O ex-presidente FHC completa hoje 92 anos, afastado da arena política e recluso.
De todos que conheço e recordo, foi ele o primeiro a apostar no fracasso do primeiro governo Lula e na volta triunfante dele mesmo. O auto denominado terceira via, uma que supostamente corre entre os extremos da política mundial, aquela que possui todas as virtudes.
Passadas décadas do vaticínio, a tal terceira via não emplacou até hoje.
E o FHC desde então também não acertou uma.
Coisas da vida.
Mesmo assim, conhecendo o equívoco original das previsões catastrofistas, e depois de décadas de equivoco compartilhado com o velho ancião, insistem ainda, e reincidem no erro, a mídia oligárquica nativa.
Incansáveis nas falsas previsões, na verdade são mestres das mentiras e das manipulações.
A parceria com FHC parece finalizada por iniciativa do ancião, cansado de décadas de ladainha inútil. Seus parceiros na mídia seguem, repetindo a cantinela sórdida e repetitiva do desastre inevitável.
De vez em quando atribuem os ventos favoráveis à sorte, o máximo de concessão permitido entre eles.
E, de erros e erros, vamos seguindo com acertos. De fracassos em fracassos, reconstruindo o sucesso.
Enquanto ouvimos os cantos das sereias, os latidos dos cães, as previsões das Casandras eletrônicas.
Passa a caravana.
Alguém lembrou que não existe vento favorável para quem não sabe para onde navega.
E, pior, para quem insiste em navegar na direção contrário dos ventos.
A essa altura não há o que se falar sobre o envolvimento de Generais ou do Alto Comando das Forças Armadas, na escalada de acontecimentos que culminaram na depredação da Praça dos Três Poderes no dia 08/01.
Foi uma baderna construída através dos anos, com a participação de militares da ativa, talvez inaugurada ainda no governo Dilma com o General Mourão, afastado pela Presidenta na época por ato de indisciplina.
Mourão foi parar na chapa vencedora como vice.
Depois dele, como que destravando ou tornando público, o comportamento dos mais altos comandantes da Forças Armadas desandou, com episódios de insubordinação ao poder civil em sequência e em tom crescente.
Todos os Generais que passaram depois a compor o governo Bolsonaro ativamente, em cargo civil ou militar, em algum momento antes ou durante o período que antecedeu a vitória do miliciano, fizeram ameaças ao poder civil explicitamente, escolhendo como inimigo e alvo preferencial o PT.
Villas Boas, Heleno, Mourão, Pazzuelo, Etchegoien, Braga Neto e outros, todos Generais do Alto Comando e todos diretamente envolvidos na administração do governo Bolsonaro.
Ao todo, cerca de 9 mil militares foram trabalhar no governo do fascismo.
Que acabou em um desastre de incompetência e burrice, que conduziu o país em uma Pandemia negando a gravidade e até a existência do mal, negando vacinas para a população enquanto negociavam a preço vil a sua compra obscura.
Casos e mais casos de corrupção ainda por descobrir, mas o que já sabemos confirma a pior espectativa do estilo militar de ocultar decisões e vender por fora a solução.
Não foi a primeira vez.
Então, se chegamos aos fatos do dia 08/01, os celulares de algumas figuras intermédias mostram a familiaridade e empenho com que lidavam com a insensatez de um levante militar. Não são esses bobocas os únicos culpados e não serão eles os que deverão pagar o castigo de anos de conspiração.
Porque foi isso que fizeram, o Presidente Bolsonaro, o Alto Comando das Forças que não foi nomeado por ele, porque tem hierarquia própria, a maioria dos seus ministros civis e militares, muitos parlamentares e milhares de cretinos acampados em quartéis.
Foi isso o que aconteceu.
Não precisa de mais provas, vazamentos de celulares, delações, nada disso foi escondido, mas berrado em comícios, festas cívicas e portas de quartéis.
Em editoriais de jornais e revistas, em lives na internet, na TV aberta e na paga.
Na rua, no churrasco, na oficina, no casamento, no batismo e no buteco.
Todo mundo viu e todo mundo ouviu.
E agora eles enfiaram a viola no saco e posam de democratas, respeitáveis cidadãos, amantes da Constituição e das Leis, leais servidores da pátria.
Claro que ninguém pode acreditar em nada disso.
Mas, e daí?
