Cada analista prevê uma data para a prisão do Bolsonaro. Se no início do trabalho do PGR se falava em meados de 2026, até alguns meses avançando no ano, agora sugerem – ou desejam? – o mês de julho próximo como provável.
Não faço ideia. A certeza da condenação está dada, o prazo depende de muitas variáveis.
Mas, enquanto o centro e a imprensa partidária opositora torcem desesperadamente pela conclusão do julgamento, a movimentação dos pretensos herdeiros do bolsonarismo se agita, e Tarcísio parece estar fazendo sua aposta mais ousada até aqui ao aparecer em encontro público onde se formalizou a filiação do seu secretário Derrite no PSD – e não no PL! – e se falou de tudo, menos no Bolsonaro, na ocasião.
Estivemos até aqui assistindo a um vai e vem na presença de Tarcísio: ora afirmando ser candidato à reeleição, ora jurando lealdade ao chefe, ora sugerindo fim de sua carreira política após mais um termo no governo de São Paulo – e agora essa aparição mais, digamos, destemida.
Não tínhamos muitas dúvidas com relação a 2026. Os nomes de Caiado e Ratinho estarão na disputa, Zema talvez tentando a vice de alguém, um Bolsonaro na chapa – mas mais provável de vice. E se o nome de Tarcísio me parecia duvidoso, ao menos ele vai tentar emplacar seu nome até o prazo final, e, se até aqui ele preferia andar na sombra temendo perder o apoio do chefe, aos poucos insinua que, daqui em diante, pretende mostrar que o chefe e ele têm mútuos interesses, com a tendência da força do governador crescer e do presidiário diminuir, invertendo o jogo das influências.
Nesse jogo do governador Tarcísio e do ex-presidente Bolsonaro, está cada vez mais difícil saber quem é o gato e quem é o rato, e quem caça quem. Talvez porque as posições mudam, e eles mesmos parecem se perder nos personagens.
O temor de Tarcísio é ser abandonado pelo chefe, de humor sabidamente inconstante, e ficar pelo caminho. Ele sabe que ganhar do Lula, nas máximas condições disponíveis, já é uma tarefa indigesta. Perder o apoio dos extremistas será, para ele, fatal. Por isso, tantos cuidados.
A presepada do Temer e dos governadores sonhando em disputar a presidência, é para fazer a bancada – e olhe lá – e quem sabe forçar um segundo turno e negociar, ponto.
Tarcísio me parece com dúvidas sinceras, mas vai sendo cada vez mais engolido pelos interesses e pode acabar arriscando a sorte na candidatura presidencial, mesmo a contragosto. E a nova aposta dos grupos de pressão interessados na sua candidatura parece menos preocupada em desagradar o bolsonarismo, talvez imaginando não restar outro barco para a turma extremista na reta final, obrigando uma composição forçada entre todos eles. Pode até ser – não fosse o chefe um aloprado que não confia em nada além do espelho e pode pôr tudo a perder escolhendo seu candidato entre um de seus parentes, sem negociar.
De sua parte, sabe que vender a anistia fará parte do roteiro de qualquer um deles – e tanto faz quem levará essa bandeira adiante, porque todos tentarão pescar nas mesmas águas.
Então, o jogo momentâneo entre eles está armado e quase todos querem o desfecho o mais rápido possível – menos o Bolsonaro – para colocarem os blocos nas ruas.
(Para perder, bem entendido.)
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