Petróleo na margem equatorial.

O janeiro mais quente da história e algumas reflexões

O novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, está cobrando do presidente Lula uma solução para liberar a licença que permitirá a exploração de petróleo na margem equatorial, no litoral norte do Brasil. A resposta de Lula não foi divulgada, mas sua intenção todos conhecemos.

Essa intenção não é explorar sem cuidados ou sem critérios rigorosos de segurança ambiental. Ainda assim, as críticas da esquerda são numerosas e precisam ser respondidas com clareza.

A questão ambiental e o aquecimento global são realidades que afetam a todos. Quem não tem recursos sofre ainda mais. É preciso nos situar nesse contexto e observar o discurso dos países ricos, que exigem de nós o que eles mesmos não cumpriram e provavelmente não cumprirão.

São eles que emitem 90% dos gases poluentes, não nós. Nossa tarefa de preservar as florestas tem sido amplamente debatida, com diversas propostas apresentadas. Vale lembrar que cerca de 20 milhões de brasileiros vivem na Amazônia. Se o mundo está preocupado com a floresta, é fundamental reconhecer que são essas pessoas que a preservam e delas vivem. Com apoio eficaz, suas vidas podem ser equilibradas tanto ecológica quanto economicamente.

Essa tem sido a tentativa do Brasil, agora ainda mais urgente diante das políticas ambientais desastrosas de líderes como Donald Trump.

A discussão sobre a exploração na margem equatorial envolve várias questões. Sabemos que, a partir de 2030, o pré-sal começará a declinar, reduzindo nossas reservas. A nova fronteira de exploração pode garantir nosso suprimento de petróleo e ainda permitir exportações para sustentar o superávit comercial, indispensável ao progresso do país.

Quem discute esse tema precisa apresentar alternativas viáveis. É fácil discursar em auditórios climatizados, cercados por todo o conforto moderno — conforto do qual ninguém está disposto a abrir mão. Aviões, satélites, internet, energia elétrica e água encanada são parte da vida contemporânea. Impossível impor mudanças de comportamento aos países desenvolvidos que realmente façam diferença global.

É claro que a mentalidade poluidora e irresponsável de antes está sendo superada, graças ao esforço de ambientalistas e à dura realidade que confronta até os mais cínicos. Mas onde fracassam as políticas ambientais, fracassa também o desenvolvimento, já que ninguém está disposto a abrir mão do conforto atual sem alternativas energéticas viáveis.

Enquanto não há soluções globais para substituir o petróleo de forma sustentável, a disputa por novas frentes de exploração segue intensa. O Brasil continua avançando graças ao seu esforço e investimento.

As propostas de substituição das matrizes energéticas estão em discussão no mundo todo. Algumas conquistas já foram alcançadas, mas a um custo elevado. O petróleo ainda pode sustentar a transição energética no médio prazo. Estamos longe de uma substituição plena.

Até lá, lutar por um mundo livre de petróleo é uma pauta legítima e merece respeito. Contudo, até que isso aconteça — se é que acontecerá —, o petróleo seguirá como a principal fonte de energia global. O Brasil precisa continuar explorando essa fonte para o bem de seu povo, enquanto todos lutam por um mundo menos poluído.

Os países mais poluidores devem fazer sua parte, assumindo a responsabilidade pelos danos que causam, em vez de empurrar o fardo para os mais pobres.

E não podemos aceitar que governos irresponsáveis destruam tudo em nome do lucro e sigam sendo aplaudidos sem constrangimento. Até porque foram eleitos… ou apesar disso.

No fim das contas, a licença solicitada agora seria apenas para verificar se há petróleo e se a exploração é viável.


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