Dai é o que está. Vamos até aqui comendo pelas beiradas, pegamos os patetas que filmaram a própria depredação na praça, pegamos o Cid que deixa seu celular disponível para fornecer provas, pegamos o ex-ministro da Justiça Anderson , que guarda minuta de golpe em casa.
E o genocida, que vai perder os direitos políticos porque promoveu uma reunião para difamar as eleições, as mesmas que serviram para elege-lo.
É muito pouco?
É o bastante?
É o possível?
Nao sabemos, o que sabemos é que nada está resolvido, porque uma onda fascista varre o mundo e também ronda a nossa democracia.
Podemos ser tragados, não me parece provável, reagimos a tempo, estamos na dianteira e conduzindo a recuperação do desastre que deixaram.
Temos uma trégua para encaminhar algumas iniciativas, punir o grupo que promoveu tanta instabilidade e acreditar no dia de amanhã.
Eles estarão sempre por aí.
E nós também.
O Partido Militar pode e deve ser contido, podemos começar por quarentenas e perda da farda quando se lançam em eleições, ganhando ou perdendo. Cortar as asas dos privilégios e negociar a transição para profissionalização.
Por mais vazamentos, minutas e conversas de whatsapp, patentes e pareceres envolvidos, os conhecidos e os ainda por conhecermos, isso e provavelmente muito mais; confesso, não me convenço.
Mesmo que o elo ausente até agora, mostrando explicitamente os nomes Braga Neto, Heleno e Bolsonaro, saltem das telas dos celulares.
Ainda assim não me convenço.
Não me convenço que estivemos a ponto de sofrermos um golpe militar clássico, com uma GLO convocada e tanques queimando óleo nas ruas garantindo a segurança institucional e o funcionamento da República.
É até provável que no passado, e por muito menos, gente do mesmo quilate tenha conseguido surrupiar nossas instituições.
Ou por menores e mais frágeis razões conseguiram assento no trono nacional. Não, não duvido.
E nem basta reconhecer e afirmar outros os tempos, porque agora mesmo na Colombia um presidente eleito enfrenta o golpismo à porta.
O que mudou, então?
Fomos nós, nós mudamos.
Endurecidos por anos de mediocridades, golpes baixos , mentiras escabrosas, pastores alucinados, imprensa cretina, políticos chinfrins e resultados desastrosos.
Reagimos.
Demos um basta.
Dissemos não.
Ou é possível separar a festa da posse do fracasso do levante fascista na semana seguinte?
É possível desconsiderar milhões de votos ainda quentes e contados um a um nas urnas ?
Claro que os aprendizes de golpes ficaram com medo. Claro que refizeram as contas e enfiaram a viola no saco.
O que o celular do Cid, agora Cidão, revela? Uma trama mal ajambrada de derrotados desesperados do segundo e terceiro escalão ,certos do futuro na Papuda.
Nisso acertaram.
Tem muito Cid aí para ser devidamente desconstruído ainda , cada rodada de vazamentos revelam uma faceta nova e novos integrantes da nau sem vento do fascismo.
O próprio Cid, nos diálogos virou Cidão, talvez por seu papel preponderante na turma.
Ou deveríamos pensar em Cidinho, que não fazia era nada além de cumprir ordens?
Talvez um meio termo, um Cidinho no padrão do ex-juiz mineiro, com lado e uma certa iniciativa.
Me refiro ao imortal Cidinho Bola Nossa, juiz dos clássicos entre Atlético e Cruzeiro. Quando já afoito e impaciente com o jogo chegando ao fim, placar em imutável 0x0, com seu Galo do coração finalmente num momento melhor na partida, e ele, o juiz, ajudando o mais que podia. Acontece a dividida e a bola sai pela lateral com a defesa do Cruzeiro desguarnecida. O atacante atleticano encara o árbitro e pergunta de quem é a bola…!?
-É nossa! É nossa!
Respondeu o juiz aflito.
Eram outros tempos, outros Cids.
Esse do clássico virou o Cidinho Bola Nossa.
O do celular, o Cidão, virou amarra-cachorro de fascista.
Até aonde consigo ver, essa fase ainda em desenvolvimento de ativismo judicial do STF foi inaugurada pelo ex-ministro Joaquim Barbosa e sua relatoria no chamado Mensalão.
Que dispara simultaneamente e não por acaso, a guerrilha da mídia corporativa contra os governos do PT.
Barbosa, segundo a capa da Revista Veja de então – que dizia circular na um milhão de exemplares entre consultórios, residências e bancas de jornais e revistas – era o menino pobre que mudou o Brasil.
