A grande Federação.

União Brasil, Republicanos e PP anunciaram uma improvável federação, que se tornaria a maior bancada no Senado com 17 senadores e na Câmara com 151 deputados.

A primeira vista, o anúncio soa como uma ameaça, e pode até ser, também improvável, mas me interessa olhar além das dificuldades momentâneas para o governo negociar com um bloco numeroso e antagônico.

Se a formação das federações continuar avançando, o que parece ser uma tendência a médio prazo, não imediatamente, a dinâmica do funcionamento político no Brasil pode evoluir positivamente, agregando grupos mais identificados ideologicamente e facilitando a escolha do eleitor.

Os conservadores encontraram um nicho eleitoral aparentemente estável, onde a grita moralista, religiosa e o conservadorismo propriamente , encontra eco eleitoral numeroso. Essa descoberta permitiu a eles manobrar para enxergar um futuro político comum, no sentido de se apresentarem sem fingimento ao eleitor, evitando a dispersão dos votos como temos até aqui.

Bem, digamos que continuem fingindo, mas agora agrupados.

Podem assim construir símbolos partidários mais coesos, um PT de direita, além do Bolsonarismo que é personalismo e não busca identificação eleitoral abrangente, senão apenas na figura do líder. Como esse está impedido de seguir, correndo riscos crescentes de impedimentos ainda piores na área criminal, seu legado em disputa que não pode ser conquistado individualmente, tentam coletivamente. E, depois, o que restar do bolsonarismo pode se juntar.

E aí, a Federação conservadora, sem o PL por enquanto, tenta consolidar um escoadouro seguro e estável para os políticos que ali ingressam.

Mesmo que não seja assim a visão de seus promotores, porque tamanha sofisticação política nem passe pela cabeça de seus líderes, talvez pensando no curto prazo somente. Mesmo assim, repito, algumas importantes consequências podem advir da iniciativa.

A primeira seria a maior clareza na identificação do partido com seu eleitor. Outra seria a redução do número de partidos no Congresso. A federação é também consequência das regras de barreira aos pequenos partidos.

Quanto à negociação com governos e aprovação de projetos e leis, o que parece um complicador, pode se tornar uma referência estável e previsível, facilitando os acordos. Digo pensando no médio e longo prazo. E, sem esquecer o atual jogo, que parece um parlamentarismo de orçamento.

No curto prazo, como disse lá no início do post, uma federação desse porte parece ameaçar, e eventualmente pode. Mas esse governo, como os demais, não depende muito de terceiros, senão de seus próprios acertos nas decisões, sobretudo na economia, para sobreviver. A agenda do Congresso está inteiramente liderada pelo governo, o bloco conservador só consegue vitória marginal, periférica, muitas vezes direcionada para agradar grupos econômicos e longe de uma agenda abrangente hegemônica. Para o bem e para o mal.

No horizonte próximo, o quadro não muda, com ou sem a grande federação.

Fica aqui então a minha visão sobre federações, que não devem ser encaradas como ameaças, mas como evolução da política no Brasil, no sentido positivo. E, penso, pode ajudar na identificação do eleitor, promovendo disputas eleitorais interessantes no futuro. Quanto a parlamentarismo, a depender do gosto dos atuais parlamentares, fica do jeito que está, com enormes verbas orçamentárias disponíveis e sem a obrigação do executivo de apresentar bons resultados. A cobrança vai toda para o executivo.

E, cada vez mais, a minha expectativa é o campo popular reaver espaços eleitorais perdidos e ai o jogo no legislativo ficar mais favorável.

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