Reconstrução a meio caminho.

Passados quase dois anos do atual mandato e tentando desvendar os caminhos que nos trouxeram até aqui, vale a pena relembrar alguns fatos e assentar certos pontos para, quem sabe, seguir avançando.

Os males que nos afligem não começaram em 2013 com a guerra que nos atingiu; eles sempre estiveram latentes, escondidos desde o fracasso do regime militar, que precisou de duas gerações para que a vergonha fosse esquecida e voltasse a aflorar. Esses males sempre estiveram presentes: nas famílias, nas conversas, nas atitudes, na violência contra minorias, mulheres, negros, indígenas e, sobretudo, contra os pobres.

O caminho da contestação foi aberto pelo Judiciário com o Mensalão, pelas mãos de um juiz preto, nomeado pelo presidente de um partido que ele próprio viria a chamar de ladrões. Dali até 2022 foi ladeira abaixo, com o respiro da vitória de Lula contra o pior presidente que poderíamos ter tido.

Ao assumir em 2022, Lula enfrentava um Congresso hostil, dominado por grupos temáticos que transcendiam os partidos: as bancadas da Bíblia, da Bala e do Boi, os chamados “BBBs”. Mesmo assim, ainda durante o governo Bolsonaro, conseguiu aprovar o orçamento para o primeiro ano de mandato, anulando diversas tentativas de boicote arquitetadas pelo ex-presidente e sua equipe.

Depois, o começo foi muito semelhante ao de seu primeiro mandato, com a classe política esperando as decisões, na maioria das vezes rosnando e lançando “balões de ensaio” além de conviver com as propostas para transferir o poder real do Executivo para o Legislativo. O Congresso que assumiu era idêntico ao anterior, nem melhor, nem pior. Contava com mais representantes do fascismo, mas cujas limitações e incompetência relevantes impediam que representassem uma ameaça real. O estrago era mais retórico do que efetivo. E o resultado das eleições municipais mostrou os limites dessa força que acreditavam ter, mas que não têm.

Concluindo esse segundo ano, é possível afirmar que estamos em condições muito melhores do que no início do mandato. O Congresso, ainda que controle uma parcela enorme do orçamento, o que nem sempre foi usado de forma inadequada, como mostraram as reeleições dos prefeitos, mantém um enorme apetite. E só um presidente com a capacidade de Lula consegue, sem só ceder, surfar em ondas tão agressivas.

E assim tem sido. A decisão sobre sua reeleição encaminha-se naturalmente e, cá entre nós, sem adversário à altura. Mesmo Bolsonaro, que teria a vantagem de ter perdido anteriormente na presidência, não representa um real concorrente. O único adversário é a idade, mas Lula, que sempre repete e demonstra que isso não é um problema e anuncia que viverá até os 120 anos, vislumbra que continuará assim. É muito pedir para um ancião de 81 anos em 2026, mas é ele quem carrega as nossas esperanças de superar os males do Mensalão, da guerra híbrida, do golpe contra Dilma e da Lava Jato. Mais alguns anos de sucesso e tudo isso se tornará história. Mesmo que o fascismo persista, ele não terá forças para vencer. O pós-Lula será em um país social-democrata e próspero.

É nisso que acredito: Efeito Lula. A massa de salários em circulação no Brasil bateu recorde, alcançando R$ 327,7 bilhões em um ano. Esse resultado representa um aumento de 7,2% no trimestre encerrado em setembro deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado.


2 respostas para “Reconstrução a meio caminho.”

  1. Interessante sua análise, e como mesmo mencionou, apenas a idade pode ser um fator a ser considerado. Pena não ter conseguido emplacar um sucessor à altura, e isso leva tempo. Mas melhor iniciar logo do que deixá-lo de fazer, o que pode ter consequências desagradáveis caso seja deixado de lado.

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