Apesar de vocês.

Foto por Engin Akyurt em Pexels.com

Em nenhuma hipótese devemos imaginar um impeachment da dupla de Ministros no STF deixados de herança pelo fascismo, apesar de todos os pesares.

Lembro-me do auge da discussão quanto ao impeachment de Fernando Collor, quando Leonel Brizola posicionou-se contra e até procurou o ex-presidente para oferecer apoio, em troca da construção de escolas de tempo integral em todo o Brasil. Collor concordou, mas era tarde demais para ele, e logo em seguida foi derrubado.

Na época, o argumento de Brizola era que a Presidência recém conquistada deveria ser protegida a todo custo, e seria melhor exigir a correção de rumos e trabalhar para a conclusão do mandato e realização de eleições no prazo constitucional. Os crimes, existentes ou não, seriam apurados normalmente pela justiça posteriormente.

Era uma tese difícil de aceitar na época, e de fato, ninguém a aceitou.

O Brasil acabara de sair de uma ditadura de 21 anos, e uma difícil transição havia sido negociada. Uma anistia geral e irrestrita foi imposta pelos militares temerosos de uma revanche. A constituinte seria convocada e uma nova constituição seria escrita, deixando para trás a constituição da ditadura. Tudo estava pronto, mas no dia da posse, o Presidente da transição morreu e o vice, que ninguém queria, assumiu.

Fez um governo desastroso, mas a nova Constituição foi escrita, conduzida por Ulisses Guimarães, que foi um dos avalistas da transição junto com o Presidente Tancredo.

Lembro-me das mãos de Sarney tremendo sem parar e do rosto lívido no dia de sua posse. Sabia que era indesejado e dificilmente conseguiria realizar um bom governo. Foi, de fato, um desastre e ainda promoveu uma mudança na duração de seu mandato de 4 para 5 anos, comprando votos no Congresso. Acredito que tenha se arrependido, porque seu último ano acrescentado foi o pior de todos e deixou o Brasil ainda mais quebrado. É importante lembrar que o país já estava em dificuldades, por isso os militares saíram pela porta dos fundos, com o último ditador recusando-se a fazer a passagem da faixa e deixando o Palácio pelos fundos.

Foi então que Collor ganhou, numa disputa apertada com Lula, e iniciou seu governo de choque, com um plano fracassado atrás do outro e comissões cobradas pelo capanga PC Farias. Foi denunciado pelo próprio irmão.

E seu governo chegou ao fim.

O que estou tentando dizer é que a estabilidade e a previsibilidade são necessárias para a convivência democrática. A democracia precisa de paz e da capacidade de prever o que acontecerá no dia seguinte. Mesmo com suas deficiências, ela precisa ser preservada. É claro que não estou defendendo ladrões e corruptos, mas a verdade histórica é que Collor não foi mais ladrão que Temer e não era mais corrupto do que Bolsonaro. Ele foi engolido pela nossa inexperiência e afobação, algo que Brizola tentou explicar. Ele sabia e dizia que a banalização de um ataque contra a presidência cobraria um preço caro mais adiante. E a história mostrou o quanto ele estava certo.

Isso é apenas uma proposta para reflexão.

E agora, quanto aos dois Ministros nomeados pelo fascista no STF, não foram eles nomeados por um presidente eleito? Não cumpriram as exigências curriculares, não foram sabatinados e aprovados pelo Senado?

Então, eles permanecem. Até mesmo como uma lembrança negativa da terrível escolha feita pelos brasileiros.

E, por último, mais uma observação. O Ministro Alexandre de Moraes foi nomeado por Temer e antes disso era Secretário de Justiça em São Paulo, tornando-se notório por liderar diligências com a polícia – de foice nas mãos – para erradicar plantações de maconha.

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