
“Uma quantidade atípica de soja brasileira foi comprada pela China nos primeiros dias desta semana em meio à escalada das tensões comerciais entre o gigante asiático e os Estados Unidos, mostra reportagem da Bloomberg.
Ao menos 40 cargas do grão foram adquiridas, o equivalente a mais de 2,4 milhões de toneladas – quase um terço do volume médio que os chineses costumam processar por mês – com entregas programadas, em sua maioria, para maio, junho e julho.” ( Canal Rural.com.br)
O fato reflete as primeiras consequências da guerra econômica entre EUA e China. O que, à primeira vista, parece ser uma boa notícia e oportunidade — e, de fato, é no momento — pode se transformar em um problema mundial em pouco tempo. Afinal, não é possível imaginar um cenário positivo quando as maiores potências mundiais entram em conflito. Mais ainda: será que essa disputa permanecerá apenas no campo econômico ou avançará para o bélico?
Enquanto o pior ainda não se vislumbra, algumas observações são importantes no que diz respeito à posição do Brasil e dos EUA no agronegócio mundial. A decisão chinesa de substituir parte de suas encomendas de soja evidencia as posições: Brasil e EUA são concorrentes não apenas em soja, mas também em carne, algodão e milho. O Brasil não concorre em setores tecnológicos e de serviços, mas no agronegócio, sim. O mesmo ocorre com a Argentina e os EUA. É bom frisar esse ponto porque Trump e seus enviados já estão na Argentina cobrando o afastamento do país dos chineses, até agora sem propor nada em troca, senão subserviência. A cobrança deve chegar ao Brasil, afinal somos, segundo o velho pensamento dos EUA, e agora revivido, o quintal e nada mais.
Por enquanto, as vendas de soja e outros produtos do agronegócio devem levar vantagem — e sem afetar o preço das commodities em ambiente de crise mundial, pois há tendência de queda. Mas, no momento seguinte, pode desandar por política agressiva dos EUA conosco, sem falar no risco de quebra de cadeia de suprimentos e inflação de volta nas commodities, como vimos durante a pandemia e até hoje ainda em processo de recuperação.
Concluindo, em um mundo conflagrado, é bom saber que ninguém leva vantagem, e os pequenos e médios países sofrem ainda mais.
Entramos em um momento delicado e incerto.
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