De fato, para pior .
E depois de Barbosa o que vimos e vemos até hoje, foi uma sequência de intervenções da justiça na rotina e no debate da política brasileira .
Com consequências desastrosas.
Descobrimos cada dia mais que os paladinos da justiça são mais criminosos que os bandidos que diziam combater, e, pior, manipulam a política de fora, utilizando a informação de forma seletiva para influenciar resultados que pretendem obter.
E o que estamos assistindo, depois de um longo e tenebroso inverno, é de certa forma o mesmo ativismo de sinal trocado .
E porque nos serve e age para repor na prateleira um monte de cristais quebrados, também não significa que é a melhor conduta por parte deles .
Nosso Legislativo, impregnado de elementos destrutivos, sempre presentes mas dessa vez em número preocupante e somado as recentes ameaças autoritárias do grupo derrotado na última eleição, acabou por obrigar parte do nosso sistema de justiça, sobretudo o STF, a permanecer na briga política e atuando para normalizar o sistema desequilibrado, provocando um novo arranjo de poder e influências ainda em formação, mas que também não é o ideal .
O fato de ser relevante, importante e decisivo nesses tempos, não significa ser ideal. Ao contrário, aprofunda o desequilíbrio reinante, podendo ser ele também, o STF , motor de futuras crises – como foi até recentemente .
Observado de perto podemos descobrir que seu funcionamento atual precisou ser saneado, isolando os dois últimos nomeados pelo ex-presidente, quando a atual Presidente do Colegiado Rosa Weber, mudou o Regimento Interno da Corte e definiu prazo de 90 dias para a devolução de pedidos de vista nos processos .
Desarmou a dupla, Nunes Marques e André Mendonça, retirando deles uma arma poderosa de boicote ao funcionamento da corte.
E se não fizesse essa manobra, onde estaríamos?
E, mesmo todo esse empenho do Ministro Alexandre de Moraes para enfrentar, primeiro no TSE e nas eleições, e agora contra a ralé golpista que invadiu e depredou a Praça dos Três Poderes, nada disso pode ser encarado como um procedimento desejado de um Ministro e de sua corte .
Sim, sem ele estaríamos muito pior. Sim, sem a interferência anterior do STF no Mensalão e depois na Lava Jato, estaríamos hoje muito melhor .
Essa é uma daquelas reflexões ingratas, parece que é um tipo de pensamento sobre uma catástrofe e se ela poderia ter sido ou não evitada.
E muitas vezes, poderia sim, o que não faz desaparecerem consequências.
Disto que se trata, lidar com as consequências de crises catastróficas e de como evitá-las no futuro.
Nessa equação ainda por formatar, a variável STF também entra e precisa como todas as outras de uma solução.
É verdade que o celular do ajudante de ordens Cid é um maná de descobertas desconcertantes, que o ex-presidente e aquela gente esquisita do lado dele só pensavam loucuras – todos sabemos e sofremos com isso – mas entre isso e a revelação todos os dias de um novo plano golpista vai uma distância.
Praticamente o ajudante Cid só cuidava de depósitos e saques em espécie e de planejamento de golpes de estado.
Também é verdade que só apareceram manés nos vazamentos até o momento. Pode ser a estratégia de vazamentos tantas vezes repetidas, e daqui a pouco os nomes graúdos chegam.
Não que o próprio Cid seja um mané, apesar de agir como um. Apesar de nosso completo desconhecimento dos critérios internos na caserna na classificação de quem é um ou não é – critério claramente discutível. O fato é que Cid caminhava para o generalato, com distinção e pompa.
E, aparentemente, pretendia somar à sua carreira profissional um posto permanente de Ajudante de Ditador.
Vou logo dizendo que aquilo tudo lá era uma baboseira, não nego as intenções do grupo, suas ramificações etc, mas se alguma distinção há entre todos eles é que seriam uma trupe de pândegos de uma causa imaginária. Há quem diga que não passavam de marionetes do Alto Comando, esse sim agindo para perpetuar seus privilégios e posições relevantes na República.
Coisa que conseguem, diga-se, entra governo e sai governo.
Marionetes ou não, Cid e o próprio ex-presidente, todo o grupo palaciano e uns gatos pingados que ocupavam ministérios e cargos relevantes do governo anterior estão na planície e sujeitos a toda sorte de chuvas e trovoadas.
