O avesso do avesso do avesso.

A movimentação na semana do julgamento do governador de SP, Tarcísio de Freitas, agitando a bandeira da anistia para golpistas, foi e continua sendo uma iniciativa eleitoral, muito mais que qualquer outra coisa.

Que eles têm números na Câmara para aprovar tal insanidade não é bom duvidar. A atual Câmara ainda é o retrato do golpe de 2018 seguido do bolsonarismo, e ali se tenta prolongar ao máximo certas tendências que começam a mofar.

Tem muitas personagens girando sobre o tema que, embora concorrendo com a pauta do julgamento, conseguem atrair atenções.

Tarcísio quer os votos do chefe. Atacado pelos filhos e chamado de rato, precisou apelar para afrontar o STF e a Constituição, a fim de agradar os milicianos. Certamente combinados entre si e com a bancada, fizeram barulho e receberam, em troca, manifestações negativas por parte do Senado e do STF, além do anunciado veto do presidente Lula. Todos, em seus respectivos mandatos, avisam que a coisa não vai. Na Câmara, apesar da aparente maioria para aprovar, Mota faz jogo para ganhar tempo enquanto ouve a proposta ser bombardeada de todos os lados, na expectativa de que, mais uma vez, o balão caia por terra.

É o que provavelmente vai acontecer. Mesmo que o trauma das duras condenações provoque reação nas fileiras dos fascistas, que se sintam chamados a dar uma resposta, a impossibilidade de sucesso sugere intenções além das tentativas sabidamente inviáveis, porque miram a eleição e o apoio dos votos do Bolsonaro.

Talvez Tarcísio, além da esperança nacional, esteja percebendo crescentes dificuldades na base do estado. Sem lutar como faz agora pelo chefe, pode estar perdendo muito mais que uma possível candidatura nacional; até a reeleição em SP passaria a correr riscos sem os votos dos extremistas. O que o obrigou a sair a campo e promover o teatro da anistia.

Quando vi essa montagem que ilustra o post, pensei que as posições de Bolsonaro e Tarcísio, na verdade, estariam invertidas: o governador tentando manipular o chefe para receber reconhecimento e os votos. Mas o mais verdadeiro é imaginar que ambos manipulam o cenário, porque, na hipótese provável de Tarcísio fracassar em obter a anistia, qual será a reação do Bolsonaro? Vai ungir a tentativa fracassada ou acionar o filho para manter o sobrenome vivo e os votos?

Enquanto um tenta a anistia da prisão, mas mantendo a inelegibilidade, o outro promete apoio — mas nada garante que cumprirá.

As pesquisas mostram que a disputa em segundo turno será apertada em qualquer hipótese, embora Lula siga favorito em todas elas. E, nesse caso, o que interessa ao centrão e às bancadas fascistas é disputar para assegurar números suficientes e manter a relevância.

A pancada que será a condenação dos golpistas ainda está por ser conhecida. É natural que, no primeiro momento do revés, a tendência seja reagrupar a tropa duramente atingida. Mas, com o tempo, a razão de alguns pode trazer a realidade, e a tendência é a dispersão.

E não esquecer que o julgamento do crime de tentativa de golpe de Estado é o primeiro. Ainda faltam os crimes na pandemia, o roubo das joias, a falsificação de cartão de vacina etc. A porteira está apenas sendo aberta.

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