
Ontem, escrevi mais um post reafirmando minha convicção de que a elevação da taxa Selic em março seria menor que 1%.
Mas o presidente do Banco Central, Galipolo, concedeu uma entrevista onde praticamente cravou esse aumento, deixando sinais de que ainda mais elevações podem estar a caminho.
Não dá para brigar com os fatos. É meu dever tentar acompanhar, com honestidade, aquilo que vejo e leio. Nesse caso, a decisão de Galipolo — e provavelmente de toda a atual diretoria do Banco Central — deve mesmo seguir o rumo já sinalizado na última ata, embora eu tenha tentado encontrar ali sinais de alguma alternativa.
Em minha defesa, reafirmo minha visão: a atividade econômica está desacelerando, o dólar continua em queda, e as promessas de uma safra melhor, com impactos positivos nos custos de produção de alimentos, seguem conforme anunciei.
Contudo, economistas — e aqui incluo o Banco Central — não se convenceram da queda do IPCA em janeiro. Isso porque o índice foi puxado para baixo por uma redução acentuada e sazonal no custo da energia elétrica, enquanto quase todas as demais atividades seguem rodando em níveis considerados elevados. Para eles, a previsão de uma taxa anual de 6% em junho continua sendo a principal aposta.
Ok, não adianta dar murros em pontas de faca ou brigar com os números.
O que nos preocupa agora é a desaceleração da atividade econômica. Tivemos dois meses seguidos de queda no setor de serviços — o mais importante para a composição do PIB. Se fevereiro repetir um número negativo, podemos entrar em recessão técnica no setor, com três meses consecutivos de retração.
Na mesma fala em que reafirma a necessidade de juros mais altos no curto prazo, Galipolo também admite que a atividade econômica começou a ceder, o que seria o efeito desejado para conter a inflação.
Ok, vamos aguardar os números e seguir perseverando na necessidade de rever essa política de juros tão altos, que está comprometendo o crescimento econômico e o futuro do atual governo.
Fazer prognósticos de sacrifícios agora, com a promessa de alívio em 2026, ano eleitoral, é um risco grande. E não deveria ser assim. Vale lembrar que foi o próprio Haddad quem reduziu a meta de inflação de 3,5% para 3%, impondo sacrifícios talvez excessivos.
A ver. Quem sabe os números de fevereiro tragam uma surpresa positiva, e o Copom se veja obrigado a calibrar melhor a Selic?
Eu ainda aposto nisso, apesar das esperanças momentaneamente despedaçadas.
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