
Uma consequência do entusiasmo extremista — ou mesmo nazista — verificado durante a diplomação de Trump deveria, e parece ser o caso, levar a maior união entre os democratas ao redor do mundo.
No Brasil, durante a campanha anterior e até os dias atuais, o espantalho do bolsonarismo foi frequentemente usado para relembrar às pessoas e seus representantes o significado das políticas e dos projetos desse agrupamento. Porém, aos poucos, com a ajuda de certos setores da imprensa, a lembrança do desastre bolsonarista está sendo apagada. O espantalho perde força, o judiciário demora nas decisões. A normalização e até a valorização de decisões econômicas que empobrecem países, como o exemplo da Argentina, são exibidas diariamente como modelos de “sucesso”, mesmo diante do crescente desespero do povo vizinho. Isso, em vez de servir como um alerta, tem se tornado um modelo a ser copiado.
Pois bem, deixando de lado o êxtase dos bolsonaristas, a realidade é que a confusão gerada pelas medidas anunciadas por Trump serve apenas para agradar a um público interno tão irracional quanto as próprias decisões anunciadas. Isso, no entanto, tem um alcance muito limitado. Abandonar a questão ambiental e as metas futuras de preservação e cidadania não passará despercebido. Pelo contrário, unirá povos e governos preocupados com esses temas, fortalecendo ainda mais as discussões globais e as ameaças econômicas associadas a essas mudanças.
O atual mandatário insiste que “não precisa de ninguém”, mas nem ele acredita nisso. A retórica segue enquanto negociações acontecem por baixo dos panos, porque é assim que essas administrações se sustentam: baseadas na mentira e no engano.
Pode enganar por algum tempo, mas esse limite será alcançado. Quando isso ocorrer, veremos a oportunidade de unir aqueles que hoje vivem em cima do muro, equilibrando posições conflitantes. Esse equilíbrio tem validade apenas até um certo ponto. Os excessos atuais, porém, podem forçar muitos a uma posição mais definida no futuro.
No Brasil, a tão anunciada polarização também pode ser reconfigurada. Isolar os antidemocratas, os fascistas e os nazistas, embora desafiador, é um trabalho possível e necessário. As escolhas claras entre democracia e autoritarismo beneficiam aqueles que defendem as melhores pautas.
A transição do discurso fascista para o abertamente nazista tem um peso definitivo. E isso abre caminho para uma reação igualmente forte e proporcional.
Essa é a esperança que carrego.