
Quem me acompanha aqui sabe do interesse com que sigo os sinais da economia, as decisões e suas implicações, os desdobramentos e consequências.
Durante os últimos dois anos, o bolsonarista ex-presidente do Banco Central fez de tudo para criar as condições em que sua fala e sua atuação diante da autoridade monetária causassem danos ao país, com a intenção, nunca escondida, de atrapalhar o desempenho econômico do presidente Lula e sua equipe.
Não foram poucos os momentos de embates e disputas, tendo a taxa de juros no centro das discussões, e a maneira rasteira como seu comportamento belicoso e falsamente desinteressado conduziu o final de 2024 para provocar crises, finalmente conseguindo, com o discurso de problemas fiscais e ajuda da insegurança global com as ameaças de Trump .
O saldo de sua atuação são R$ 1 trilhão de serviços da dívida a serem pagos em 2025, e a tal crise fiscal só tem motivo exatamente nos maiores juros do mundo, que pagamos sem nenhuma razão para isso.
Agora, o discurso vai sendo ajustado com a nova diretoria do Bacen, embora, penso, lentamente demais, porque usam a metáfora do transatlântico que não pode ser conduzida aos sobressaltos… depende, porque, se avistar um iceberg, é bom desviar rápido, do jeito que for possível, para evitar o pior.
Estamos à véspera de mais um aumento programado da taxa Selic, em março, dentro do rumo traçado pelo bolsonarista e até agora sendo mantido por uma presidência do Banco Central que parece não ter entendido ainda a urgência e a responsabilidade que carrega.
Seguir acumulando juros não é a resposta para o Brasil.
Acho que eles sabem muito mais do que nós a esse respeito, e estão preparando um pouso suave…
Mas não só as taxas inflacionárias começam a cair, como a atividade econômica também.
Consequência inevitável dos maiores juros do mundo, que anulam qualquer ímpeto de investimento e provocam a maior concentração de renda do mundo, como se já não fôssemos campeões mundiais nessa modalidade.
Não renovo votos de confiança, mas aguardo, preocupado, as decisões futuras do novo Banco Central. Como afirmei no post anterior, se a decisão de março confirmar mais 1% de aumento na Selic, pode estar definindo um ano medíocre de crescimento na economia e a decisão do governo de priorizar 2026.
Não tenho resposta para isso, mas espero que estejam certos.