
O título é evidentemente uma provocação, mas, como toda boa, tem um fundo de verdade.
O telefonema entre Lula e Trump de ontem pegou, novamente, o mundo de surpresa. Os relatos de apreços mútuos prosseguiram e cobriram o bolsonarismo de indelével derrota.
Se insistem na votação de anistia é porque não têm nada mais a fazer, senão tumultuar, cada vez com menor sucesso. E a Câmara seguir na pauta da dosimetria parece mais tentar virar de vez a página — não sem antes pescar votos no bolsonarismo.
Telefonemas entre presidentes não acontecem para resolver nada, mas para início de relacionamentos futuros ou conclusão de algum acordo. A verdadeira disputa acontece entre ministros e secretários, embaixadores, até chegar a algum termo — ou nenhum, a ver.
A indicação do nazista Rubio para seguir nas tratativas com o Brasil foi comemorada pelos bolsonaristas, que, por sinal, foram deixados totalmente no escuro — antes, durante e provavelmente depois do telefonema. Mas a comemoração não faz o menor sentido, porque, segundo avaliação do governo brasileiro, Rubio vai fazer o que Trump definir, não o contrário.
A aproximação entre Lula e Trump, entretanto, revela outro personagem que dizem ser o rival de Rubio nas decisões de Trump: Richard Grenell, que seria o rival interno de Rubio e responsável pela aproximação com o Brasil.
Mais pragmático e menos ideológico que Rubio, dizem atuar também para negociar com a Venezuela o fim de sanções e o encaminhamento de acordos.
O que, se for verdade — e parece ser —, apesar da escolha de Rubio para seguir nas tratativas com o Brasil, o fato é que os vazamentos e as influências nunca acontecem por acaso e podem indicar que Trump percebe seu isolamento e começa a se deslocar para o mundo real, com menos ideologia no comércio, ao menos.
A ver.
Em todo caso, ficamos avisados das possibilidades e aguardamos o desfecho.
Além de tudo, o assunto anistia, prisão e Bolsonaro não entrou na conversa entre os dois presidentes — até onde sabemos. E sabemos que Lula, além do fim das tarifas, incluiu o fim das sanções de autoridades brasileiras nas conversas.
A proximidade da prisão de Bolsonaro será o teste dessas conversações: se os EUA e Trump insistem em interferir e usar tarifas como ataques ao Brasil, ou se vão — como estamos fazendo — virar de vez essa página e deixar a Justiça cuidar dos criminosos e seus crimes.
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