Faltam ainda os generais do Alto Comando para esse cenário do governo anterior ficar esclarecido. Tem CPMI, CPI, inquéritos em todos os níveis, acontecendo simultaneamente, e tem o celular do Cid.
Para quem imaginávamos um profissional de inteligência e segurança nacional, nosso Cid até agora tem se mostrado um trapalhão – golpista – mas trapalhão.
Será um plano, uma tática diversionista, uma cortina de fumaça para esconder os verdadeiros autores de toda a trama?
Difícil, não digo impossível, mas difícil, muito difícil.
Cid, no meu conceito, soma-se aos autores e planejadores do atentado no Riocentro que, ao tentarem explodir uma bomba no meio do público para acusarem a esquerda do atentado, acabaram por explodir o artefato no próprio corpo.
Esse me parece o Cid, um terrorista que carregava uma bomba que explodiu no seu colo.
E quem mandou?
Eis a questão, que serve para hoje e para o ontem ainda sem resposta.
Quando pensamos em casos de condenação por motivo desproporcionalmente menor ao conjunto de crimes cometidos e notórios, só lembramos o famoso caso do Al Capone. Aquele mafioso italiano residente em Boston nos anos 30 do século passado.
Que para abrir seu caminho de contrabando de bebidas alcoólicas, então proibidas nos EUA, usou todo o arsenal de violência e corrupção imaginável, mas acabou preso pela PF de lá por sonegação fiscal.
Apesar da aparente frustação de quem busca justiça, a verdade é que certos cuidados e rigores para a aplicação de lei severas, e suas punições, é muito melhor, e quando essas e aquelas estão cercadas de todas as garantias para proteger quem pode – muitos não podem – de ser tragado no exagero que geralmente acompanha agentes e operadores do direito penal.
O que não será o caso do nosso ex Presidente, um praticante dos maiores e mais variados crimes, todos conhecidos, a maioria em apuração em seus mais de 600 processos ativos.
E quem inaugura o calvário do genocida será o TSE, naquele processo da reunião com embaixadores estrangeiros realizada para atacar a lisura das eleições no Brasil e o uso da urna eletrônica.
Um fato grave, vá lá , mas muito pouco, convenhamos, quando comparado a outros e inúmeros crimes muito mais graves do ex Presidente.
É o nosso Al Capone.
Dia 22 próximo está anunciada a data do julgamento no TSE, tem quem ache que vão adiar por pedido de vista de um daqueles juízes nomeados pelo próprio ex, tem quem diga que será 7×0 a decisão.
O fato é que nosso tresloucado ex Presidente encontra seu destino, ainda não de prisão, que ainda pode acontecer, mas o fato da inelegibilidade abre novas possibilidades a grupos não exatamente do Petismo no poder, talvez da terceira e de outras vias, interessadas na herança dos votos.
Durante todo o dia o Presidente Lula e Ministros estarão reunidos para mais uma avaliação do trabalho executado e fazer uma projeção para os próximos meses.
Essa a pauta anunciada.
Assim como na reunião anterior uma parte pública disponível com a fala do Presidente e a sequencia de caráter privado, como convém.
Cada Ministro terá de 8 a 10 minutos de fala, a princípio, como são 37 ao todo só ai temos 6 horas de reunião, que por conta também disto não tem hora para acabar.
Agora faça um exercício doloroso, tente relembrar aquela reunião gravada e divulgada do encontro do ex Presidente com aquilo que ele chamava de seu Ministério.
Dói, eu sei.
Tivemos o Guedes querendo colocar uma granada no bolso do funcionalismo público, o Salles insistindo que a hora da boiada passar chegou, General organizando as falas, General apoiando seu Chefe Supremo, o Moro entrando e saindo da reunião parecendo que sabia que aquilo ali seria divulgado e o ex ministro da educação que esqueci o nome, conclamando a todos para um engajamento sabe-se lá em quê.
Hoje sabemos.
Ah, e evidentemente o próprio, o ex Presidente, ameaçando a tudo e a todos com substituições, trocas, exonerações, se suas ordens não fossem atendidas.
E aquela cara dele, lembra? Na época as dores abdominais no ventre deviam ser insuportáveis.
Confesso que aquelas cenas mexem comigo, fico pensando como pessoas conhecidas e aparentemente saudáveis conseguem apoiar uma coisa tão horrorosa como aquela.
