
As razões por trás das medidas tresloucadas do temerário e irresponsável comandante da economia do gigante do norte são conhecidas: a perda da hegemonia global e os déficits fiscais astronômicos, agravados por um desequilíbrio comercial crescente — especialmente com a China.
A escolha de aumentar tarifas comerciais não é nova, tampouco inédita. Dependendo das escolhas e dos métodos, pode até ser eficaz. Trata-se de uma prática comum entre países que desejam proteger setores estratégicos de sua economia, mesmo que isso se dê em detrimento de uma concorrência aberta.
O problema está na forma como essas tarifas são aplicadas. Não se deve adotá-las de maneira linear, generalizada, sem análise de impactos, e muito menos como gatilho para uma guerra comercial contra o mundo inteiro.
Para ilustrar, vale lembrar o acordo entre Ucrânia e Rússia que, mesmo em meio à guerra, mantém a produção de grãos ucranianos fluindo pelos portos — essencial para preservar a economia ucraniana. Atacam-se infraestruturas, sim, mas a base econômica é, em parte, mantida. Porque estão em guerra.
Sempre procuro comparar Trump com o ex-presidente argentino Mauricio Macri — não pelo alcance dos estragos, mas pela visão de mundo. Trump, no entanto, se aproxima ainda mais de Javier Milei em termos de impulsividade e desprezo por fundamentos. Em sua gestão, distribuiu cargos entre bilionários autocratas que nada compreendem do funcionamento da economia global, mas que carregam a arrogância e a pressa olímpica de quem busca “resultados rápidos” — custe o que custar.
Os resultados, contudo, ainda estão longe. Mas os estragos já começam a aparecer.
Se o alvo é a China — e é —, o ataque generalizado ao mundo inteiro denuncia uma megalomania típica de um ego mal resolvido. As motivações de suas ações se revelam nos delírios que o consomem. E deixar o planeta inteiro em suspense, esperando o próximo movimento, é a culminação dessa obsessão descontrolada.
Mas… e depois?
Talvez ele nem tenha pensado nisso. Parece claro que o improviso é a única constante no que vem a seguir. Por isso, ninguém sabe exatamente como reagir: negocia-se? Retalia-se? Espera-se? Enquanto isso, as ameaças se acumulam, revelando a disposição de seguir na aventura a qualquer custo.
O que vem a seguir para os EUA é inflação e estagnação econômica. Depois, talvez, uma lenta substituição das importações, o que parece ser a intenção por trás da loucura. Mas há um problema de tempo: foram décadas de globalização e integração produtiva mundial. Não é possível substituir isso com um estalar de dedos. Levará tempo — e talvez a sociedade americana não esteja disposta a esperar. Aí, sim, a coisa pode desandar de vez.
Outro exemplo do voluntarismo tresloucado está na Argentina. Enquanto a imprensa tece loas ao “ajuste”, a população passa fome. E os sinais de que o rumo está cada vez mais desequilibrado se multiplicam. Esse modelo — apressado, cruel, sacrificial com os pobres e indulgente com os ricos — não funciona. Não dura. E termina, invariavelmente, em lágrimas e desespero.
Os Estados Unidos que se preparem.
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