Tesoura Afiada.

Ninguém pode ignorar a importância do debate que está sendo travado neste momento, sobretudo dentro do maior partido de esquerda do nosso país, o Partido dos Trabalhadores.

Não vou reprisar os embates que envolveram ministros, deputados, senadores e a presidenta Gleisi, todos disputando o teor do corte que foi anunciado, mas ainda não inteiramente revelado.

Este anúncio, que não deve passar desta semana, promete ser, sem dúvida, muito relevante.

Inúmeras vezes procuramos mostrar a importância do cumprimento das metas fiscais, no mesmo sentido da redução da taxa absurda de juros no Brasil. O mercado futuro de dólar age de forma coordenada em ataques especulativos perigosos, como estamos vendo acontecer. Nenhuma razão objetiva justifica isso, e, somado à omissão criminosa do atual Banco Central, coloca a questão do câmbio em posição de provocar problemas na inflação, alimentando um ciclo de más notícias que se retroalimenta e arrisca as conquistas dos dois primeiros anos do governo. Sem falar no risco que isso representa para os dois próximos anos, decisivos em termos eleitorais.

Estamos naquele exato momento em que, apesar de todas as conquistas e retomadas, o governo precisa se reposicionar para avançar.

Se conseguir, de fato, incluir no pacote a ser anunciado uma série de práticas antigas e prejudiciais, eliminando desvios de finalidade, despesas mal formuladas e outras que já nem deveriam existir, o esforço para reduzir gastos excedentes e desnecessários deve ser, então, valorizado.

Mas, como ainda não sabemos exatamente o que virá, e devido às queixas de grupos progressistas e até mesmo do PT, é de se esperar que alguns cortes dolorosos também ocorram, atraindo críticas e resistências.

Administrar não é apenas fazer o que se quer; é também realizar o que é necessário.

Lamentaria ver cortes que afetem as camadas mais vulneráveis e prefiro aguardar para avaliar o que se está tentando obter.

Além da economia, é claro, objetivos futuros e alternativas serão buscados, o que nos permitirá compreender melhor a decisão.

Muitas vezes lamentamos ver que a preferência de cortes recai sobre os mais necessitados. Mesmo que algumas falhas ocorram em certos benefícios sociais e apoios aos mais frágeis, o dinheiro está indo para quem mais precisa. Corrigir esses pontos é razoável, mas sabemos que há outros lugares em que o resultado favorece camadas sociais privilegiadas e onde não se consegue mexer.

Ainda assim, estamos confiantes, pois o rumo geral do governo é correto, o melhor. Quando algo não sai como queremos, isso não deve ser motivo de desespero ou desânimo. Se falta alguma coisa para conseguirmos controlar o dólar, se os juros estabelecidos pelo nosso Banco Central continuam terrivelmente equivocados, é nesse debate e na correção dos rumos decisivos que devemos colocar nossa força.

E, sem a presença do capital privado, o governo sozinho não vai carregar o país para sempre. Algum sinal precisa ser dado, demonstrando a disposição de cumprir as metas fiscais estabelecidas. A disposição de honrar acordos deve ser absoluta. E, na sequência, seguir com a política de investimentos, pois só assim vamos em frente e, quem sabe, retomar o fôlego.

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