A um passo da estagflação.

Enquanto ouvimos as notícias de que o preço da carne subiu 40 a 50% nos EUA, e Trump agora ameaça a China com tarifas de 200% se não fornecer os ímãs para as suas indústrias, sobretudo eletrônicas, vamos acompanhando o mercado de trabalho no gigante do norte e aí também a coisa não anda nada boa. Meses de quedas seguidas nos números das contratações e até a demissão do responsável pelo levantamento estatístico oficial. Aparentemente, destruir o emissário evita novas péssimas notícias.

E o Fed, o banco central dos EUA, tem duplo mandato: inflação e emprego. Diferente do nosso Banco Central, que tem somente a missão de controlar a inflação – e por isso pode provocar queda da atividade econômica com juros na lua –, por lá eles precisam manter um olho no gato e outro no peixe, e sem piscar.

Por isso, o dilema de setembro.

Enquanto a inflação corre o risco de disparar, por conta das tarifas alucinadas e sem critério, o nível de emprego engatinha e arrisca jogar os EUA em uma estagnação, somada à inflação: a temida estagflação, o terror dos mundos.

Pode ser que, tendo em vista a pressão por juros mais baixos e consequente dólar desvalorizado – o que nos favorece no momento –, o Fed não tenha saída e aceite fazer o jogo exigido. E solta o gato e mantém os olhos no peixe.

Não é uma posição confortável, mas uma inflação pode ser o objetivo de Trump, promovendo aumento da arrecadação também pelo lado inflacionário, correndo o risco de anular o efeito da queda do câmbio por conta da inflação.

Se ficar o gato come, se correr o gato pega.

Não tem solução fácil para o déficit fiscal nem para a conta corrente extrema dos EUA, e Trump pode estar correndo à toa. O aumento da inflação vem aí com as tarifas, e vamos ver se conseguem evitar a estagnação econômica na hipótese de promoverem a queda dos juros a partir de setembro.

Nesse caso, o câmbio aqui no Brasil agradece.

Se vai funcionar por lá toda essa manobra, a ver. Há quem diga que as manobras cambiais na China anularam, nos últimos anos, a onipotência dos EUA em inundar o mundo de moeda sem lastro. Porque, sem conseguir manipular o câmbio a seu favor, como sempre fizeram, e sem a China aceitar entrar no jogo, acabaram ficando de calças curtas e com perigo no seu financiamento de déficits no futuro. Por isso, tanta correria agora para tentar sair do pântano. Tudo leva a crer que, sem sucesso, a decadência nesse aspecto está contratada.

A ver: os próximos anos dirão se o mundo consegue se ver livre do jugo total do dólar em nível que manteria os EUA uma grande potência, mais uma, não mais a única.

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