
E quem afirma isso é o presidente do Banco Central do Brasil, Gabriel Galípolo.
O que nos leva a perguntar: por que usar a Selic para combater uma inflação causada pelo dólar?
A resposta está no fato de que, no Brasil, a Selic serve muito mais para manipular o câmbio do que para controlar o consumo ou a inflação real. As cotações do dólar aqui têm muito mais relação com os humores do mercado internacional e com a especulação do que com os fundamentos da economia formal.
Ou seja, a Selic virou um instrumento a serviço do rentismo — é o aríete com o qual se invade o orçamento público e se leva um terço de toda a arrecadação nacional sem produzir nada, sem investir, sem correr risco. O risco é todo nosso: os que trabalham, pagam impostos e sustentam esse modelo fracassado.
Hoje, poucos ainda subestimam a capacidade de ataques especulativos internos — sim, internos — de afetar o câmbio e desequilibrar a economia. Por isso, todo cuidado é pouco, ao menos dentro da lógica conceitual atual, que não apresenta novidades e não sinaliza mudança à vista.
A troca de Campos Neto por Galípolo, até agora, verdade seja dita, não trouxe efeito concreto na orientação geral do Banco Central. É verdade que Galípolo não joga contra o país, não cria instabilidade, não se aproveita de crises para inflar expectativas negativas. Pelo contrário: trabalha a favor, evita que o câmbio dispare, lida com as tensões internacionais com sobriedade… mas sobe os juros — que, na minha visão, já estão insuportáveis, pouco mudou.
A proposta recente de congelar o salário mínimo por seis anos não surgiu do nada. Ela está inserida nesse contexto de crescimento da dívida pública, impulsionado pelos juros altíssimos. A solução, para os rentistas e banqueiros, não é reequilibrar o jogo com uma Selic mais baixa, mas sacrificar tudo e todos para manter a dívida “sustentável” — o que, na prática, significa garantir que eles continuem lucrando, enquanto nós pagamos a conta.
Estamos em uma sinuca de bico, e ela aponta para problemas em 2027, já no próximo mandato presidencial. As projeções indicam dificuldades para sustentar o atual arcabouço fiscal. E, para evitar qualquer mudança mais profunda — ou para barrar ideias novas — a proposta é simples: pegar o dinheiro dos aposentados e dos mais pobres para garantir o butim de sempre.
Ainda estamos longe de uma solução para a Selic. E na próxima reunião do Copom, em maio, já se fala em mais 0,5% de alta. Depois disso, aí sim, talvez pare de subir. Previsão de queda? Só em 2026, quando a vaca já estiver atolada no brejo.
Gostaria de dizer que nem quero pensar nisso, mas a verdade é que, tirando a reeleição de Lula — que me parece bem encaminhada — a questão mais urgente e importante do Brasil nos próximos anos é baixar essa taxa de juros para níveis civilizados e conter a sangria do orçamento.
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