
Após mais de 20 anos, Comissão Europeia valida acordo com Mercosul; texto agora vai para países- membros
Expectativa é que aprovação final, que precisa de maioria simples, saia até o fim do ano. França sinaliza apoio após inclusão de salvaguardas agrícolas
Gastamos muitos textos sobre esse acordo que nunca chegou ao ponto de aprovação, como parece ter chegado. Tem muita gente boa crítica ao acordo, por motivos importantes, como a abertura de nosso mercado para concorrência com grandes empresas europeias e o risco às posições de nossas empresas industriais, em troca de produtos nacionais de menor valor agregado, como commodities. Vamos guardar o texto final do acordo, que ainda está sendo costurado, mas temos a destacar outros pontos, sobretudo nessa quadra do comércio internacional.
O ataque de Trump ao Brasil nos obriga a buscar compensações e reforçar os BRICS, com China, Rússia, Índia, África do Sul e demais países. Esse movimento é nossa saída histórica, com potencial de mudanças estruturais definitivas na nossa indústria e produção agrícola sustentável, porque os BRICS têm sido um espaço de discussão de avanços bilaterais e não somente uma troca comercial. Economia sustentável e interesses mútuos, multilaterais, são expressões e objetivos abandonados pelos EUA e exigidos de seus parceiros na mesma proporção.
Em que pese as críticas ao acordo com a UE, não resta dúvida de que os europeus não fecham os olhos e nem os bolsos para nenhuma dessas pautas progressistas — nem ecológicas, nem sustentáveis, nem verdes, nem bilaterais. Se andam fazendo concessões aos EUA é porque, além destes, outros interesses movem os acordos, inclusive de defesa e produção de armas.
Como não temos nada disso — ao menos por enquanto, e que assim permaneça —, ao Brasil interessa romper o cerco isolacionista que os EUA tentam impor, inclusive abrindo grandes mercados para substituir as perdas recentes no comércio impostas pelas tarifas.
Então, nosso acordo com a Europa muda de tom e importância, inclusive para os europeus que, ao movimentar acordos bilaterais, mantêm acesa a chama do comércio internacional e olham para um futuro não tão distante, onde Trump terá passado.
Os acordos desse tipo ultrapassam barreiras de todos os tipos: ideológicos, materiais e culturais. E, no momento atual do mundo, são uma afirmação do diálogo e da parceria, contra o isolacionismo e a ganância predatória, irresponsável e destruidora.
Vem em boa hora e é uma vitória da nossa diplomacia e do governo Lula.
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