Hugo Motta Caçando likes.

O recém-eleito presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, agitou os ânimos na noite de sexta-feira ao conceder declarações, no mínimo, cretinas.

Disse que o vandalismo de 8 de janeiro não foi um ato golpista, defendeu o semipresidencialismo e ainda achou exagerado o período de oito anos de inelegibilidade para os condenados pela Lei da Ficha Limpa.

Um combo digno de Arthur Lira, cuja água certamente bebeu.

Mas, sendo essa a origem da contaminação, pergunto: qual dessas propostas mirabolantes o recém-apeado titular do cargo conseguiu aprovar?

Nenhuma.

Exatamente o mesmo número de sucessos que o atual presidente da Câmara deve conquistar com essas pautas.

Por que insistem nessas propostas afrontosas? A quem servem? Ou melhor, a quem interessam?

A eles mesmos. É puro espetáculo para manter a retórica escandalosa e chamar atenção. Satisfaz a necessidade de sacudir os ânimos: uns no ataque, outros na defesa, e todos cumprindo seus papéis.

Na prática, nada.

Qual o sentido de juntar anistia a golpistas com semipresidencialismo? Primeiro, salva o pescoço dos golpistas; depois, corta fora. Tira a expectativa futura das disputas presidenciais? Anula os puxadores de votos nas eleições federais? E os governos estaduais, como ficariam? Um Executivo federal sem poder, mas com governadores estaduais fortalecidos?

Pior: seria possível eleger um primeiro-ministro com, digamos, 200 mil votos? Quanto tempo duraria um arranjo mambembe desse tipo no Brasil? Nem uma semana.

Ou seja, tudo não passa de show. Uma tentativa de parecerem mais fortes do que realmente são.

Aliás, bem ao estilo Trump, que agora se lança como quem pretende governar o mundo, quando mal e porcamente tenta mandar no país que o elegeu.

O estranho é entrarmos nessas discussões como se essa turma falasse sério.

Nada disso. Eles não podem e não vão impor mudanças desse tipo, simplesmente porque não deixaremos. Ponto final.

E se for o caso, um processo por crime de responsabilidade logo de cara cairia bem para confrontar presidentes de poder que não levam o cargo a sério. Talvez nem cheguemos a isso, mas vale mostrar que não é refresco para ninguém — nem para eles, nem para nós.

Um pouco mais de seriedade deve ser cobrada, para garantir.

Mais massa crítica e menos sustinhos da nossa parte.


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