Demoliram a Ponte para o Futuro.

Todas as vezes que anunciarem programas de governo no Brasil, observe o objetivo cuidadosamente. Se o objetivo é promover crescimento concentrando renda e sacrificando os mais pobres, vai fracassar.

E não é uma questão óbvia, entenda. Tem lógica planejar enriquecer parte da população a curto prazo e esperar que isso gere crescimento geral no médio e longo prazo.

Esse é, no fim das contas, o conceito de capitalismo.

Convivemos com políticas assim explicitamente. Delfim Neto, quando Ministro da Economia no período militar de 64, dizia exatamente trabalhar para que o bolo crescesse e depois distribuir. O bolo até cresceu, por alguns anos, e depois terminou mais ou menos do jeito que Guedes e Bolsonaro estão entregando o país agora: na lona. Isso parece ser a consequência fatal da influência dos militares na administração pública. A distribuição não ocorreu.

Não é algo óbvio, mas foi constatado recentemente. Até a chegada de Lula à Presidência, minha geração não sabia como promover crescimento econômico distribuindo a riqueza. Ninguém sabia que era possível aumentar o salário mínimo acima da inflação, somando o crescimento do PIB ao aumento. Ninguém sabia que incluir os pobres no orçamento promovia a riqueza geral.

Ninguém sabia. E por falta de conhecimento ou por desejarem resultados diferentes, ninguém fazia nada disso, e colhia-se sempre resultados pífios no crescimento do PIB nacional.

Isso inclui o Plano Real, que acabou com o flagelo da inflação, mas também promoveu concentração de renda e quebrou o Brasil, precisando de empréstimos bilionários do FMI, inclusive para comprar a reeleição de FHC. O fim do governo FHC foi mais ou menos o que está acontecendo na Argentina atualmente.

E depois dos anos de crescimento com distribuição de renda nos governos de Lula 1 e 2, tivemos o golpe contra Dilma e o retorno dos projetos do tipo anterior, com resultados previsíveis.

Estou falando da “Ponte para o Futuro” de Temer/Meirelles.

Aqui vale um parênteses sobre Meirelles. Durante seus anos como Presidente do Banco Central, ele foi aclamado como o melhor do mundo, mas como Ministro da Economia de Temer foi um desastre. A diferença, perceba, estava na orientação do governo, ou seja, faltou a Meirelles um Lula e sobrou um Temer. O resultado foi o fiasco da “Ponte para o Futuro”, cujos números começaram a ser divulgados e estudados agora. Basta citar que no período de 2017-2022, o crescimento médio do PIB foi de 1,5%, abaixo da média histórica nacional, que nunca foi lá grande coisa. Muito abaixo da média do período Lula/Dilma. Se durante o período recente tivemos a pandemia, no governo Lula em 2008 tivemos a crise mundial de crédito e, com Dilma, as pautas bomba e, por fim, o golpe que a derrubou.

Cheguei até aqui para tentarmos compreender o que estamos presenciando. Todas as medidas iniciais do novo governo foram para recompor a proteção social desmantelada e, daqui em diante, esta semana especialmente com votações importantes da Âncora Fiscal, do Carf e da Reforma Tributária, iniciamos o processo de crescimento da economia com distribuição de renda.

A nova Âncora promove o ajuste fiscal pela receita e a Reforma Tributária tentará equilibrar os impostos de forma mais justa no consumo, privilegiando o básico. Isso, evidentemente, ajuda a camada mais pobre da população.

Este é o roteiro. Com o passado de fracassos econômicos, aprendemos o que funcionará efetivamente em nossa economia.

E sabemos o que enfrentamos quando temos uma “Ponte para o Futuro” em nosso caminho.

Que, se os projetos forem aprovados nesta semana, está sendo completamente demolida.

Adeus.


3 respostas para “Demoliram a Ponte para o Futuro.”

  1. Para não dizer que estamos passando páginas, no 10° parágrafo, onde está “o governo Lula em 2018” corrigir para 2008 tivemos a crise do crédito(…)!
    Sempre muito bom os textos!

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