As Bancadas Temáticas e o novo Congresso.

A presença de bancadas temáticas organizadas para proteger interesses de grupo de poder específicos, as famosas bancadas da bala, do boi e da Bíblia, não é uma força tradicional da distribuição de poder no parlamento brasileiro. Por certo interesses de alguns grupos eventualmente podem colidir com a orientação coletiva normal da liderança dos partidos, em certas votações, e essas individualidades eram ou enquadradas ou até expulsos dos quadros partidários.

No período da crise que culminou no afastamento da Presidenta Dilma, sem crime de responsabilidade, muito se falou da existência e atuação dessas bancadas temáticas, num sinal inequívoco da desorganização partidária estimulada pela disputa de poder instalado na guerra hibrida interna e externa em andamento.

Após a posse do golpista Temer essas bancadas temáticas, sempre as principais bala, boi e Bíblia, passaram por um período de acomodação, reforçando o caráter artificial de sua organicidade, de servir de elemento desestabilizador do funcionamento saudável dos partidos.

No momento seguinte com a vitória de Bolsonaro, parecia que tomariam o parlamento de roldão estimulados pelo discurso de negação da política do presidente eleito, discurso a feição daqueles pretendentes a impor pautas setoriais.

De fato assim pretendeu funcionar o parlamento no início do desgoverno Bolsonaro, o chefe por si mesmo uma lástima ambulante estimulou e arrastou consigo as bandeiras temáticas dos grupos e logrou por fim desorganizar o funcionamento do Congresso que nunca foi lá essas coisas.

Com o orçamento secreto das emendas obrigatórias, o governo Bolsonaro reagrupou suas tropa dispersas em discussões privadas, conseguindo aprovar seus projetos no legislativo.

Dessa forma que os partidos chegaram para esse novo mandato, relativamente reagrupados por bilhões em interesses, comandados pelos presidentes Lira e Pacheco e acostumados por essa distribuição indiscriminada de recursos.

Mas o resultado da eleição foi outro.

E aos poucos o orçamento secreto deixou de existir, os encaminhamentos de emendas passou para outras mãos, o reagrupamento dos partidos na novidade das federações alinhavando parcerias impensáveis e tudo isso ainda em período de testes.

Estamos nos aproximando das grandes votações, Arcabouço Fiscal ,Reforma tributária e alguns Medidas Provisórias.

E já neste período que antecede essas votações, no aquecimento, algumas menções as bancadas temáticas ressurgem no horizonte. Na votação da PL 2630 novamente ouvimos as opiniões desses auto intitulados porta vozes temáticos, em simbiose indispensável com aquela mídia Chacrinha, que não veio para explicar nada senão para confundir.

Nesse processo de formação das federações, na novidade do arranjo e durante a lua de mel de partidos com visões distintas em acomodação, voltar a falar em bancadas temáticas e voltar a dar voz e ouvidos a essa turma só serve para tumultuar e dividir novamente os partidos, agora federações.

Não vão parar, servem para certos propósitos.

Ficar de olho.


Uma resposta para “As Bancadas Temáticas e o novo Congresso.”

  1. O congresso é outro, as bancadas temáticas estão mais ativas e agora discutem apoio por projeto. O que não muda mesmo é a falta de interesse em defender o povo.

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