
Nos próximos dias 28 e 29 de janeiro, inauguramos a nova temporada de reuniões do Copom, agora sob nova direção.
Nova? Veremos.
O que sabemos é que a probabilidade de subirem os juros em pelo menos mais 1% é enorme – e isso, no mínimo. Apesar de todos os pesares, é fato que, diante da posse de Trump no dia 20 deste mês e das medidas radicais que ele promete anunciar, somado à posição de fragilidade em que o BC anterior nos deixou, não há como evitar esse aumento agora.
Para o futuro, a história será diferente. Os dados iniciais sobre o desempenho do setor de serviços em novembro mostram uma queda de 0,9% na atividade. Esse recuo reflete o efeito da alta dos juros e a estagnação dos salários, frente à alta de preços dos alimentos. As pessoas sentem no bolso e reduzem seus gastos. Nem mesmo a euforia do fim do ano consegue reverter esse quadro. É verdade que as praias estão lotadas, e os brasileiros saíram de férias mais confiantes do que em anos anteriores, com razões concretas para isso. O esforço em manter o ímpeto diante de desafios forjados é grande, mas é algo que já conhecemos bem.
O problema fiscal não está nos gastos, mas nos juros. O arcabouço fiscal, aprovado em 2023, está sendo rigorosamente cumprido – diferente do que muitas previsões apontavam. Mesmo diante dos fatos, o discurso muda, mas a pressão sobre as despesas fiscais continua. O real problema, porém, é a taxa altíssima de juros, não os investimentos públicos ou as estatais, que apresentaram lucros bilionários. Fechamos 2024 com deficit primário de 0,1% do PIB e déficit bruto de 8% do PIB! Tudo praticamente na conta dos uros.
O ano começou estranho também na questão do Pix. A portaria que provocou tanto alvoroço deveria ser cancelada imediatamente. Retomar essa discussão apenas quando aprovada a prometida isenção de impostos para movimentações de até 5 mil reais faria muito mais sentido e evitaria o desgaste atual.
O novo ministro das Comunicações surge com um discurso correto, mas o problema nunca esteve no diagnóstico, e sim na forma de agir. Comparações com o México, por exemplo, onde a atual presidente responde às provocações de Trump com ironia e sarcasmo – como a sugestão de renomear os EUA para “México das Américas” – mostram que, nesses tempos, o deboche parece ser eficaz. No entanto, é importante encontrar um equilíbrio. Nem ser sisudo e rígido, nem cair no ridículo. É nisso que Lula se destaca, com seu equilíbrio único. Durante o tempo em que esteve afastado, o Brasil acabou enfrentando uma onda de negatividade que agora começa a se dissipar.
Boa sorte ao novo ministro. Há boas notícias para nos manter acreditando. O BC pode ceder agora de início, mas esperamos que o trabalho vá além de apenas aumentar juros.