
Estamos ainda sem saber até onde vão os desafios econômicos e políticos a serem enfrentados nos próximos meses, provocados por esse ataque sem precedentes — até por ser aberto e público — dos EUA contra o Brasil.
Se em um primeiro momento o governo Lula capitaliza simpatias e apoios internos e o bolsonarismo afunda na arrogância e antipatriótica missão que assumiram em prol da autoanistia, todo o cuidado deve ser tomado para que essa disputa não escale para uma guerra e os prejuízos inevitáveis caiam, no momento seguinte, na conta do governo.
Explico.
As ações de resposta devem ser avaliadas dentro do nosso interesse maior. Por exemplo, de que nos adianta devolver tarifas lineares de 50%, sem critério e desleixo, como fazem conosco? Afinal, não seriam os consumidores de cada país quem vai pagar essa tarifa? No sentido do aumento de custos e inflação. A Embraer, nossa principal empresa de exportação, usa em seus aviões 45% de produtos da indústria norte-americana. E, nesse caso — e em tantos outros —, que sentido há em taxar nossos próprios interesses comerciais? O que tento dizer é que, no final, na ponta, quem vai pagar a tarifa é o consumidor, e selecionar a quem tarifar é um exercício impossível por privilegiar alguns e não outros.
Nada fazer, nada retaliar?
Sinceramente, não sei. Esperar o dia 1º de agosto é a única coisa que consigo enxergar, porque não somente o Brasil, mas todos os países do mundo enfrentam suas respectivas tarifas, e os problemas espalhados e acumulados no mundo inteiro certamente propiciarão oportunidades e interesses novos e urgentes, que podem e deverão ser aproveitados.
O problema é que qualquer saída ou solução demanda tempo. Nosso caso é diferente dos demais países porque o componente político fala mais alto e bloqueia o diálogo. E os EUA não mostram o menor interesse, até aqui, em negociar.
Por tudo isso, e porque estamos lidando com chacais que estão destruindo seus interesses mesmo dentro de seu próprio país — e fazer pior, e muito mais, com os de fora não faz diferença para eles —, não convém escalar e aumentar os problemas. Um esclarecimento sobre isso pode ser dado à nossa população, para todos entenderem que o custo de adquirir nossos produtos quem paga é o povo dos EUA. Não repetir o erro internamente, aumentando os nossos; buscar e insistir na negociação; ir aos tribunais internacionais; acionar a Justiça contra os promotores desse ataque, inclusive ajuizar ações cíveis de indenização por prejuízos econômicos, além dos processos penais; promover e incluir outros países atingidos e forçar negociações multilaterais — a estratégia dos EUA é cindir os blocos e negociar individualmente, onde sua força maior prevalece.
Então, percebe-se que temos muitos caminhos a descobrir, se a porta da negociação se fechar. E é importante frisar que precisamos de um interlocutor interessado do lado oposto para negociar. Se no caso não temos com quem conversar, o assunto está resolvido, custe o que custar, e seguimos com a vida.
Por fim, uma observação: a impunidade dos crimes do regime militar de 64 abriu o caminho para a tentativa do bolsonarismo. Que estejamos fechando essa porta, custe o que custar.
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