Baile de Máscaras

Parecem haver dúvidas quanto ao momento vivido entre as relações do Congresso com o executivo, com o governo Lula especificamente , quando na mesma semana em que aprova a tão aguardada nova Âncora Fiscal com votação expressiva, recebe contra si aprovação de urgência de projeto que pretende reorganizar a administração do governo em áreas sensíveis como meio ambiente e Abin.

Vale observar que essa ideia de votar urgência, evitando passar pelas comissões da casa, esta cada vez mais banalizada e se por um lado reforça a presidência da casa legislativa, enfraquece a atividade individual parlamentar. Esse tipo de atalho parece agradar todo mundo, mas não é assim, acumula tensões que podem desaguar mais a frente.

Enquanto o jogo inicia, segundo palavras do presidente comentando essa iniciativa do congresso contra seu arranjo administrativo, no sentido de disputa entre poderes, fica a pergunta do que exatamente estão disputando.

A primeira e evidente resposta seria o orçamento, quanto e para quem os bilhões do orçamento seriam encaminhados, e, sobretudo, por quem.

Ai entre aquela história de emendas secretas de decisão da mesa da Câmara, concentrada no presidente Lira. Esse ponto está superado por decisão do STF, restando a Câmara avançar sobre o orçamento de forma institucional e transparente.

E quem liberaria os recursos, porque o Ministro Padilha a principio ficou encarregado da função e o parlamento não quer engolir essa atribuição retirada e a quer de volta.

Mas essa disputa por recursos é a primeira camada do jogo.

Dos 513 deputados federais, agora dizem que o governo consegue além dos 130 de sua base original eleitos, mais 60 de partidos distintos fidelizados, totalizando 190. O partido do ex presidente, que já esta dividido também, mas vá lá, não esta em nenhuma federação e segue solitário, mais próximo de PP e Novo na oposição. Somados dariam uns 150. Então de 513 temos 190 de um lado e 150 de outro, sobrando 173.

Que seriam aquele propensos a votar seguindo orientação do Centrão e do chefe Lira.

Observe que nenhum desses blocos, 190, 150 e 173, tem sozinho número para aprovar nada, nem maioria simples de metade mais um que seriam 258 votos e muito menos mudança constitucional 342. E o governo tem mais de 171 votos que seriam os necessários para barrar tentativas de impeachment.

A situação sugere que o Centrão e o governo não trabalham para paralisar o pais, a oposição é a oposição.

O que o Centrão e Lira querem é manter a agenda conservadora ativa, porque dependem dela para a disputa com a oposição, porque não são aliados e disputam os votos do mesmo eleitor, basicamente, excluindo os extremistas.

O governo corre em raia eleitoral distinta, e trabalha para atrair parte dos votos que não teve na eleição, das camadas médias da sociedade.

O jogo da política não é o jogo do dinheiro, esse vem depois, o verdadeiro jogo é o do poder.

Assisti atentamente ontem o Programa da TV247 Forças do Brasil, com o jornalista Mario Vitor Santos entrevistando o Ministro da Justiça Flávio Dino.

Minha primeira reação foi de preocupação como a relação entre Congresso e governo foi descrita por Dino, de quase antagônicos, adversários, de solução distante. Essa foi a avaliação, mas na medida que avançava a conversa e os adjetivos usados para descrever essa relação surgiam, e confesso que achei pesados, fui percebendo que o tal jogo ao qual Lula se referiu estava sendo jogado ali pelo ministro, ia amontoando mais e mais obstáculos que o Congresso criava e impedia o governo de avançar, destacando a agenda ambiental, e a cada adjetivo empilhava maior carga no legislativo da responsabilidade na agenda muito importante, valorizada e popular, tanto interna quanto externamente: a ambiental.

Acaso o Congresso assume uma posição de boicotar a agenda ambiental do pais? Assume exterminar os índios e tomar as suas terras?

Duvido.

Fizeram um movimento para capturar a agenda do governo mas esqueceram que iriam enfrentar reação.

Ela veio e os deputados estão calados, meio sem saber qual rumo tomar.

Quem parir o Bebê de Rosemary vai ter que embalar.

Por enquanto o governo mandou avisar que o filho é teu, Câmara dos Deputados.

Que o embale…..


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