
🌐 Trump pressiona os Brics com tarifas e aumenta a tensão nos mercados globais
Política tarifária do governo americano afeta moedas emergentes e intensifica instabilidade internacional em 2025
Por Victor Rezende e Arthur Cagliari
Adaptado para o Blog do Franco
O mês de julho de 2025 foi marcado por mais uma investida tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o que reacendeu a volatilidade nos mercados globais. E os principais alvos? Os países do bloco dos Brics — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
As reações nos mercados de câmbio mostram que, embora o real brasileiro tenha se sustentado com relativo equilíbrio graças ao alto diferencial de juros, outras moedas emergentes não tiveram a mesma sorte. A rúpia indiana, por exemplo, acumula desvalorização de 2,55% frente ao dólar no ano, enquanto o rand sul-africano segue trajetória semelhante ao índice de moedas emergentes da MSCI.
💬 “No caso brasileiro, a motivação política foi evidente. Já a África do Sul também enfrentou retaliações com base em acusações políticas de Trump”, aponta Volkmar Baur, estrategista do Commerzbank.
As novas tarifas impuseram taxas de até 50% sobre produtos brasileiros e indianos, além de 30% sobre produtos da África do Sul. Mesmo com a trégua parcial entre China e EUA, Pequim segue como alvo recorrente — especialmente após os chineses manterem relações comerciais com a Rússia, foco constante de sanções ocidentais.
A movimentação de Trump sugere uma estratégia ampla, mirando a China de forma indireta ao atingir seus parceiros comerciais. Para Baur, trata-se de uma ação com forte motivação política e não meramente econômica:
💬 “Mais uma vez, os objetivos são políticos, e não relacionados a déficits comerciais”, ressalta.
O real, apesar da pressão, se mostrou mais resiliente. A combinação de instituições brasileiras que não cedem a pressões externas e a taxa de juros interna ainda elevada tem ajudado a manter a atratividade da moeda.
Mas o alerta permanece: há risco de escalada. A depender da continuidade dos embates, novas sanções e tarifas ainda mais altas — com até 100% sobre produtos brasileiros — não estão descartadas.
🧭 O que esperar a seguir?
Para Chris Turner, do banco ING, o ponto central é a evolução da relação comercial entre EUA e China. Com um novo prazo de negociação se aproximando (12 de agosto), a dúvida é se a trégua se manterá ou se Trump abrirá uma nova fase de ataques diretos aos Brics.
Enquanto isso, o mercado cambial segue atento. As consequências dessa guerra tarifária são imprevisíveis — e podem atingir em cheio o próprio dólar.
💬 “É difícil ver qualquer cenário em que essas mudanças sejam positivas para o dólar americano”, conclui Baur.