PIB e Inflação : e aí?

Com o provável aumento de mais 1% na taxa Selic no fim de março, devemos voltar a ouvir o discurso sobre desequilíbrio fiscal.

No entanto, nem de longe estamos correndo qualquer risco fiscal no momento. O superávit de mais de R$ 89 bilhões em janeiro foi o maior da história e, cá entre nós, uma dívida na mesma moeda do país — como é o nosso caso — não quebra ninguém. Seria diferente se a dívida fosse em moeda estrangeira, geralmente o dólar.

Mas a questão que se estende um pouco além de março é se o choque de juros está realmente contendo a inflação. E, aparentemente, não está funcionando tão bem assim. Como já comentamos repetidamente, não temos uma inflação de demanda, mas sim uma inflação de custo, com preços indexados ao dólar pressionando o aumento.

A situação melhorou significativamente de janeiro para cá, em parte pelo aumento dos juros, em parte porque o terrorismo do Campos Neto acabou, e apesar da guerra comercial de Trump que segue uma dinâmica incerta — ninguém sabe se é para valer ou se é para negociação. Além disso, cada vez mais se confirma a expectativa de uma supersafra de grãos, o que já parece estar provocando uma queda nos preços dos alimentos.

Hoje sai o IPCA de janeiro ( previsão de altíssimos 1,3%), e seguimos acompanhando esse delay dos índices de referência, que servem para avaliar as decisões de política monetária. Outros indicadores seguem mostrando inflação pressionada. Quanto ao PIB, a conversa é de que estamos com dificuldades e crescendo menos, mas sabemos que o primeiro trimestre depende muito da safra. Como a projeção é de uma colheita forte, pode ser que, diferentemente de 2024, o agronegócio colabore com o crescimento da economia em 2025, em vez de puxá-la para trás.

A prioridade segue sendo conter os preços em 2025, garantindo que a cesta básica tenha um custo mais acessível para que os aumentos na massa salarial e no salário mínimo realmente se traduzam em ganho de poder de compra. Caso contrário, todo o esforço se perde.

Há críticas e cobranças no sentido de que o governo deveria reduzir estímulos e investimentos para controlar a inflação. Como quase tudo que essa gente fala, esse argumento também parte de um equívoco: associar inflação relativamente baixa a uma economia relativamente aquecida a demanda excessiva. O que, de fato, se busca é um crescimento médio e uma inflação moderada, longe de qualquer descontrole. No Brasil, a inflação segue historicamente baixa, e o verdadeiro alvo da alta de juros sempre foi o câmbio — onde mora o maior risco inflacionário —, e não o consumo.

Enquanto isso, o governo trabalha para manter os investimentos e agora propõe a medida dos empréstimos consignados para empregados do setor privado, que pode movimentar R$ 120 bilhões em 2025 e baratear o crédito. Alguns dizem que a medida é contraditória com o combate a inflação, mas não é, como tentamos explicar.

Dada a dinâmica e a diversidade da economia, seguimos resistindo e mantendo o crescimento. No entanto, um cuidado extra com o custo dos alimentos é essencial. Se os resultados da safra e do câmbio se confirmarem, poderemos ter preços mais baixos rapidamente, ainda no primeiro semestre, garantindo um segundo semestre mais favorável e impulsionando o crescimento no ano. Contando com juros menores, por certo.

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