
Muito cedo para afirmações definitivas sobre a reação que abalou as estruturas do Congresso conservador e impermeável às demandas sociais. Os últimos dias mostram uma avalanche nas redes sociais sobre as últimas posições assumidas pelos deputados, e eles sentiram a pressão, que ainda não sabemos até onde vai.
Ninguém espera uma revolução, mas, ao decidirem proteger os maiores privilegiados e colocarem em risco o sustento fiscal do programa social do governo, foram confrontados e mostram preocupação com a sequência do debate distributivo, da luta social, de quem paga a conta do Brasil, que tomou as redes e ameaça tomar as ruas.
Eu acompanhando o início do debate da derrubada do IOF pelo Congresso, com a desculpa esfarrapada de contenção de cobrança de impostos, muito semelhante a uma anterior logo na virada do ano sobre as desonerações das folhas de pagamento. O governo foi também derrotado na ocasião e reverteu, negociando a volta das cobranças escalonada a partir de 2026. Agora a coisa caminhava semelhante, com acordos anunciados até a decisão afrontosa de Motta. A reação do governo foi duríssima, apontando o dedo para o Congresso que não apenas tenta impedir o governo de governar, não apenas tenta impor um programa derrotado nas eleições, mas proteger os ricos e cobrar dos pobres o equilíbrio fiscal.
O fato é que estamos no meio do turbilhão, sem uma resposta para os desdobramentos dessa disputa. Não é ainda um confronto, e ninguém em sã consciência deve querer. É preciso aproveitar o momento e assumir as bandeiras de justiça social e mostrar quem faz e quem não faz, quem paga e quem não paga. E, sobretudo, quem protege essa situação de injustiça tributária histórica.
Nesse sentido, é bom deixar claro que são essas as bandeiras de agora e de amanhã. E serão as bandeiras para a disputa eleitoral de 2026, quem vai defender os ricos e a injustiça social e tributária, que tenham a coragem de fazê-lo — o que me parece improvável.
Mas, se um arrefecimento e acordos serão inevitáveis, porque ainda temos pautas importantes por votar, o fato de deixar o Congresso menos à vontade para afrontas é, sem dúvida, um precioso rescaldo dos últimos dias.
E aqui tomo uma percepção genial que me contaram: e se o governo, em sã consciência, deixou o barco correr e usou o IOF como isca para o centrão liberal morder? Porque, na ocasião da votação das desonerações, o governo também não cedeu, mas se viu sozinho na disputa. Dessa vez, não: o debate ganhou a militância e pode ganhar as ruas. Dia 10 próximo teremos uma visão sobre isso. Mas, no mínimo, estamos numa outra posição, num outro momento. Dias atrás, quando Motta ameaçava colocar em votação a anistia aos golpistas, qual era a nossa defesa contra isso? Senão negociar, beneficiar e ceder, e ceder. Dessa vez, a ameaça parece mais pender para o lado de quem a faz. Porque uma decisão afrontosa dessa envergadura vai, no mínimo, provocar reação — a essa altura, imprevisível. E medo e imprevistos não é exatamente o que a classe política gosta de enfrentar.
Não é uma coisa importante?
Penso que sim, e abre mil possibilidades para 2026.
Finalizando, o governo, aproveitando a onda — ou surfando na que criou — muda seu slogan de “União e Reconstrução” para “Justiça Social” e, assim, vai para a disputa na eleição.
Nos conformes.
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