Prisão de Bolsonaro impacta Trump?

Bolsonaro ainda não está preso, mas a resposta é sim.

O indiciamento de Bolsonaro pela PGR e, na sequência, seu julgamento pelo STF suscitaram um debate internacional sobre a solidez democrática dos países. Tanto o Brasil quanto a Coreia do Sul enfrentaram ataques de seus próprios presidentes no poder — na Coreia, o líder foi preso; no Brasil, o ex-presidente está a caminho do mesmo destino.

Nos Estados Unidos, cresce a perplexidade sobre como falharam em responsabilizar os golpistas. Afinal, Bolsonaro apenas copiava os métodos, e na invasão do Capitólio houve depredação e mortes. No entanto, ninguém foi punido de forma proporcional.

A alegação de que a Constituição dos EUA não permite enquadrar a tentativa de golpe como crime não se sustenta. A invasão, a destruição e as mortes – que são crimes – tiveram um único propósito: fomentar um golpe. Se não processam pelo golpe, poderiam ter feito pelos crimes cometidos na tentativa.

Enquanto isso, os problemas de Milei na Argentina, seja pelo crime de receber dinheiro ou por ser beneficiado de algum esquema — fatos ainda a serem apurados —, colocam o ultraliberal contra a parede. Ele pode até tentar se salvar como Bolsonaro fez, cooptando lideranças partidárias e cedendo poder, como no Brasil, onde entregaram o orçamento secreto ao Congresso. Mas sabemos que iniciativas desse tipo apenas agravam a crise e jogam a Argentina ainda mais na incerteza.

Isso afeta o bolsonarismo no Brasil e seus acólitos mais do que a própria figura de Trump. Afinal, o ex-presidente americano nunca deu muita importância a Milei, enquanto aqui, tanto bolsonaristas quanto parte da grande mídia e do mercado passavam os dias comparando a economia fracassada da Argentina com a do governo Lula — de forma completamente distorcida. Agora, sem essa muleta liberal, perdem um dos principais artifícios para atacar o governo.

Sem falar no teatro da “anistia” e outras pautas absurdas promovidas pelo partido fascista. Nunca houve qualquer chance real de aprovação, mas serviram para que os atuais presidentes das Casas Legislativas enganassem os extremistas — que agora podem ser descartados.

Quanto a Trump, as comparações com a incapacidade dos EUA de lidar com golpistas são incômodas, mas apenas para quem tem vergonha na cara. O que, claramente, não é o caso do atual governo americano. Mas, escancara a fragilidade e os rumos perigosos nos EUA, que em algum momento podem se voltar contra o imaginado todo poderoso. Não foi isso que aconteceu aqui no Brasil?


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