No rumo de sempre.

O Ano Inicia com o Debate sobre o Caminho do Governo Lula

O ano começou com mais um falso dilema: para qual direção o governo Lula penderá neste terceiro e decisivo ano do mandato? Para a direita, o centro ou a esquerda?

Cenário 1: À Direita

A aposta seria seguir nas mãos do Centrão. O argumento utilizado pelos críticos é que, sem as emendas parlamentares, o governo acabará cedendo ainda mais espaços no Executivo, abrindo novos ministérios ou secretarias para acomodar aliados.

Cenário 2: À Esquerda

A alternativa seria enfrentar o Legislativo com apoio popular direto: povo nas ruas, em manifestações, pressionando o Centrão e exigindo mudanças estruturais.

Cenário 3: Ao Centro

A hipótese mais provável é manter o atual rumo, promovendo reformas dentro dos limites impostos pelo modelo eleitoral brasileiro, que privilegia a reeleição de quem já detém mandatos. Isso vale para políticos de esquerda também.

Inclusive, tem-se falado sobre mudanças na eleição para o Senado, sugerindo limitar o voto a apenas um candidato nas duas vagas para senadores em 2026. A ideia parece interessante, mas aguardemos o debate.

Para Onde Vai o Governo Lula?

Lula sempre se mostrou um social-democrata. Já o PT é mais difícil de qualificar, pois abriga quadros bastante diversos. No entanto, há um movimento claro de aproximação da social-democracia na maior parte do partido.

Por muito tempo, as resistências ao reconhecimento de Lula como um líder equilibrado, democrático e com prioridades sociais eram atribuídas ao preconceito ou à defesa do PSDB, que por anos foi o queridinho da imprensa e dos analistas políticos.

No entanto, a ascensão do bolsonarismo revelou algo diferente: a preferência de muitos setores está no conservadorismo extremo, anti-trabalhista e contrário a qualquer resquício de modernidade. Esses grupos preferem o fascismo explícito a uma social-democracia alinhada ao povo.

O PSDB, que muitos associavam à social-democracia, mostrou, em retrospecto, que sua principal contribuição ao Brasil ficou no Plano Real. E mesmo esse marco só se sustentou pela estabilidade e pelos avanços econômicos promovidos depois nos governos Lula. Sem a visão desenvolvimentista de suas administrações, o plano teria fracassado – um caminho similar ao que se vê na Argentina com as políticas de Milei.

A Demonização do PT e a Persistência de Lula

Muitos analistas ainda situam Lula e o PT na extrema-esquerda, algo que não condiz com a realidade. Esses mesmos analistas sonham com uma “terceira via” que inclui figuras como Tarcísio de Freitas, alinhado ao bolsonarismo, numa clara tentativa de barrar Lula.

Quando dizem que o brasileiro é conservador, referem-se principalmente ao Congresso, cuja composição reflete a realidade de reeleições automáticas, falta de renovação e interesses lobistas. No entanto, a eleição de Lula também mostra um tipo de conservadorismo brasileiro mais voltado à busca de segurança econômica, com viés social-democrata.

A esquerda, no Brasil, muitas vezes apoia Lula pelo voto útil, mesmo que parte desse grupo critique constantemente o candidato e suas decisões.

Conclusão

Mudar para permanecer o mesmo.

Lula e seu governo não estão mudando de direção. Permanecem onde sempre estiveram: promovendo conciliação, enfrentando a direita conservadora (ontem) e agora a direita extremista. A governabilidade no presidencialismo brasileiro exige negociação constante com o Congresso – um Legislativo conservador mais pela dinâmica eleitoral do que pelo perfil ideológico dos eleitores.

O governo atual caminha para consolidar a social-democracia como força dominante no Brasil. Lula vence porque suas propostas atendem às demandas de um grupo majoritário favorecido por suas políticas.

O PT enfrenta mais dificuldades em momentos de prosperidade econômica, quando parte da população tende a esquecer a origem de suas conquistas, com ainda muito a ser recuperado após os governos de Temer e Bolsonaro, Lula continua como favorito para 2026. E, após seu ciclo, a social-democracia poderá encontrar novos nomes para manter-se como força política vitoriosa.


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