Ataque especulativo contra o Real.

Robin Brooks, economista-chefe do Goldman Sachs, muito ativo no X (antigo Twitter), reconheceu que o Brasil está enfrentando um ataque especulativo contra sua moeda.

Os motivos apresentados por ele, no entanto, são bastante questionáveis. Brooks atribui o ataque à tentativa do governo de limitar a política monetária do Banco Central, que tem mantido sucessivos aumentos na taxa de juros.

Não pretendo entrar nesse mérito, até porque, por aqui, ninguém tem relacionado o câmbio elevado diretamente a uma suposta interferência do governo na autonomia do Banco Central. Para ser honesto, até gostaria que essa relação fosse verdade — mas, infelizmente, não é.

As avaliações sobre o real desvalorizado são múltiplas: descontrole fiscal, alta inflação, e outros fatores de menor relevância. Porém, o fato central permanece: nem Brooks, nem analistas internos, tampouco especuladores chegam a um consenso sobre as razões para a disparada do dólar. A única unanimidade parece ser o interesse em prolongar o ataque especulativo para maximizar ganhos. Quanto mais variáveis entram no jogo, melhor para eles.

De minha parte, fico satisfeito pelo simples reconhecimento, vindo de um grande banqueiro, da verdadeira natureza do que enfrentamos: um ataque especulativo. O cenário é, de fato, favorável para isso: o atual presidente do Banco Central, prestes a sair, parece inerte diante da especulação criminosa, enquanto seu sucessor ainda não assumiu e tampouco explicitou suas intenções.

Haddad apareceu hoje para tentar tranquilizar o mercado. Segundo ele, a pressão exagerada sobre o câmbio deverá se corrigir em breve. Concordo que Haddad conhece o novo presidente do BC, Gabriel Galípolo, e que o governo tem recursos para frear essa situação quando decidir agir. Esperemos que o momento certo esteja próximo.


Deixe um comentário