
Quem se preocupou com o andamento do processo contra o golpe de Estado, que tem Bolsonaro como o principal réu, vislumbrou alguma dificuldade para a acusação provar as teses após o depoimento do ex-ministro do Exército Freire Gomes. Ele não aliviou, a meu ver, exatamente para Bolsonaro, pois confirmou as reuniões e o teor golpista do que estava sendo tratado. No entanto, buscou abrandar para seus colegas de farda, numa nova versão amenizada dos fatos narrados anteriormente à Polícia Federal. Tanto que obrigou o ministro Moraes, do STF, a intervir em sua fala para perguntar onde ele havia mentido — se para o STF ou anteriormente à PF. Isso acabou por obrigar o general a confirmar as declarações anteriores dadas à PF, mesmo a contragosto.
O mesmo não ocorreu com o brigadeiro Baptista Júnior , ex-ministro da Aeronáutica, que não só confirmou as reuniões de cunho golpista e a adesão do ministro da Marinha, oferecendo tropas, como também relatou o aviso dado a Bolsonaro para que não seguisse nas tentativas, pois estaria cometendo crimes e poderia ser preso.
O depoimento enterrou qualquer chance de interpretação distinta — ou, como gostam de dizer, de alguma “narrativa” — que não significasse o empenho de Bolsonaro no golpe de Estado e no impedimento de Lula subir a rampa para assumir seu mandato.
Se ontem algum lampejo de esperança surgiu nas hostes bolsonaristas, mesmo que sem nenhum fundamento, o depoimento de hoje recoloca os pingos nos “is”, e a acusação toma rumo certo para uma condenação dura pelos graves crimes cometidos.
Tudo inédito, histórico e, sobretudo, didático.
Que as forças de segurança, em todas as suas instâncias, aprendam a respeitar a democracia, porque agora a pena de prisão é certa.
Os depoimentos prestados pelo general Marco Antônio Freire Gomes e pelo tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior ao STF enterram de vez qualquer tentativa de Jair Bolsonaro (PL) de negar seu envolvimento em uma conspiração para impedir a posse de Lula após as eleições de 2022.
“Com base em tudo o que estava acontecendo, perguntei: ‘O documento prevê a não assunção no dia 1º de janeiro do presidente eleito [Lula]?’ Ele [Paulo Sérgio Nogueira] disse: ‘Sim’. Eu disse que não aceitava nem receber esse documento. Me levantei e fui embora”, contou o militar da Aeronáutica em seu depoimento.
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