
Hoje vou arriscar um novo aspecto da crise das tarifas. Por falas recentes, estamos imaginando um cenário menos adverso no próximo dia 1º. O secretário responsável por conduzir as negociações entre os EUA e todos os demais países andou falando em tarifas zero para café e mangas — usadas como exemplo de produtos não produzidos internamente — e sugerindo que outros primários com o mesmo status não sofram incidência das novas tarifas. Trump também afirmou continuar em negociação até a data limite, e disse que, no máximo, serão cobrados de 20% a 25%, bem abaixo dos 50% previstos para o Brasil.
A avaliação que começa a se afirmar é que os produtos primários que o Brasil exporta são commodities, na base da cadeia produtiva, e insubstituíveis. A aplicação de tarifas sobre eles provocará inflação de alimentos nos EUA — uma consequência fatal para a popularidade de qualquer administração. Os produtos manufaturados que são enviados, além dos aviões, não gozam da mesma exclusividade e podem ser atingidos, mas não afetam a nossa economia como um todo.
Importante observar que a retórica agressiva de Trump e essa bomba de 50% atirada sobre a nossa economia tinham — e têm — o objetivo de nos enquadrar no quintal de onde não se deve sair. Mas a reação equilibrada, serena e incluindo setores atingidos para diálogo interno e negociação de saídas em comum acabam por fortalecer a posição do nosso governo na negociação e na geopolítica mundial — efeitos indesejados, e que interessam aos EUA concluir o impasse e diminuir o prejuízo da aposta quase perdida e a caminho da derrota.
Lula, ao não aceitar o jogo da submissão — onde caíram Japão, UE e outros até aqui — escapou da cilada e vai para a mesa negociar em condições muito melhores do que esses 50% amalucados e injustos.
Quanto à família Bolsonaro, será jogada ao mar — tanto lá fora quanto aqui — e a direita vem em frangalhos para 2026.
É o que vejo agora.
Observar com atenção o comportamento da bolsa e do câmbio hoje: como a equipe de Trump está usando informação interna para especular e lucrar, e ontem tanto câmbio, bolsa e juros futuros andaram a favor do Brasil, pode ser uma evidência poderosa de que algum tipo de acordo está, sim, acontecendo.
Pois é, até uma manipulação desse nível nos serve de referência quando estamos lidando com gângsters e piratas.
A ver.
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