Copom de agosto de 2024.

Resumo Copom em agosto de 2024 :

“O cenário de política fiscal expansionista e falta de credibilidade no ajuste dificulta o trabalho da política monetária para trazer a inflação para o centro da meta, resultando em juros maiores por mais tempo. Nas projeções de inflação do Copom, a inflação fechará 2024 em 4,2% e irá para 3,6% em 2025. Em um cenário alternativo, no qual a taxa Selic é mantida constante ao longo do horizonte relevante, que é o primeiro trimestre de 2026, as projeções de inflação situam-se em 4,2% para 2024 e 3,4% para 2025.”

Fazer esse tipo de viagem no tempo, relembrando previsões de autoridades e economistas, é o tipo de constatação que mostra o quanto expectativas são desmentidas pelos fatos seguintes — o que, aliás, nenhum economista nega; assumem ser esse o destino da maioria das suas previsões.

Com um pouco de boa vontade, dá para perceber que erram, mas não tanto assim, se pensarmos em termos da memória nacional sobre inflação e em uma certa tolerância para discrepâncias de 1% a mais ou a menos não fazerem diferença. Ou seja, se estão prevendo 4% para a inflação anual e ela chega a 5%, estamos todos perdoados. Assim tem sido.

O problema, no nosso caso, não é esse, mas o teor dos comunicados da época do presidente do BC, Campos Neto. Observe, nos gráficos que adicionei, que do início do desgoverno federal anterior ele derrubou as taxas nos dois primeiros anos e, nos dois seguintes, subiu vertiginosamente. Após Lula assumir, fez novamente cair e depois começa a escalada de juros até chegarmos a este dezembro de 2025 com juros em 15%.

E a inflação, que seria o objetivo de toda essa movimentação? Releia o trecho que anexei no primeiro parágrafo do comunicado do Copom em agosto do ano passado: a previsão de inflação para 2024 é menor que a atual em 2025, quando todas as apostas futuras apontam para queda da taxa, e não sua elevação.

Perceba o quanto essa diferença de prognósticos e ações embute visões de mercado e de governo muito mais do que análise de inflação ou câmbio.

Porque, mesmo a partir de agosto do ano passado, os juros começaram sua escalada e não colheram resultado algum até passar quase um ano, quando aí sim, por volta de junho deste ano, a trajetória da inflação verdadeiramente começou a cair a partir dos efeitos na taxa de câmbio.

Porque as razões destacadas no boletim de 2024 e nos meses seguintes do comando do BC de Campos Neto nada fizeram além de desacreditar o arcabouço fiscal, os investimentos públicos e a trajetória da dívida pública, provocando no mercado a sensação de descontrole fiscal que jamais ocorreu. E nem foi neste governo atual do Lula — nunca ocorreu em nenhum de seus governos anteriores, e estamos vendo a mesma coisa agora. A previsibilidade do compromisso fiscal é absoluta, cumprida. Ponto.

Mas Campos Neto pegou aí o mote para discursar, e o fez dia e noite, enquanto os juros subiam mesmo com as previsões inflacionárias abaixo das atuais.

Quem procurar meus textos da época vai ver que sempre atribuí a esse sujeito todo o mal cambial do início deste ano, que obrigou o atual presidente do BC , Gabriel Galipolo, a manter a política monetária restritiva. E o quanto ele trabalhou alinhado com os objetivos de Paulo Guedes, e como passou a contradizer tudo de Haddad, depois.A questão fiscal desapareceu no horizonte e o foco no câmbio foi assumindo o lugar de onde nunca deveria ter saído e sido negligenciado: se o dólar sobe, sobe a inflação.

O resultado foi a queda do crescimento do PIB em 2025, que ainda se sustentou pela extraordinária força do mercado de serviços, crescimento da massa salarial, exportações e pleno emprego.

Tudo o que Campos Neto imaginava ser deletério não era; o que imaginava não ser, era — e não por incompetência, senão propósito.

Era o discurso do boicote, do ataque especulativo, do freio ao governo que investe e acredita na força da sua gente.

E funciona, para desespero dessa gente que gosta de desemprego, de fome e miséria.

Terminamos 2025 muito melhores do que começamos 2024 — mas muito, muito melhores. Foi um ano para ajustarmos os estragos de um banco central de viés oposto ao programa de governo eleito. Lembrem que convivemos dois anos com Campos Neto boicotando a política econômica.

E os resultados de agora só podem ser obtidos depois de um ano inteiro de sacrifício em forma de juros na lua. É um presidente do BC que trabalha a favor, e não contra, o Brasil.

Com os investimentos segurando, as entregas do governo não cessaram, os programas sociais não pararam. Observe que a variável que faltava não falta mais: um BC honesto nas intenções e na prática.

E 2026 segue melhorando, em tudo — inclusive porque os juros vão cair.

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