O julgamento da História e a importância do resultado.

O julgamento dos núcleos envolvidos na tentativa de golpe de Estado que levou ao 08/01 começa em setembro, conforme calendário divulgado pelo STF, e se estende ao longo do mês.

Mais para frente teremos alguns pontos a observar, porque o ministro Barroso deixa a presidência nas próximas semanas, e o recurso ao plenário — inevitável por parte dos acusados (e provavelmente condenados) — passa para as mãos de Fachin. Vamos ver se decide assentar a decisão na Primeira Turma ou mandar para o Pleno. Depois trataremos disso.

Importa agora situar o julgamento na história e dar a ele sua importância, porque está sentado no banco dos réus não somente um cretino abilolado e incompetente, mas a fina flor do Exército brasileiro e alguns dos principais nomes das Forças Armadas das últimas décadas. Alguns, como o general Heleno, com vínculos pessoais com o que de pior havia nos quadros militares de 1964. E parece que essa banda — maioria? — guardou vergonha e ressentimento até conseguir, no momento do impedimento do nosso maior líder popular, tentar a sorte nas urnas e vencer, para mais uma vez mostrar toda a incapacidade administrativa e até intelectual, limitações cognitivas e visão de mundo distorcida, incompleta e alienada. Ou seja, mais uma vez. E felizmente, por um período relativamente curto de 4 anos, nossas Forças Armadas mostraram o quanto são incapazes de gerir o próprio nariz, quanto mais um país grande, complexo, diverso e em construção, como o nosso.

Como estamos tratando de um histórico de séculos de ataques autoritários e frequentes das Forças Armadas contra as instituições do país — seguidos golpes e contragolpes, autogolpes, perseguições, torturas e mortes —, o fato de conseguirmos pela primeira vez colocar essa gente na cadeira e promover julgamento duro por todos os crimes cometidos, não nos permite esquecer com o que e com quem estamos lidando, nem o valor didático que as consequências levadas a termo, com penas pesadas, terão para o futuro de nossa relação com os autoritários, civis e sobretudo militares.

O “vale tudo” pelo poder encontra um limite. Por isso, todo cuidado é pouco, e barrar qualquer tentativa de anistia — seja qual for e para quem for, dos envolvidos nesses crimes — não pode ser aceito em nenhum grau ou alcance.

De anistia em anistia, ao longo da história, para esses crimes, fomos preparando gerações e gerações de grupos armados sem escrúpulo e acostumados a aventuras sem consequências.

Não mais.

O que se espera é a profissionalização das Forças Armadas e o enquadramento dos golpistas civis no julgamento que estamos por concluir. Os crimes são conhecidos e inaceitáveis.

E esperamos também que sirva de lição e que nunca mais tenhamos que enfrentar situação igual ou semelhante, até porque daqui em diante estão sabendo dos riscos reais que correm por tentar.

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