (tanto monetária, quanto fiscal). Nessa perspectiva, o grande norte deste tema se torna não a dívida por si, mas o famigerado indicador Dívida/PIB.
Preocupa saber se no futuro, como consequência de sua gestão, o governo terá boa capacidade de “rolar a dívida” (emitir dívida nova pra pagar a dívida antiga) pois essa confiança na solvência é que vai determinar o custo de fazê-lo. Se um devedor dá sinais de que conseguirá honrar seus compromissos financeiros, os credores exigirão um custo menor pelo empréstimo (assim se determinam os juros).
Claro que dito dessa forma, sem o devido cuidado, o autor abre margem para interpretações diversas do tema, mas em termos práticos, eu acho que ele está mesmo ocupado em fazer essa provocação sobre o problema fiscal que tanto está em pauta.
Aproveito, neste comentário, para te parabenizar pela dedicação, pela qualidade da escrita e pela intelectualidade dos seus posts, sempre muito provocativos.
Grande abraço.
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Bom dia. Obrigado pelo comentário. Você sabe que não tento uma abordagem acadêmica, faço dentro dos meus limites. E essa questão dos juros – e como mudam os argumentos para sempre mantê-los na lua – é crucial. E tem quase a sua idade. Você tem razão, mas os bilhões gastos em juros não são mágicos, não são apenas rolagem de dívida. Troca de velha por uma nova. É um mecanismo de concentração de renda, perversidade, que eu chamo de pedagio que pagamos para a democracia ser “ engolida” pelo mercado. E que, em última instância, quem paga somos todos nós. Seja com emissão de mais dívidas ou em um eventual resgate, como já aconteceu no passado, quando a dívida líquida chegou a 60% e a líquida a 34% ( +-) . Grande abraço.
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