Durante todo o dia de ontem, acompanhei a sequência de notícias policiais sobre as atividades criminosas do antigo grupo que cercava o ex-presidente, no Palácio.

Uma série de crimes dos mais variados tipos, que estão sendo catalogados aos poucos, devido à sua grande quantidade.

Peculato, contrabando, ocultação de patrimônio, sonegação e formação de quadrilha são apenas alguns exemplos.

E, aparentemente, estamos apenas no começo.

A questão da apropriação das joias já era conhecida, o TCU até mesmo solicitou e recuperou algumas delas. A partir daí, uma série de falcatruas começou a vir à tona, incluindo a recompra de um relógio de diamantes que havia sido vendido em um leilão nos EUA, além de outros itens que não constavam na lista oficial de presentes recebidos durante a presidência.

A tese que eles irão defender ainda não surgiu. Inicialmente, tentaram alegar que esses bens eram de natureza pessoal, propriedade do Presidente, independentemente de seu valor. No entanto, essa justificativa não se sustentou, e acredito que eles tentarão elaborar outras histórias mirabolantes e negativas.

A verdade é que todos já esperavam que algo assim viesse à tona. Até o momento, a surpresa foi o descobrimento de um assalto grotesco e amador, com a participação de várias figuras de alta patente, incluindo generais. A fortuna acumulada pelos Bolsonaros, estimada em cerca de 100 imóveis, sendo metade adquirida em dinheiro vivo, deixou claro com quem estávamos lidando e o que poderíamos esperar.

Será que finalmente chegou o dia?

Toda essa corrupção só veio à tona porque Mauro Cid e seu grupo tentaram apagar as provas dos computadores, embora tenham negligenciado os arquivos nas lixeiras. Além disso, o próprio entorno de Cid fazia questão de documentar todas as atividades ilícitas, transformando os atos e ordens em práticas de uma quadrilha oficial. Eles sabiam exatamente o que estavam fazendo, e a tentativa fracassada de eliminar os registros não deixa margem para dúvidas.

Parece que ainda há muito mais a ser revelado. Geralmente, esses vazamentos começam com informações mais óbvias e escancaradas e, com o tempo, avançam para detalhes mais complexos e crimes mais graves.

A classe política já está se adaptando à situação, trabalhando nos bastidores para forjar acordos e delinear o futuro sem a influência tão forte do Bolsonarismo. As ações ousadas de Tarcísio e Zema refletem essa disputa, que provavelmente se intensificará.

O Brasil está enfrentando uma de suas maiores vergonhas, que custou milhares de vidas. Isso, espero eu, vai finalmente tornar evidente o mal que a presença militar pode causar na vida civil, em todos os aspectos: incompetência, arrogância, deslealdade, ignorância, incapacidade e agora também corrupção e desonestidade. Claro, isso não se aplica a todos, mas está cada vez mais difícil distinguir ou reconhecer as diferenças.

O escândalo até mesmo afetou o lançamento e divulgação do Novo PAC, onde o novo governo pretende investir extraordinários R$1,7 trilhão. Felizmente, estamos superando isso, e o pior parece estar ficando para trás.

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