
O tarifaço americano tem importância para a nossa inflação de curto prazo, principalmente em um momento em que alguns produtos não consigam ser redirecionados rapidamente para outros países. Pois há toda uma questão de estocagem que pode levar a solução inicial a ser direcionar para o mercado interno. Isso levaria ao aumento da oferta e os preços cairiam muito. Até por isso há uma mobilização das empresas para uma solução com os EUA. Se o caso não se resolver, pode haver um desequilíbrio na oferta de frutas, a exemplo da laranja e da manga, muito exportadas, e de carnes no mercado brasileiro, o que pode acentuar a deflação de alimentos que já aconteceria naturalmente.
Mas quando olhamos para a outra ponta, o consumidor norte-americano, a leitura é oposta: escassez e aumento dos preços.
Toda vez que você ouvir o presidente Trump comemorar o aumento de receitas de seu país, lembre-se de que estamos tratando de arrecadação de impostos. Quem promove o crescimento da arrecadação é quem paga o imposto, no caso o consumidor e, como mostra a ilustração do post, paga caro. Na foto que ilustra o Post, a carne de segunda moída está custando R$ 80,00 o quilo, o dobro do nosso custo, e custava menos lá do que aqui antes das tarifas. Que, a rigor, mal começaram a fazer efeito e já provocaram — leia atentamente — a demissão do responsável pelas estatísticas oficiais dos EUA, demitido porque divulgou números de empregos que não satisfizeram o chefe. Mas, a meu ver, o que Trump estava mirando não era nem o fiasco nos números de desemprego, mas o cálculo da inflação. O fato é que as estatísticas oficiais dos EUA, todas, estão sob suspeita a partir de agora. Aliás, na Argentina de Milei o cálculo da inflação também está sob suspeita. E no Brasil tivemos essa experiência de ajuste em índices estatísticos oficiais: durante a ditadura, quem fazia e divulgava o crescimento do PIB e da inflação era o ministro Delfim Netto — e eram manipulados.
O que se verá é a crescente insatisfação do consumidor dos EUA e, para se prevenir do mau humor, Trump tomou as seguintes providências: colocou a força nacional nas ruas (lembrou do Temer intervindo no Rio de Janeiro?) e está mudando as regras eleitorais, e seu partido anda mudando o cálculo do número de delegados, alterando coeficientes para facilitar a vitória dos republicanos. Ou seja, um Bolsonaro do Norte em plena atividade, inclusive com ajuda militar. Sem falar do fim do voto pelos correios e da proibição de urnas eletrônicas nos EUA, que tenta impor.
Depois, quando aquilo vai parar no pântano, como fizeram por aqui, tem gente que se assusta.
Ah, e sobre o título: quem joga parado nesse imbróglio todo somos nós mesmos, o Brasil.
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