Nós estamos acostumados a preferir tratar com polêmica e usar preferencialmente a crítica na nossa rotina de observador do panorama econômico e político.
Também a urgência dos temas ocorrem numa sequência do tipo “Velozes e Furiosos”, obrigando quem comenta a pilotar o turbilhão para não ser ultrapassado por ele ou atropelado pela urgência seguinte.
Alguém mais sábio notou que brasileiro não morre de tédio, antes de susto.
Então, calmamente, penso na Petrobrás. Fora aquela polêmica da Margem Equatoriana e seus riscos ambientais, possíveis ou inventados, previsíveis ou imaginários, solucionáveis ou não, o fato é depois dessa a Petrobrás entrou numa calmaria e nela permanece.
O preço dos combustíveis encontra seu equilíbrio, todos os impostos estão novamente reinseridos na planilha de custos, os postos parecem concordar e não estamos vendo tanta variação quase diária no visor das bombas. Os preços acomodaram.
A empresa vai anunciando novos investimentos, segue afirmando a disposição de caminhar para a transição de energia limpa e encontra tempo para cuidar de funcionários praticamente abandonados na gestão passada durante as privatizações.
E não enfrentamos tempos serenos, toda a turbulência no exterior permanece, a guerra Rússia e Ucrânia ainda longe do fim, mercado de petróleo sujeito a cortes de produção, dólar variando enquanto a nova política de juros do FED segue indefinida.
Conjuntura pra lá de enrolada e tão a gosto dos promotores do caos para especular e lucrar com os combustíveis, como sabemos.
E, concluindo, existe uma expectativa que mesmo agora gordos dividendos estão sendo gestados para a alegria geral.
Quem diria?
Daqui a pouco a administração de Prattes deverá ser reconhecida, ele merece, e me faz lembrar da gestão de Meirelles no Banco Central quando foi considerado o melhor do mundo.
Um espectro parece rodar esse Brasil, de tempos em tempos ele aparece e repentinamente as coisas encaixam e todos podem trabalhar em paz e contribuir com o que tem de melhor.
Na política, o noticiário está impregnado da opinião de um certo Lira, aparentemente alçado ao cargo de ouvidor-geral da República, tamanha sua desenvoltura em opinar sobre os mais variados e complexos temas da atualidade.
Substitui os antigos especialistas que de tudo sabiam, e o faz com a vantagem de ser um só, facilitando a tarefa de consulta – os tais especialistas deveriam ser centenas.
Na economia, falta um semelhante, um oráculo infalível e onipresente, que tudo sabe e tudo vê, trazendo a luz àqueles pobres mortais necessitados da verdade oculta.
E enquanto ele não chega, vamos nos virando com coisas do tipo ” que passamos do pessimismo sem motivo para um otimismo sem base”. E olha que isso veio de um economista sério.
Nem antes não tinha motivo, como agora não estamos sem base.
Foram tantos e variados os desatinos anteriores quantas as correções de rumos agora, mas se, incapazes de reconhecerem o desastre do passado, por que imaginar capazes de enxergar o acerto presente?
Atingimos o nirvana?
Não, mas do inferno estamos saindo, por certo.
E é justo incluir no desempenho atual o melhor ajuste da economia por conta do fim da influência paralisante da pandemia, e até isso dificilmente encontramos claramente explícito nos prognósticos.
Talvez uma outra razão exista para tanto equívoco. Chego a suspeitar dos bilhões obtidos por quem aplica dinheiro em títulos de um governo que paga a maior taxa real de juros do mundo. Pode ser. Esse dinheiro está indo para algum lugar.
Aliados à condução de um tesoureiro encastelado no Banco Central do Brasil, defendendo a política derrotada nas urnas e sem enfrentar confronto com a nata dos analistas dos bancos e da imprensa corporativa nativa.
Ao contrário, recebe, o tesoureiro, todo o apoio para permanecer no posto e manter sua posição de garantir primeiro o pagamento do serviço da dívida pública, depois, o que sobrar, para o resto.
Alega lutar contra a inflação, sem que as razões dessa sejam honestamente avaliadas, compreendidas e depois combatidas.
Bem faz a Suécia e seus economistas que, na falta de explicação para o recente surto inflacionário no pais, culpou a Beyoncé. Esta, com sua temporada de shows, desorganizou a economia local.
Não deixa de ser uma explicação, talvez bem mais honesta que a fornecida para os olhos e os ouvidos brasileiros desde sempre.