Os áudios do Golpe.

Foram 1.200 aparelhos eletrônicos confiscados, milhões de mensagens e áudios analisados.

Pelos primeiros vazamentos, fica claro que o braço militar foi o que mais acreditou na fanfarronice bolsonarista. Em certo momento, perceberam até que deveriam seguir sem o falso messias.

Não seguiram porque estavam desacompanhados, desarticulados, acovardados — e alucinados.

O falso chefe fazia que ia, mas sempre suspeitamos que não. Cercou-se de militares que acreditavam na ideia mais do que nele, mas que compartilhavam da mesma covardia. Apesar de armas e homens, recuaram.

Ninguém duvida que, dentro das Forças Armadas, a maioria seguiria satisfeita um levante para assumir o poder. O que fazer com ele depois, como a história nos mostra, seria outro problema — e por isso a cúpula militar hesitou. O peso do fracasso de 1964 e dos crimes cometidos ainda assombrava alguns, que, na hora de decidir, não tiveram coragem.

Os civis eram ainda piores. Chamados e tratados como malucos e abobalhados, ocupavam a frente dos quartéis para criar uma ilusão de apoio ao golpe. A própria PGR, em sua denúncia, classificou tudo isso como “manifestações falsas”.

Se não enganaram ninguém antes e continuam não enganando, devemos seguir na denúncia e exigir que todos os envolvidos sejam responsabilizados. Precisamos dos nomes dos financiadores e dos políticos golpistas.

Há muita gente ainda para aparecer e receber o devido tratamento.

Não por revanche. Não por vingança.

Os chefes do golpe tinham plena consciência da impunidade de 1964 e de como escaparam depois de tantos crimes cometidos. Para eles, o risco era enorme justamente por causa da história e dos que resistiram.

Agora, devem pagar, para que possamos, enfim, virar essa página.


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