U$ 200 bi e vida que segue.

O ex-ministro Guido Mantega — o mais longevo e vitorioso ministro da economia da nossa sofrida história — foi questionado, em entrevista ao 247, sobre como enfrentar a escalada especulativa do dólar. Sua resposta foi intrigante: ele afirmou que não diria como, mas sugeriu que analisássemos as medidas adotadas durante seu período como ministro para combater esse tipo de especulação.

Isso nos leva de volta a 2009. No ano anterior, a bolha imobiliária nos EUA havia estourado, desencadeando uma crise global que resultou na desvalorização de 20% do real naquele período. Curiosamente, a desvalorização atual é de proporção semelhante. É verdade que muitas moedas ao redor do mundo também estão se desvalorizando, mas, no caso do Brasil, a queda é mais acentuada. A meu ver, isso ocorre em parte como uma antecipação ao possível impacto da volta de Donald Trump à presidência dos EUA, com o mercado mundial precificando o cenário de valorização do dólar.

Já discutimos diversas vezes as características únicas do mercado de câmbio brasileiro. Aqui, a moeda apresenta grande volatilidade: sobe exageradamente em determinados momentos, para depois cair na mesma intensidade. Essa dinâmica é um prato cheio para a especulação desenfreada, especialmente no mercado futuro.

Atualmente, sem um Banco Central que enfrente os ataques especulativos, resta-nos aguardar janeiro, quando o BC poderá, esperamos, atuar em coordenação com os Ministérios da Fazenda e da Economia para defender os interesses nacionais e conter a especulação sobre o dólar.

Mantega não detalhou o que fez em 2009, mas enfatizou que tal ação só foi possível graças à atuação conjunta com o Banco Central.

E o que foi que ele fez, afinal?

Em resposta a uma pergunta sobre a modesta oferta de US$ 3 bilhões que o BC fará nesta quinta-feira para tentar conter a especulação, Mantega ironizou e relembrou que, em 2009, para enfrentar um cenário semelhante, a decisão foi destinar US$ 200 bilhões às operações cambiais. Esse movimento foi suficiente para impor prejuízos significativos aos especuladores e estabilizar o real. O resultado? Anos de crescimento econômico sustentado, que marcaram o maior e mais inclusivo período de expansão social e econômica da história do Brasil.

Fica a dica.


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