Caiu a MP dos BBBs: perder ganhando.

“Câmara derruba MP de Lula que previa tributação de títulos de renda fixa e aumentava a taxação sobre bets. Governo estima rombo de R$ 42 bilhões no Orçamento do ano que vem.”

“MP 1303 não cria novos impostos, ela cumpre o compromisso do presidente Lula de tributar o andar de cima: bancos, juros sobre capital próprio, fintechs e as bets que movimentam fortunas. A proposta enfrenta os privilégios dos super-ricos e fecha brechas usadas por quem lucra sem contribuir com o país.”

“Ficou claro que a pequena parcela muito rica do país não admite que seus privilégios sejam tocados. Não querem pagar impostos como a maioria dos cidadãos. E não querem que o governo tenha recursos para investir em políticas para a população.”

Os três parágrafos anteriores foram recolhidos das redes sociais, aleatoriamente, deixando clara uma posição contrária e consciente do que aconteceu na Câmara ontem à noite, com a recusa da oposição em votar a MP do governo que taxava os BBBs — Bets, Bancos e Bilionários — fazendo com que a validade da MP perdesse valor.

A possibilidade de uma nova MP sobre o tema, com mudanças aqui e ali, é grande, uma vez que recusa de votar não é rejeição, abrindo portas para retorno obedecendo normas regimentais.

Deve ser por aí a decisão do governo sobre a questão, que envolve 17 bilhões de reais para 2025 e 30 bilhões para 2026, mantendo o equilíbrio fiscal e seguindo na busca de maior justiça tributária, obrigando quem não paga ou paga pouco a contribuir mais.

As falas de colocar povo na rua me pareceram exageradas e nem deveriam ser banalizadas a essa altura do campeonato, mas mostram o que de fato esteve por trás do ocorrido, porque a oposição mira o governo de olho nas eleições.

O título que usei remete-se ao placar final da votação — 250 x 200, aproximadamente — mostrando que, apesar de perder numericamente, o governo vem crescendo em apoios dentro do Congresso e dividindo cada vez mais a oposição, que segue sem candidato para disputar em 2026 e sem programa.

Passa a valer a sobrevivência política de cada um dos congressistas, como temos muitas vezes observado.

O cuidado tem sido tanto para não desagradar eleitores que ninguém quis deixar registrado o nome no feito de ontem. Tanto os deputados quanto Tarcísio de Freitas tentaram, com manobras, evitar aparecer protegendo ricos e sonegadores. Tarcísio negou participação, mas todos sabem que mente, e o centrão manobrou para evitar a votação aberta da matéria, votando a retirada da pauta e assim deixando a medida sem validade por ser o último dia para apreciação.

O governo sentiu o bom momento, nas circunstâncias que tentei explicitar, e reage de forma distinta das outras vezes, apontando culpados e interesses, e aceitando a briga intempestiva do pleito eleitoral.

De certa forma, a principal vitrine do ano — a isenção do IR para quem ganha até 5 mil mensais — está garantida, e daqui em diante tudo é lucro e vale carimbar interesses, porque ano que vem vai valer ouro saber quem é quem.

Por isso, alguns fogem e outros se atiram.

E o recado é que cada vez mais o governo impõe suas pautas e, quem sabe, consegue fazer bancada mais favorável numericamente no ano que vem?

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