Uma no cravo: + 1% Selic. Outra no ferradura : consignado para CLT.

O Banco Central, além de indicar no resumo da decisão que seu próximo passo será um aumento menor da Selic, mencionou os efeitos defasados do aperto monetário. Para alguns economistas, essa foi uma sinalização de que as altas dos juros estão chegando ao fim, pois sugere o entendimento de que a política monetária, já bastante restritiva, terá impacto sobre a inflação.

Mais de 40 milhões de trabalhadores realizaram a simulação do novo crédito consignado para empregados da iniciativa privada entre sexta-feira (21) e as 18h de domingo (23), segundo o Ministério do Trabalho e Emprego. (Agência Brasil)

Um dado importante sobre a prioridade das redes e dos interesses de quem divulga e promove notícias é a comparação entre o alcance do noticiário sobre o julgamento de Carla Zambelli, a fuga de Eduardo Bolsonaro para os EUA e a decisão do governo de enviar para aprovação o projeto de isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil. Os dois primeiros assuntos, de menor interesse pessoal, são amplamente divulgados, enquanto o projeto de isenção — que impacta praticamente todos os trabalhadores do Brasil, representando na prática um “14º salário” — recebe menos atenção.

Só essa medida pode impulsionar o PIB do Brasil em até 3%.

Crédito consignado CLT: o governo espera que os empréstimos com garantia do FGTS superem R$ 100 bilhões em três meses, segundo o secretário-executivo do Ministério do Trabalho. Governo e bancos preveem que os trabalhadores substituirão linhas de crédito mais caras, como o CDC ou o cheque especial. (G1)

O que tentei expressar neste post é que há consenso no governo, incluindo o ministro da Fazenda, de que a inflação no Brasil é causada, sobretudo, pelo dólar alto — e não por excesso de consumo. No entanto, quem lê os comentários da mídia pode considerar contraditórias as decisões de, por um lado, aumentar juros e, por outro, promover empréstimos a taxas mais baixas. Mas essa é a estratégia viável para combater a inflação sem comprometer o crescimento econômico — que, por sua vez, é fundamental para manter a estabilidade orçamentária e evitar que as finanças do governo sejam engolidas pelos juros altos e pela queda do PIB.

Ou seja, trata-se de uma engenharia econômica sofisticada.

Mesmo assim, impõe sacrifícios. Afinal, antecipar o uso de recursos próprios do FGTS com custo adicional de juros — ou seja, pagar para ter acesso ao próprio dinheiro antes — é uma forma de atravessar 2025, priorizando o controle inflacionário.

Uma questão pouco debatida no Brasil é a nossa cultura de indexação, que, a meu ver, impede a inflação de cair abaixo de 4% ao ano, mesmo com todos os esforços. Isso ocorre porque praticamente todos os contratos, tarifas, taxas, impostos, aluguéis e recebíveis embutem reajustes com base na inflação passada. Embora proteja quem recebe, essa prática perpetua a memória inflacionária do país.

Talvez seja o momento de discutir uma desindexação ampla e irrestrita para tentar, enfim, quebrar esse ciclo e reduzir estruturalmente os índices inflacionários.

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