100% de improbidade.

Bolsonaro tentou comprar sua reeleição com dinheiro público. Durante seu último ano de governo, atuou com “100% de improbidade”, como afirmou o ministro Haddad.

Todos sabemos o tipo de gente que assumiu o poder em 2018: um deputado do pior estilo, acusado de todas as práticas de rachadinhas possíveis—e ainda das que ele próprio inventou e ensinou. Nunca teve sequer um projeto aprovado, não participou de nenhuma liderança na Câmara, nem integrou comissões relevantes. Ainda assim, foi escolhido pela mídia e pelos nossos generais para comandar—junto com eles—este imenso país.

Deu no que deu. Há quem diga que ainda dará, mas eu duvido.

Mas, para além da vida de rachadinhas e da centena de imóveis próprios, não há registros de nenhuma investigação criminal efetiva, antes dos atuais processos, multa ou sequer uma fiscalização relevante sobre a vida financeira do deputado Bolsonaro e seus filhos. O sujeito compra uma centena de imóveis sem renda compatível, todo mundo sabe e… fica por isso mesmo.

Mais do que isso, no último ano de seu mandato, despejou centenas de bilhões para tentar se reeleger, e nenhum órgão de controle apareceu para condená-lo, como aconteceu com supostas pedaladas fiscais no passado. Foi um vale-tudo diante de todos nós e, mais uma vez, ficou por isso mesmo. A ponto de o atual ministro da Fazenda nos lembrar do orçamento caótico e da completa falta de planejamento que encontrou ao assumir. Descalabro que Bolsonaro não provocou só.

Poderíamos passar horas listando outros fatos envolvendo essa figura e seu entorno e, da mesma forma, registrando a omissão dos órgãos de controle, que ficaram absolutamente ausentes durante esse recente período. E como gostam de aparecer quando um governo decente resolve administrar nosso dinheiro e prestar contas devidamente.

A atual disposição do Congresso em controlar uma parte relevante do orçamento através das emendas vem justamente desse caldo do governo anterior. O fato de que não prestavam contas e continuam resistindo a fazê-lo é um resquício mal removido do descalabro. Mas perceba que um ministro resolveu acabar com a festa. Não reduziu ainda o volume de dinheiro disponível—não chegamos lá—, mas impôs transparência e prestação de contas. E, se não fosse o ministro Dino, sem dúvida, ainda estaríamos assistindo a toda sorte de desmandos na liberação dessa fortuna.

Repito aqui uma observação que fiz na época das eleições municipais: os recursos das emendas valorizaram os prefeitos e permitiram que a grande maioria se reelegesse. Isso indica, contra o pensamento geral, que, na percepção dos eleitores, os recursos foram bem aplicados. Uma coisa é a falta de transparência e a possibilidade de desvios e corrupção. Outra é o eleitor perceber melhorias em sua cidade com esses investimentos.

Evidentemente, existe uma maneira correta de fazer isso acontecer. Mas não podemos ignorar o impacto positivo da alocação de recursos nos municípios, algo que o Estado historicamente falha em realizar.

Não defendo o orçamento nas mãos dos deputados, nem as emendas secretas. Mas fica evidente o quanto é difícil, burocrático e travado o processo de destinação de recursos para os municípios. Então, o caminho está aberto para uma solução mais adequada.

Quanto a Bolsonaro, apesar dos pesares—e, sobretudo, porque perdeu a eleição que tentou comprar—, ele vai pagar por seus crimes.

Mas… e se tivesse vencido? Melhor nem pensar.


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